Violência sexual infantojuvenil: percepções de profissionais de saúde

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Conceição, Marimeire Morais da
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/34895
Resumo: A violência sexual contra crianças e adolescentes é um problema de saúde pública, que pode provocar danos físicos, emocionais, psicológicos e sociais irreversíveis às vítimas e seus familiares, refletindo em toda a sociedade. O atendimento hospitalar à essas vítimas e familiares causam diversos sentimentos aos profissionais de saúde, que podem influenciar na qualidade do atendimento prestado. Descrever as percepções de profissionais de saúde sobre a violência sexual infantojuvenil. Trata-se de um estudo qualitativo, exploratório realizado mediante o uso de entrevistas semiestruturadas, entre junho e julho de 2019, com 30 mulheres, profissionais da equipe de saúde atuantes há mais de um ano em um hospital público da Bahia. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob o parecer nº 3.383.906. As participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, as entrevistas foram gravadas, transcritas, analisadas por meio da técnica de análise de conteúdo. Da análise das entrevistas emergiram quatro categorias: 1) Percepções sobre reações manifestadas por crianças, adolescentes, familiares e membros da equipe multiprofissional: sentimentos, comportamentos e atitudes das vítimas, familiares e profissionais sugerem que a violação sexual infantojuvenil choca a todos, gerando: abalo emocional, revolta/indignação e medos que resultam em sofrimento, silêncio, empatia e envolvimento nos cuidados; 2) Percepções sobre a realidade social de crianças e adolescentes que sofreram violência sexual: as vítimas atendidas tinham idade entre 0 e 17 anos, a maioria eram meninas, negras. As adolescentes eram pouco desenvolvidas física e emocionalmente. As crianças tinham mães ausentes de seus lares ou eram filhas de adolescentes. A maioria das vítimas pertencia famílias com dinâmicas disfuncionais, sendo algumas submetidas a situações de negligência e abandono; 3) Percepções sobre o quadro clínico de crianças e adolescentes vitimizadas sexualmente: as vítimas infanto-juvenis apresentavam lesões físicas graves e distúrbios psíquicos, outras não apresentavam sinais de violência, sendo que algumas delas foram à óbito em decorrência dos abusos sofridos. Tiveram iniciação sexual com homens adultos e/ou vivenciavam o casamento na infância e 4) Percepções acerca de contradições/negação dos agravos vivenciados pelas crianças e adolescentes atendidas: as situações de violência sexual conhecidas por responsáveis contribuem para a elucidação dos fatos. Entretanto, alguns familiares estão imersas na possibilidade de negação da ocorrência e ocultação da identidade do agressor. Reações manifestadas pela equipe multiprofissional denotam uma seara impactante que resulta em mobilização emocional, ao depararem-se com realidades sociais complexas, contextos clínicos graves e reações de difícil abordagem.
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As participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, as entrevistas foram gravadas, transcritas, analisadas por meio da técnica de análise de conteúdo. Da análise das entrevistas emergiram quatro categorias: 1) Percepções sobre reações manifestadas por crianças, adolescentes, familiares e membros da equipe multiprofissional: sentimentos, comportamentos e atitudes das vítimas, familiares e profissionais sugerem que a violação sexual infantojuvenil choca a todos, gerando: abalo emocional, revolta/indignação e medos que resultam em sofrimento, silêncio, empatia e envolvimento nos cuidados; 2) Percepções sobre a realidade social de crianças e adolescentes que sofreram violência sexual: as vítimas atendidas tinham idade entre 0 e 17 anos, a maioria eram meninas, negras. As adolescentes eram pouco desenvolvidas física e emocionalmente. As crianças tinham mães ausentes de seus lares ou eram filhas de adolescentes. 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Reações manifestadas pela equipe multiprofissional denotam uma seara impactante que resulta em mobilização emocional, ao depararem-se com realidades sociais complexas, contextos clínicos graves e reações de difícil abordagem.Sexual violence against children and adolescents is a public health problem, which can cause irreversible physical, emotional, psychological and social damage to victims and their families, reflecting across society. Hospital care for these victims and family members causes different feelings to health professionals, which can influence the quality of care provided. Describe the perceptions of health professionals about sexual violence against children and adolescents. This is a qualitative, exploratory study carried out through the use of semi-structured interviews, between June and July 2019, with 30 women, health team professionals who have been working for more than a year in a public hospital in Bahia. The project was approved by the Ethics and Research Committee under opinion number 3,383,906. The participants signed the Free and Informed Consent Form, the interviews were recorded, transcribed, analyzed using the content analysis technique. From the analysis of the interviews, four categories emerged: 1) Perceptions about reactions manifested by children, adolescents, family members and members of the multiprofessional team: feelings, behaviors and attitudes of the victims, family members and professionals suggest that the juvenile sexual violation shocks everyone, generating: emotional shock, revolt/indignation and fears that result in suffering, silence, empathy and involvement in care; 2) Perceptions about the social reality of children and adolescents who suffered sexual violence: the victims were aged between 0 and 17 years old, most were girls, black. Teenagers were poorly developed physically and emotionally. The children had mothers absent from their homes or were daughters of multiparous adolescents. Most of the victims belonged to families with dysfunctional dynamics, some of whom were subjected to situations of neglect and abandonment; 3) Perceptions about the clinical condition of children and adolescents who were sexually victimized: child and juvenile victims had serious physical injuries and mental disorders, others showed no signs of violence, and some of them died as a result of the abuse they suffered. Have had sexual initiation with adult men and / or experienced childhood marriage and 4) Perceptions about contradictions / denial of the problems experienced by the children and adolescents attended: the situations of sexual violence known to those responsible contribute to the elucidation of the facts. However, some family members are immersed in the possibility of denying the occurrence and hiding the identity of the aggressor. FINAL CONSIDERATIONS: Reactions manifested by the multiprofessional team show an impacting field that results in emotional mobilization, when faced with complex social realities, serious clinical contexts and reactions that are difficult to approach.Submitted by Mendes Márcia (marciinhamendes@gmail.com) on 2022-03-17T00:44:42Z No. of bitstreams: 1 DISSERTAÇÃO_MARIMEIRE_MORAIS.pdf: 4713553 bytes, checksum: cdb173600a97592e6cf68b88ad42d683 (MD5)Approved for entry into archive by Delba Rosa (delba@ufba.br) on 2022-03-17T18:50:44Z (GMT) No. of bitstreams: 1 DISSERTAÇÃO_MARIMEIRE_MORAIS.pdf: 4713553 bytes, checksum: cdb173600a97592e6cf68b88ad42d683 (MD5)Made available in DSpace on 2022-03-17T18:50:44Z (GMT). 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