O processo de socialização de crianças e o desenvolvimento moral das mães: estudos sobre expressão de conteúdos e traços estereotípicos de crianças brancas e negras acerca da cor de pele

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Almeida, Saulo Santos Menezes de
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/23885
Resumo: Na literatura sobre o processo de socialização de crianças, há ideias que vão desde uma visão passiva, onde a criança se apresenta como um depositário de produtos externos, até uma visão mais ativa, onde a criança se apresenta atrelada a um processo consciente da realidade. O processo de socialização é um processo de ação e interação da criança com o mundo exterior, durante o qual se formam as estruturas de consciência e no qual a participação em grupos sociais é fundamental, devido a transmissão da cultura, conhecimentos, técnicas, valores, símbolos, representações, normas e papéis sociais apresentados como saberes, crenças, imagens identitárias e modelos de comportamento. Assim, a criança pode assumir uma atitude de pertencente a um determinado grupo, e ao se pensar no negro, a introjeção de crenças e estereótipos transforma-o em um ser estigmatizado, e isto pode levar a criança a carregar estereótipos que influenciam negativamente a autopercepção das pessoas pertencentes a um grupo que foi estereotipado culturalmente, socialmente e historicamente. Desta forma, o presente estudo parte da investigação de como o processo de socialização, através de agentes socializadores (neste caso, a mãe e os pares) influenciam a reprodução e/ou reflexão de traços e conteúdos estereotípicos na criança frente a outra criança em razão de sua cor de pele (brancas ou negras). Fundamentados nos estudos acerca do processo de socialização, dos estereótipos, da identidade social e do desenvolvimento cognitivo e moral, a investigação a ser apresentada busca analisar o processo de socialização através do desenvolvimento moral das mães e sua relação com os traços e conteúdos estereotípicos apresentados pela criança acerca da cor de pele de crianças brancas e negras. É um estudo de caráter descritivo e exploratório, cuja amostra foi composta de forma aleatória por conveniência. No primeiro estudo, foram selecionadas 200 crianças, sendo 125 crianças classificadas pelos juízes como negras e 75 brancas, com faixa etária entre 8 a 11 anos de idade (x=10; s= 1,41). Destas 200 crianças, 100 crianças foram do Estado de Sergipe (32 brancas e 68 negras) e 100 crianças do Estado da Bahia (42 brancas e 58 negras). Elas foram solicitadas a se classificarem quanto a cor de sua pele e também a exporem seus pensamentos com o uso de traços e conteúdos estereotípicos relacionados à atratividade física, capacidade cognitiva, comportamento normativo e nível socioeconômico, e qual a sua preferência de cor de pele de uma outra criança (uma criança negra e outra branca, apresentadas em fotos) quando há a possibilidade de um contato direto ou proximidade. No segundo estudo acerca do processo de socialização, conteúdos e traços estereotípicos da criança e o desenvolvimento moral das mães, os participantes foram constituídos por 30 mães de crianças negras participantes do estudo, e todas residentes na Bahia. Os instrumentos utilizados para alcançar os objetivos foram um questionário sociodemográfico, o DIT – Questionário de Opiniões Sociais, que é uma medida objetiva de avaliação do julgamento moral segundo a teoria de Kohlberg, e a ERM – Escala de Racismo Moderno desenvolvida por McConahay (1986) e adaptada por Santos, Gouveia, Navas, Pimentel e Gusmão (2006) ao contexto brasileiro, que tem como objetivo mensurar atitudes a respeito do racismo mais velado. A partir dos resultados encontrados, a criança branca apresenta um menor espectro de cores em comparação com a criança negra. No entanto, partindo para a identificação das diferenças na 8 atribuição de traços estereotípicos acerca da cor de pele entre crianças brancas e negras, ao levar em consideração o total de respostas da criança brancas e negras participantes da pesquisa, os itens da escala de categorização da cor de pele não apresentaram tendências a distinguirem significativamente a criança brancas e negras apresentadas em fotos, com exceção das características de atratividade física e nível socioeconômico, onde, de forma notória, a criança negras da Bahia mostram-se mais adeptas a associar