Quotidiano de mulheres do seminário nordestino que sofreram abuso sexual no contexto familiar
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFBA |
Texto Completo: | http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/18887 |
Resumo: | O abuso sexual contra crianças e adolescentes é um problema complexo que transgride regras morais e legais. Trata-se de uma vivência traumática que afeta o desenvolvimento emocional e traz implicações que se prolongam por toda a existência. O objeto deste estudo foi a compreensão de vivências cotidianas de abuso sexual intrafamiliar na infância e /ou adolescência de mulheres. Seu objetivo foi compreender o quotidiano de mulheres que vivenciaram o abuso sexual na infância ou adolescência no contexto familiar, defendendo a tese de que compreender o abuso sexual sofrido na infância e/ou adolescência acentua a potência da mulher para transfigurar o seu quotidiano no caminho de ser saudável, considerando que ao expor o vivido de abuso sexual ela intensificará a força necessária para modificar o seu quotidiano. Trata-se de um estudo de natureza metodológica qualitativa, embasado na Sociologia Compreensiva e do Quotidiano, usando noções e pressupostos teóricos e da sensibilidade de Michel Maffesoli; nós a consideramos apropriada para apreender a centralidade subterrânea guardada no quotidiano de quem vivencia experiências traumáticas como o abuso sexual. O campo do estudo foi a cidade de Petrolina, localizada no estado de Pernambuco, tendo como cenário da coleta de dados um Centro de Referência de Atendimento à Mulher em situação de violência. As participantes foram nove mulheres entre 18 e 53 anos. Os dados foram coletados por meio de entrevista não estruturada e agrupados por afinidade, formando as seguintes conjunções: “O vivido silencioso: do oculto à revelação do abuso sexual” e “Imergindo no quotidiano de mulheres abusadas sexualmente na infância ou adolescência”. Os resultados apontaram para a ritualização do abuso sexual no quotidiano familiar, com as formas de resistência, o senso do limite das participantes expresso em sentimentos e diferentes pontos de tolerância e suas redes de interação social. Concluímos que a vivência de abuso sexual rompeu o ritmo natural da vida, afetando a convivência familiar, de forma que as lembranças ficaram armazenadas na memória das participantes, produzindo repercussões que se potencializaram, causando nelas prejuízos emocionais que perduram e se estendem por toda a vida. Elas se mostraram conscientes da interferência da vivência trágica de abuso sexual e buscaram afrontá-la com criatividade para transfigurar o quotidiano, de modo a dar seguimento aos seus projetos de vida, na tentativa de ser saudáveis. O abuso sexual no contexto familiar rompe o imaginário de família como garantia de segurança, compromete as relações familiares e leva ao adoecimento, alertando para a necessidade de um olhar atento para diversos transtornos em mulheres/crianças e adolescentes, considerando que estes podem estar associados a vivências de abuso sexual, suscitando um cuidar transdisciplinar amparado na solidariedade e na razão sensível, com atenção cuidadosa de enfermeiras, da equipe de saúde e de profissionais de redes de apoio social a mulheres, crianças e adolescentes em situação de violência, de forma que a presente construção é útil como referencial teórico a ser explorado na perspectiva transdisciplinar, instrumentalizando também a academia na formação de futuros profissionais. |
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Seu objetivo foi compreender o quotidiano de mulheres que vivenciaram o abuso sexual na infância ou adolescência no contexto familiar, defendendo a tese de que compreender o abuso sexual sofrido na infância e/ou adolescência acentua a potência da mulher para transfigurar o seu quotidiano no caminho de ser saudável, considerando que ao expor o vivido de abuso sexual ela intensificará a força necessária para modificar o seu quotidiano. Trata-se de um estudo de natureza metodológica qualitativa, embasado na Sociologia Compreensiva e do Quotidiano, usando noções e pressupostos teóricos e da sensibilidade de Michel Maffesoli; nós a consideramos apropriada para apreender a centralidade subterrânea guardada no quotidiano de quem vivencia experiências traumáticas como o abuso sexual. O campo do estudo foi a cidade de Petrolina, localizada no estado de Pernambuco, tendo como cenário da coleta de dados um Centro de Referência de Atendimento à Mulher em situação de violência. As participantes foram nove mulheres entre 18 e 53 anos. Os dados foram coletados por meio de entrevista não estruturada e agrupados por afinidade, formando as seguintes conjunções: “O vivido silencioso: do oculto à revelação do abuso sexual” e “Imergindo no quotidiano de mulheres abusadas sexualmente na infância ou adolescência”. Os resultados apontaram para a ritualização do abuso sexual no quotidiano familiar, com as formas de resistência, o senso do limite das participantes expresso em sentimentos e diferentes pontos de tolerância e suas redes de interação social. Concluímos que a vivência de abuso sexual rompeu o ritmo natural da vida, afetando a convivência familiar, de forma que as lembranças ficaram armazenadas na memória das participantes, produzindo repercussões que se potencializaram, causando nelas prejuízos emocionais que perduram e se estendem por toda a vida. Elas se mostraram conscientes da interferência da vivência trágica de abuso sexual e buscaram afrontá-la com criatividade para transfigurar o quotidiano, de modo a dar seguimento aos seus projetos de vida, na tentativa de ser saudáveis. 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