Do medo de morrer ao medo no viver: um estudo sobre o sequestro relâmpago e suas vítimas.
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFBA |
Texto Completo: | http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/18020 |
Resumo: | O presente trabalho busca conhecer a experiência de vitimização e repercussões do sequestro relâmpago, procurando uma compreensão sobre as interações que permeiam o evento vitimógenoe suas características como delito. Para cumprir o desafio, estudamos o fenômeno a partir de quatro objetivos específicos: caracterizar os eventos de sequestro relâmpago; analisar as vitimizações secundárias; compreender a influência do sequestro relâmpagono curso de vida e saúde das vítimas; e conhecer as repercussões nos familiares das vítimas.O estudo possui um desenho metodológico qualitativo, com entrevistas individuais, guiadas por roteirossemi-estruturados. Participaram da pesquisa 35 vítimas, quatro familiares e quatro ofensores cujas entrevistas geraram dados posteriormente triangulados com reportagens de jornais e observações de campo realizadas na delegacia e na penitenciária. O sequestro relâmpago manifesta-se, ainda na década de 1990, como uma modalidade de violência criminal cujas vítimas são submetidas a um enquadramento coercitivo e mantidas reféns dentro do veículo. Firma-se como um delito moldado pela realidade das cidades cada vez mais ajustadas à sociedade do consumo, e seus objetivos são em grande parte instrumentais, voltados à aquisição material e financeira. Os episódios são geridos majoritariamente por ameaças à integridade física, mas podem ser compostos por violências mais expressivas, particularmente as sexuais, denotando mais um mecanismo de reprodução da violência de gênero. Ofensores e vítimas desenvolvem um contrato coercitivo-cooperativo que rege suas expectativas e atitudes, propondo uma transação na qual há conversão dos bens obtidos em garantia de integridade física das vítimas. A maioria das vítimas coopera, aderindo ao contrato e negociando seus termos. Elas “trabalham a mente” dos ofensores e tentam criar empatia. O não cumprimento do contrato pelos ofensores ou a ausência de um que assegure minimamente a intenção instrumental do delito pode implicar em tentativa de reação e fuga por parte da vítima. Após a vitimização, o ex-refém geralmente percorre um itinerário de reparação e cuidados que começa pela delegacia de polícia e pode ou não prosseguir por outros órgãos públicos ou empresas – judiciário, seguradora do veículo, estabelecimento onde ocorreu a captura, etc. Raramente se recorre a serviços de saúde pois não há o “dano ao corpo”. Nestes espaços, é recorrente a exposição a vitimizações secundárias. As vítimas engajam-se em mecanismos de enfrentamento como resposta à vitimização. Elas engendram defesas e criam seus próprios “manuais de segurança” para protegerem a si e aqueles com quem compartilham laços afetivos. Familiares e amigos são fundamentais na co-construção de novos sentidos e ressignificação da experiência. As crenças religiosas e a necessidade de se retomar as obrigações da vida, como o trabalho e o cuidado com a família também mobilizam ao enfrentamento contínuo da vitimização. Nesse processo, os próprios familiares sofrem vitimização indireta, apresentando,muitas vezes, repercussões semelhantes às da vítima direta e ansiedade atrelada à possibilidade de perda do familiar sequestrado. Isto os impulsiona a reconfigurar a própria concepção de mundo e relação com o ente amado, pois a vida fica “marcada”. |
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Ofensores e vítimas desenvolvem um contrato coercitivo-cooperativo que rege suas expectativas e atitudes, propondo uma transação na qual há conversão dos bens obtidos em garantia de integridade física das vítimas. A maioria das vítimas coopera, aderindo ao contrato e negociando seus termos. Elas “trabalham a mente” dos ofensores e tentam criar empatia. O não cumprimento do contrato pelos ofensores ou a ausência de um que assegure minimamente a intenção instrumental do delito pode implicar em tentativa de reação e fuga por parte da vítima. Após a vitimização, o ex-refém geralmente percorre um itinerário de reparação e cuidados que começa pela delegacia de polícia e pode ou não prosseguir por outros órgãos públicos ou empresas – judiciário, seguradora do veículo, estabelecimento onde ocorreu a captura, etc. Raramente se recorre a serviços de saúde pois não há o “dano ao corpo”. Nestes espaços, é recorrente a exposição a vitimizações secundárias. As vítimas engajam-se em mecanismos de enfrentamento como resposta à vitimização. Elas engendram defesas e criam seus próprios “manuais de segurança” para protegerem a si e aqueles com quem compartilham laços afetivos. Familiares e amigos são fundamentais na co-construção de novos sentidos e ressignificação da experiência. As crenças religiosas e a necessidade de se retomar as obrigações da vida, como o trabalho e o cuidado com a família também mobilizam ao enfrentamento contínuo da vitimização. Nesse processo, os próprios familiares sofrem vitimização indireta, apresentando,muitas vezes, repercussões semelhantes às da vítima direta e ansiedade atrelada à possibilidade de perda do familiar sequestrado. Isto os impulsiona a reconfigurar a própria concepção de mundo e relação com o ente amado, pois a vida fica “marcada”.Submitted by Maria Creuza Silva (mariakreuza@yahoo.com.br) on 2015-08-04T18:24:33Z No. of bitstreams: 1 TESE Leticia Azevedo. 2015.pdf: 1407474 bytes, checksum: 007588f254324a55b93e9fc4c9df645a (MD5)Approved for entry into archive by Maria Creuza Silva (mariakreuza@yahoo.com.br) on 2015-08-04T18:24:48Z (GMT) No. of bitstreams: 1 TESE Leticia Azevedo. 2015.pdf: 1407474 bytes, checksum: 007588f254324a55b93e9fc4c9df645a (MD5)Made available in DSpace on 2015-08-04T18:24:48Z (GMT). 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