os traços “bonito” e “rico” mais do que o esperado. Não foram encontradas diferenças significativas entre as atribuições dirigidas para as crianças negras e brancas acerca dos atributos. Da mesma forma, a criança não tendeu a escolher com mais frequência a palavra “comportada” para se referir à fotografia da criança branca, nem tenderam a escolher com mais frequência a palavra “bom (boa) ” para se referir à fotografia da criança branca mais do que para a fotografia da criança negra. Em termos de contato e proximidade, a criança também não apresentou uma tendência a escolher com mais frequência a criança branca para manter um contato, seja como irmão ou como amigo, nem para escolher com mais frequência a criança branca para manter uma proximidade, seja em termos de partilha de um doce, seja para realizar um trabalho em dupla. Em termos gerais, configura-se uma realidade em que não se mostram resultados que revelem uma diferença significativa entre brancos e negros na associação de traços e conteúdos a alvos brancos ou negros, quando a criança não é forçada a escolher entre um alvo branco ou negro. Isto traz à tona a sustentação de que a criança, mesmo que socializadas em um contexto social onde a cor de pele negra possa ser alvo de estereótipos negativos, apresentam crenças que coadunam com a realidade objetiva, não configurando traços estereotípicos negativos aos negros quando estes devem ser associados a aspectos internos ao sujeito. As diferenças de estágio de desenvolvimento moral das mães também não se mostraram diretamente relacionadas com as escolhas e preferências de características e/ou estereótipos da criança, ainda que as mães demonstrem um nível convencional de desenvolvimento moral e um racismo moderno, não confirmando a hipótese de que quanto maior o nível de desenvolvimento moral das mães, menor será a atribuição das características “feio”, “burro”, “não-estudioso”, “briguento”, “malvado” ou “pobre” aos alvos negros apresentados em fotos. Pode-se salientar a possibilidade de a mãe não ser o personagem a se destacar quando se trata do controle dos traços e conteúdos estereotípicos apresentados pela criança. Os pares e outros ambientes socializadores, aliados a um processo autônomo de reflexão das crenças compartilhadas socialmente feito pela criança, parece ser importante para a expressão de traços e conteúdos estereotípicos frente a alvos de diferentes grupos. O processo de socialização não se torna imperativo em termos de crenças, estereótipos ou comportamento moral, mas provoca contextos onde a criança se coloca como um sujeito capaz de intervir e repensar as situações expostas.
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Assim, a criança pode assumir uma atitude de pertencente a um determinado grupo, e ao se pensar no negro, a introjeção de crenças e estereótipos transforma-o em um ser estigmatizado, e isto pode levar a criança a carregar estereótipos que influenciam negativamente a autopercepção das pessoas pertencentes a um grupo que foi estereotipado culturalmente, socialmente e historicamente. Desta forma, o presente estudo parte da investigação de como o processo de socialização, através de agentes socializadores (neste caso, a mãe e os pares) influenciam a reprodução e/ou reflexão de traços e conteúdos estereotípicos na criança frente a outra criança em razão de sua cor de pele (brancas ou negras). Fundamentados nos estudos acerca do processo de socialização, dos estereótipos, da identidade social e do desenvolvimento cognitivo e moral, a investigação a ser apresentada busca analisar o processo de socialização através do desenvolvimento moral das mães e sua relação com os traços e conteúdos estereotípicos apresentados pela criança acerca da cor de pele de crianças brancas e negras. É um estudo de caráter descritivo e exploratório, cuja amostra foi composta de forma aleatória por conveniência. No primeiro estudo, foram selecionadas 200 crianças, sendo 125 crianças classificadas pelos juízes como negras e 75 brancas, com faixa etária entre 8 a 11 anos de idade (x=10; s= 1,41). Destas 200 crianças, 100 crianças foram do Estado de Sergipe (32 brancas e 68 negras) e 100 crianças do Estado da Bahia (42 brancas e 58 negras). 