A sedimentação no Baixo da Boca do Rio, Salvador, Bahia

• Autor(a) principal: Pereira, Pedro Moreira Santos
• Data de Publicação: 2017
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
• Texto Completo: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/24836
• topic: Geologia Marinha, Costeira e Sedimentar; Plataforma Continental; Município de Salvador; Sedimentos Marinhos; Perfilador de Subfundo; Geoquímica de sedimentos

Sedimentos finos se acumulam em plataformas continentais sob uma variedade de condições ambientais específicas, resultando na formação de depocentros. Em situações de nível de mar alto, onde plataformas continentais estão inundadas, depocentros lamosos concentram a maior parte dos sedimentos finos oriundos do continente que não foram depositados em planícies deltaicas ou agregados à linha de costa. Desta forma, depocentros lamosos possuem um papel importante na disponibilização de materiais sedimentares em margens oceânicas durante os períodos interglaciais. Dados disponíveis sobre a distribuição de sedimentos superficiais na Plataforma Continental de Salvador, mostram que os sedimentos finos se concentram preferencialmente em um depocentro lamoso localizado numa feição batimétrica denominada de Baixo da Boca do Rio. Este baixo topográfico aparentemente condiciona uma transição brusca entre a fração areia e lama na plataforma continental de Salvador, evidenciando um possível controle batimétrico para a sedimentação na área de estudo. Compreendendo uma porção significativa da PCS, o BBR se encontra atualmente sob influência direta de dois Sistemas de Disposição Oceânica de Esgotos Sanitários (SDO), o SDO Boca do Rio e o SDO Rio Vermelho. Compreender os aspectos da sedimentação do BBR é extremamente importante para a sua gestão. Dados obtidos através da revisão bibliográfica e dados adicionais coletados sob supervisão do Professor Dr. José Maria Landim Dominguez nos últimos 11 anos, foram selecionados (67 amostras de sedimentos superficial de fundo coletados na área de estudo e adjacências, 14 filmagens subaquáticas obtidas através de mergulho autônomo, 96km de perfis sísmicos obtidos com um perfilador de subsuperfície). A análise dos dados obtidos no levantamento sísmico permitiu a elaboração de mapas da Batimetria (m), do Backscatter superficial (nível de reflexão do sinal acústico) e de espessura sedimentar mínima (m) da área de estudo. A interpretação dos perfis permitiu identificar inicialmente cinco Eco-tipos, os quais foram integrados ao tipo de sedimento superficial de fundo, estes cinco Eco-tipos já haviam sido identificados anteriormente para a área de estudo, porém, não foram descritos em sua totalidade. Os dados batimétricos apresentam-se de forma bastante semelhante à descrita em trabalhos anteriores, reentrância das isóbatas de 45, 50 e 55 metros em frente ao bairro da Boca do Rio. A plataforma externa é separada da plataforma interna por uma transição rápida entre as isóbatas de 25 e 30 m, o que, nas porções nordeste e sudeste, coincide com o limite superficial do embasamento cristalino, definidos aqui como afloramentos rochosos irregulares de alta e baixa rugosidade. Os valores de Backscatter superficial obtidos variaram entre -46 e -92, sendo os mais altos associados a sedimentos areno-lamosos, enquanto que os mais baixos relacionam-se com sedimentos cascalhosos e substratos consolidados, localizados próximo à linha de costa e no entorno do BBR. A espessura sedimentar mínima dos sedimentos que preenchem o BBR evidenciam acumulações sedimentares não significantes, sendo a espessura sedimentar média encontrada da ordem de 5 metros. Maiores espessuras foram estimadas nas regiões próximas à linha de costa com valores máximos de 25 metros, corroborando com dados publicados por Nascimento (2008), que mostram que o topo do embasamento, nas drenagens que deságuam na linha de costa adjacente à área de estudo, situa-se em profundidade de até 35 m abaixo do nível do mar atual. Observa-se também que a isópaca de 2 metros tende a acompanhar o eixo da reentrância batimétrica, partindo da linha de costa em direção ao centro do BBR, evidenciando um possível controle estrutural para a deposição destes sedimentos.