“Curas maravilhosas”: curadores itinerantes no Brasil Republicano (1898- 1905)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rocha, Rafael Rosa da
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/33193
Resumo: Nesta tese abordamos a relação entre o sobrenatural e a ciência no contexto republicano, a partir de lances da trajetória de três curadores brancos e letrados que curavam a partir da imposição das mãos, a saber: Eduardo Silva, Faustino Ribeiro Júnior e Domingos Ruggiano. Para tanto, discutimos as estratégias de divulgação de seus poderes curativos e as distinções que eles tentavam fazer de sua prática em relação à medicina alopática, já que atraiam gente dos mais diversos grupos dos locais por onde passavam. Buscamos entender como o sobrenatural foi utilizado ora para interpretar a prática curativa como "maravilhosa", ora utilizada para desqualificar os praticantes de artes curativas de origem africana qualificando-as como "supersticiosas". Destacamos, a partir da popularização da prática dos curadores, as tensões em torno da liberdade profissional, questão sensível durante o período estudado, tentando entender em que direção caminhava o pensamento médico e jurídico em relação ao tema. Analisamos ainda a forma como médicos e políticos entendiam a atuação dos curadores, dizendo que eles curavam a partir dessa ou daquela influência, colocando em perspectiva a noção de “sugestão” utilizada com maior frequência pelos doutores para enquadrá-los no exercício ilegal da medicina. Finalmente, ponderamos sobre a itinerância de Faustino Ribeiro pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Pará, o que permite entender como diferentes instituições de diferentes lugares lidaram com o curador e sua prática curativa e as estratégias que ele utilizou para lidar com essa realidade. A partir desse conjunto elementos, buscamos compreender o porquê de tamanha adesão ao processo curativo dos curadores no contexto em que a medicina passava por significativos avanços na maneira com compreendia as enfermidades e na forma de lidava com os enfermos.
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Buscamos entender como o sobrenatural foi utilizado ora para interpretar a prática curativa como "maravilhosa", ora utilizada para desqualificar os praticantes de artes curativas de origem africana qualificando-as como "supersticiosas". Destacamos, a partir da popularização da prática dos curadores, as tensões em torno da liberdade profissional, questão sensível durante o período estudado, tentando entender em que direção caminhava o pensamento médico e jurídico em relação ao tema. Analisamos ainda a forma como médicos e políticos entendiam a atuação dos curadores, dizendo que eles curavam a partir dessa ou daquela influência, colocando em perspectiva a noção de “sugestão” utilizada com maior frequência pelos doutores para enquadrá-los no exercício ilegal da medicina. Finalmente, ponderamos sobre a itinerância de Faustino Ribeiro pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Pará, o que permite entender como diferentes instituições de diferentes lugares lidaram com o curador e sua prática curativa e as estratégias que ele utilizou para lidar com essa realidade. A partir desse conjunto elementos, buscamos compreender o porquê de tamanha adesão ao processo curativo dos curadores no contexto em que a medicina passava por significativos avanços na maneira com compreendia as enfermidades e na forma de lidava com os enfermos.In this thesis, we approach the relationship between the supernatural and science in the republican context, based on the trajectory of three white and literate healers who cured from the imposition of hands, namely: Eduardo Silva, Faustino Ribeiro Júnior and Domingos Ruggiano. We discuss the disclosure strategies of their curative powers and the distinctions they tried to build between curative practice they practiced from the allopathic doctors, since they attracted people from the most diverse groups of the places they passed by. We seek to understand how the supernatural was sometimes used to interpret healing practice as "wonderful," sometimes used to disqualify practitioners of African-origin healing arts as "superstitious". We highlight, based on the popularization of the practice of curators, the tensions surrounding professional freedom, a sensitive issue during the period studied, trying to understand in which direction medical and legal thinking were heading in relation to the theme. We analyze as well the way doctors and politicians understood the healers' acts, saying they cured with this or that influence, putting in evidence the notion of "suggestion" frequently used by doctors to accuse them of illegal medicine exercise. Finally, we reflect about the movements of Faustino Ribeiro, through the states of São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco and Pará, what allow us to understand how different institutions of different places dealt with the healer and his healing practice and the strategies he used to deal with that reality. From this set of elements, we seek to understand why there was such adherence to the healing process of curators in the context in which medicine underwent significant advances in the way it understood the diseases and the way they dealt with the sick.Submitted by PPGH null (poshisto@ufba.br) on 2021-03-17T15:11:29Z No. of bitstreams: 1 ROCHA, Rafael Rosa da. 2020. “Curas maravilhosas”_ curadores itinerantes no Brasil republicano (1898-1905).pdf: 8207987 bytes, checksum: b5e82055a4e68b9a43f85bf6ba9032b1 (MD5)Approved for entry into archive by Isaac Viana da Cunha Araújo (isaac.cunha@ufba.br) on 2021-04-01T20:38:12Z (GMT) No. of bitstreams: 1 ROCHA, Rafael Rosa da. 2020. “Curas maravilhosas”_ curadores itinerantes no Brasil republicano (1898-1905).pdf: 8207987 bytes, checksum: b5e82055a4e68b9a43f85bf6ba9032b1 (MD5)Made available in DSpace on 2021-04-01T20:38:12Z (GMT). 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