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Os instrumentos utilizados para alcançar os objetivos foram um questionário sociodemográfico, o DIT – Questionário de Opiniões Sociais, que é uma medida objetiva de avaliação do julgamento moral segundo a teoria de Kohlberg, e a ERM – Escala de Racismo Moderno desenvolvida por McConahay (1986) e adaptada por Santos, Gouveia, Navas, Pimentel e Gusmão (2006) ao contexto brasileiro, que tem como objetivo mensurar atitudes a respeito do racismo mais velado. A partir dos resultados encontrados, a criança branca apresenta um menor espectro de cores em comparação com a criança negra. No entanto, partindo para a identificação das diferenças na 8 atribuição de traços estereotípicos acerca da cor de pele entre crianças brancas e negras, ao levar em consideração o total de respostas da criança brancas e negras participantes da pesquisa, os itens da escala de categorização da cor de pele não apresentaram tendências a distinguirem significativamente a criança brancas e negras apresentadas em fotos, com exceção das características de atratividade física e nível socioeconômico, onde, de forma notória, a criança negras da Bahia mostram-se mais adeptas a associar os traços “bonito” e “rico” mais do que o esperado. Não foram encontradas diferenças significativas entre as atribuições dirigidas para as crianças negras e brancas acerca dos atributos. 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Isto traz à tona a sustentação de que a criança, mesmo que socializadas em um contexto social onde a cor de pele negra possa ser alvo de estereótipos negativos, apresentam crenças que coadunam com a realidade objetiva, não configurando traços estereotípicos negativos aos negros quando estes devem ser associados a aspectos internos ao sujeito. As diferenças de estágio de desenvolvimento moral das mães também não se mostraram diretamente relacionadas com as escolhas e preferências de características e/ou estereótipos da criança, ainda que as mães demonstrem um nível convencional de desenvolvimento moral e um racismo moderno, não confirmando a hipótese de que quanto maior o nível de desenvolvimento moral das mães, menor será a atribuição das características “feio”, “burro”, “não-estudioso”, “briguento”, “malvado” ou “pobre” aos alvos negros apresentados em fotos. Pode-se salientar a possibilidade de a mãe não ser o personagem a se destacar quando se trata do controle dos traços e conteúdos estereotípicos apresentados pela criança. Os pares e outros ambientes socializadores, aliados a um processo autônomo de reflexão das crenças compartilhadas socialmente feito pela criança, parece ser importante para a expressão de traços e conteúdos estereotípicos frente a alvos de diferentes grupos. O processo de socialização não se torna imperativo em termos de crenças, estereótipos ou comportamento moral, mas provoca contextos onde a criança se coloca como um sujeito capaz de intervir e repensar as situações expostas.In the literature on the children's socialization process, there are ideas ranging from a passive view, where the child is presented as a keeper of external products, to a more active vision, where the child appears linked to a conscious process of reality. The socialization process is a process of action and interaction of children with the outside world, during which form the structures of consciousness and in which participation in social groups is critical, because the transmission of culture, knowledge, skills, values, symbols, representations, norms and social roles presented as knowledge, beliefs, identity images and role models. Thus, the child can take an attitude of belonging to a particular group, and to think in black, the internalization of beliefs and stereotypes turns it into a being stigmatized, and this can lead children to carry stereotypes that negatively influence the perception of persons belonging to a group that was stereotyped culturally, socially and historically. Thus, studies have left the investigation of how the process of socialization through socializing agents (in this case, the mother and peers) influence the reproduction and / or reflection traits and stereotypical content in children against other children because of their skin color (white or black). Based on about studies of the process of socialization, stereotypes, social identity and cognitive and moral development, studies to be presented had the objective of analyzing the process of socialization through the moral development of mothers and their relationship with the features and content stereotypic presented by the children about the skin color of white and black children. It is a descriptive and exploratory study, whose sample was composed of randomly for convenience. In the first study, 200 children were selected, and 125 children classified by the judges as black and 75 white, aged between eight to 11 years old (x = 10; s = 1.41). Of these 200 children, 100 children were in the state of Sergipe (32 white and 68 black) and 100 children of the State of Bahia (42 white and 58 black). They were asked to rank as the color of his skin and also expose their thoughts with the use of traits and stereotypical content related to physical attractiveness, cognitive ability, normative behavior and socioeconomic status, and what their skin color preference another child (a black child and a white, presented in pictures) when there is the possibility of a direct or close contact. In the second study of the socialization process, content and features stereotypical children and moral development of mothers, participants consisted of 30 mothers of black children in the study, and all residents in Bahia. The instruments used to achieve the objectives were a sociodemographic questionnaire, the DIT - Questionnaire Social opinions, which is an objective measure of assessment of moral judgment on the theory of Kohlberg, and ERM - Modern Racism Scale developed by McConahay (1986) and adapted by Santos, Gouveia, Navas, Pimentel and Gusmão (2006) to the Brazilian context, which aims to measure attitudes about the most veiled racism. From the results found and objectives of these studies, white children had a lower spectrum of color compared to black children. However, starting to identify the differences in the attribution of stereotypical traits about the skin color between black and white children, to take into account the total responses of white and black children participants, the items in the categorization of the color scale skin showed no trends to significantly distinguish white and black children presented in photos, with the 10 exception of physical attractiveness characteristics and socioeconomic level, where, notably, the black children of Bahia show is more adept to associate the features "beautiful "and" rich "more than expected. Children not tended to choose more often the word "smart" to refer to white photograph of the child rather than to the black child photography, or tended to choose more often the word "scholar (a)" to refer white photograph of the child to more than for the black child photography. Similarly, children not tended to choose more often the word "behaved" to refer to white photograph of the child, or tended to choose more often the word "good (good)" to refer to white photograph of the child more than for black children photography. In terms of contact and proximity, the children did not show a tendency to choose more often the white child to maintain contact, either as a brother or friend, or to choose more often the white child to maintain a close, either terms of sharing a sweet, is to carry out work in pairs. In general terms, it sets up a reality that does not show results that show a significant difference between whites and blacks in the pool of features and content to white or black targets when children are not forced to choose between a white target or black . This brings up the support that children, even socialized in a social context where black skin color can be the target of negative stereotypes, have beliefs that are in line with objective reality, not setting negative stereotypical traits to blacks when they should It is associated with internal aspects of the subject. The moral development stage differences mothers are generally not directly related to the choices and preferences of characteristics and / or stereotypes of children, even if mothers show a conventional level of moral development and a modern racism, not confirming the hypothesis that the higher the level of moral development of mothers, the lower the allocation of characteristics "ugly," "stupid," "non-scholar," "quarrelsome", "bad" or "poor" blacks targets presented in pictures. One can point out the possibility that the mother would not be the character to stand out when it comes to control the traits and stereotypical content that child. The pairs and other socializing environments, combined with a self reflection process of socially shared beliefs made by children, appears to be important for the expression of traits and stereotypical content against targets different groups. The socialization process does not become imperative in terms of beliefs, stereotypes or moral behavior, but causes contexts where the child is placed as a subject capable of intervening and rethink exposed situations.Submitted by Saulo Almeida (saulosma@hotmail.com) on 2016-08-30T20:01:36Z No. of bitstreams: 1 tese_defesa.pdf: 2335865 bytes, checksum: b35898104ef9f278e245de2f5f292455 (MD5)Approved for entry into archive by Hozana Azevedo (hazevedo@ufba.br) on 2017-08-08T13:30:26Z (GMT) No. of bitstreams: 1 tese_defesa.pdf: 2335865 bytes, checksum: b35898104ef9f278e245de2f5f292455 (MD5)Made available in DSpace on 2017-08-08T13:30:26Z (GMT). No. of bitstreams: 1 tese_defesa.pdf: 2335865 bytes, checksum: b35898104ef9f278e245de2f5f292455 (MD5)Psicologia SocialPsicologia do Desenvolvimento HumanoCrianças.Estereótipos.Desenvolvimento moral.Processo de socialização.O processo de socialização de crianças e o desenvolvimento moral das mães: estudos sobre expressão de conteúdos e traços estereotípicos de crianças brancas e negras acerca da cor de peleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisFaculdade de Filosofia e Ciências HumanasPrograma de Pós-Graduação em PsicologiaUFBABrasilinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFBAinstname:Universidade Federal da Bahia (UFBA)instacron:UFBAORIGINALtese_defesa.pdftese_defesa.pdfapplication/pdf2335865https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/23885/1/tese_defesa.pdfb35898104ef9f278e245de2f5f292455MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain1345https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/23885/2/license.txtff6eaa8b858ea317fded99f125f5fcd0MD52TEXTtese_defesa.pdf.txttese_defesa.pdf.txtExtracted texttext/plain349786https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/23885/3/tese_defesa.pdf.txt77a5934a2565b2d94f9a30109b9e9c55MD53ri/238852022-03-23 20:31:52.094oai:repositorio.ufba.br:ri/23885VGVybW8gZGUgTGljZW7vv71hLCBu77+9byBleGNsdXNpdm8sIHBhcmEgbyBkZXDvv71zaXRvIG5vIFJlcG9zaXTvv71yaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRkJBLgoKIFBlbG8gcHJvY2Vzc28gZGUgc3VibWlzc++/vW8gZGUgZG9jdW1lbnRvcywgbyBhdXRvciBvdSBzZXUgcmVwcmVzZW50YW50ZSBsZWdhbCwgYW8gYWNlaXRhciAKZXNzZSB0ZXJtbyBkZSBsaWNlbu+/vWEsIGNvbmNlZGUgYW8gUmVwb3NpdO+/vXJpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRhIEJhaGlhIApvIGRpcmVpdG8gZGUgbWFudGVyIHVtYSBj77+9cGlhIGVtIHNldSByZXBvc2l077+9cmlvIGNvbSBhIGZpbmFsaWRhZGUsIHByaW1laXJhLCBkZSBwcmVzZXJ2Ye+/ve+/vW8uIApFc3NlcyB0ZXJtb3MsIG7vv71vIGV4Y2x1c2l2b3MsIG1hbnTvv71tIG9zIGRpcmVpdG9zIGRlIGF1dG9yL2NvcHlyaWdodCwgbWFzIGVudGVuZGUgbyBkb2N1bWVudG8gCmNvbW8gcGFydGUgZG8gYWNlcnZvIGludGVsZWN0dWFsIGRlc3NhIFVuaXZlcnNpZGFkZS4KCiBQYXJhIG9zIGRvY3VtZW50b3MgcHVibGljYWRvcyBjb20gcmVwYXNzZSBkZSBkaXJlaXRvcyBkZSBkaXN0cmlidWnvv73vv71vLCBlc3NlIHRlcm1vIGRlIGxpY2Vu77+9YSAKZW50ZW5kZSBxdWU6CgogTWFudGVuZG8gb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMsIHJlcGFzc2Fkb3MgYSB0ZXJjZWlyb3MsIGVtIGNhc28gZGUgcHVibGljYe+/ve+/vWVzLCBvIHJlcG9zaXTvv71yaW8KcG9kZSByZXN0cmluZ2lyIG8gYWNlc3NvIGFvIHRleHRvIGludGVncmFsLCBtYXMgbGliZXJhIGFzIGluZm9ybWHvv73vv71lcyBzb2JyZSBvIGRvY3VtZW50bwooTWV0YWRhZG9zIGVzY3JpdGl2b3MpLgoKIERlc3RhIGZvcm1hLCBhdGVuZGVuZG8gYW9zIGFuc2Vpb3MgZGVzc2EgdW5pdmVyc2lkYWRlIGVtIG1hbnRlciBzdWEgcHJvZHXvv73vv71vIGNpZW5077+9ZmljYSBjb20gCmFzIHJlc3Ryae+/ve+/vWVzIGltcG9zdGFzIHBlbG9zIGVkaXRvcmVzIGRlIHBlcmnvv71kaWNvcy4KCiBQYXJhIGFzIHB1YmxpY2Hvv73vv71lcyBzZW0gaW5pY2lhdGl2YXMgcXVlIHNlZ3VlbSBhIHBvbO+/vXRpY2EgZGUgQWNlc3NvIEFiZXJ0bywgb3MgZGVw77+9c2l0b3MgCmNvbXB1bHPvv71yaW9zIG5lc3NlIHJlcG9zaXTvv71yaW8gbWFudO+/vW0gb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMsIG1hcyBtYW5077+9bSBhY2Vzc28gaXJyZXN0cml0byAKYW8gbWV0YWRhZG9zIGUgdGV4dG8gY29tcGxldG8uIEFzc2ltLCBhIGFjZWl0Ye+/ve+/vW8gZGVzc2UgdGVybW8gbu+/vW8gbmVjZXNzaXRhIGRlIGNvbnNlbnRpbWVudG8KIHBvciBwYXJ0ZSBkZSBhdXRvcmVzL2RldGVudG9yZXMgZG9zIGRpcmVpdG9zLCBwb3IgZXN0YXJlbSBlbSBpbmljaWF0aXZhcyBkZSBhY2Vzc28gYWJlcnRvLgo=Repositório InstitucionalPUBhttp://192.188.11.11:8080/oai/requestopendoar:19322022-03-23T23:31:52Repositório Institucional da UFBA - Universidade Federal da Bahia (UFBA)false
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Elas foram solicitadas a se classificarem quanto a cor de sua pele e também a exporem seus pensamentos com o uso de traços e conteúdos estereotípicos relacionados à atratividade física, capacidade cognitiva, comportamento normativo e nível socioeconômico, e qual a sua preferência de cor de pele de uma outra criança (uma criança negra e outra branca, apresentadas em fotos) quando há a possibilidade de um contato direto ou proximidade. No segundo estudo acerca do processo de socialização, conteúdos e traços estereotípicos da criança e o desenvolvimento moral das mães, os participantes foram constituídos por 30 mães de crianças negras participantes do estudo, e todas residentes na Bahia. Os instrumentos utilizados para alcançar os objetivos foram um questionário sociodemográfico, o DIT – Questionário de Opiniões Sociais, que é uma medida objetiva de avaliação do julgamento moral segundo a teoria de Kohlberg, e a ERM – Escala de Racismo Moderno desenvolvida por McConahay (1986) e adaptada por Santos, Gouveia, Navas, Pimentel e Gusmão (2006) ao contexto brasileiro, que tem como objetivo mensurar atitudes a respeito do racismo mais velado. A partir dos resultados encontrados, a criança branca apresenta um menor espectro de cores em comparação com a criança negra. No entanto, partindo para a identificação das diferenças na 8 atribuição de traços estereotípicos acerca da cor de pele entre crianças brancas e negras, ao levar em consideração o total de respostas da criança brancas e negras participantes da pesquisa, os itens da escala de categorização da cor de pele não apresentaram tendências a distinguirem significativamente a criança brancas e negras apresentadas em fotos, com exceção das características de atratividade física e nível socioeconômico, onde, de forma notória, a criança negras da Bahia mostram-se mais adeptas a associar os traços “bonito” e “rico” mais do que o esperado. Não foram encontradas diferenças significativas entre as atribuições dirigidas para as crianças negras e brancas acerca dos atributos. Da mesma forma, a criança não tendeu a escolher com mais frequência a palavra “comportada” para se referir à fotografia da criança branca, nem tenderam a escolher com mais frequência a palavra “bom (boa) ” para se referir à fotografia da criança branca mais do que para a fotografia da criança negra. Em termos de contato e proximidade, a criança também não apresentou uma tendência a escolher com mais frequência a criança branca para manter um contato, seja como irmão ou como amigo, nem para escolher com mais frequência a criança branca para manter uma proximidade, seja em termos de partilha de um doce, seja para realizar um trabalho em dupla. Em termos gerais, configura-se uma realidade em que não se mostram resultados que revelem uma diferença significativa entre brancos e negros na associação de traços e conteúdos a alvos brancos ou negros, quando a criança não é forçada a escolher entre um alvo branco ou negro. Isto traz à tona a sustentação de que a criança, mesmo que socializadas em um contexto social onde a cor de pele negra possa ser alvo de estereótipos negativos, apresentam crenças que coadunam com a realidade objetiva, não configurando traços estereotípicos negativos aos negros quando estes devem ser associados a aspectos internos ao sujeito. As diferenças de estágio de desenvolvimento moral das mães também não se mostraram diretamente relacionadas com as escolhas e preferências de características e/ou estereótipos da criança, ainda que as mães demonstrem um nível convencional de desenvolvimento moral e um racismo moderno, não confirmando a hipótese de que quanto maior o nível de desenvolvimento moral das mães, menor será a atribuição das características “feio”, “burro”, “não-estudioso”, “briguento”, “malvado” ou “pobre” aos alvos negros apresentados em fotos. Pode-se salientar a possibilidade de a mãe não ser o personagem a se destacar quando se trata do controle dos traços e conteúdos estereotípicos apresentados pela criança. Os pares e outros ambientes socializadores, aliados a um processo autônomo de reflexão das crenças compartilhadas socialmente feito pela criança, parece ser importante para a expressão de traços e conteúdos estereotípicos frente a alvos de diferentes grupos. O processo de socialização não se torna imperativo em termos de crenças, estereótipos ou comportamento moral, mas provoca contextos onde a criança se coloca como um sujeito capaz de intervir e repensar as situações expostas.
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