Percepção dos pescadores artesanais e marisqueiras sobre os acidentes de trabalho com animais aquáticos e seus itinerários terapêuticos
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFBA |
Texto Completo: | http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/31396 |
Resumo: | Acidentes causados por animais aquáticos constituem um problema de saúde pública, pela frequência e pela morbidade que apresentam. Esses acidentes se relacionam diretamente com as atividades de pesca e mariscagem artesanal, e quando acontecem nessas circunstâncias, se configuram em acidentes de trabalho. Pescadores e marisqueiras artesanais são acometidos diariamente por acidentes de tal natureza, porém, a bibliografia escassa e a pouca atenção dos poderes públicos em relação ao tema acabam por reforçar a invisibilidade desta problemática em relação a saúde do trabalhador. Os objetivos desse trabalho foram descrever e analisar as percepções dos pescadores artesanais e marisqueiras a respeito dos animais causadores de acidentes de trabalho, sobre sintomas e lesões causados por tais acidentes e seus itinerários terapêuticos. A metodologia empregada foi a qualitativa de cunho etnográfico, com análise das falas de 20 trabalhadores envolvidos na pesca artesanal e na mariscagem, entre homens e mulheres, tendo as coletas de campo ocorrido entre os meses de junho de 2016 a março de 2017. Os acidentes acontecem durante os processos de trabalho ou no percurso até os locais de pesca e mariscagem. As lesões possuem características perfuro cortantes e de envenenamentos, tendo como sintomas mais presentes, dor desproporcional ao tamanho da lesão e necrose. São relatadas incapacidades laborais temporárias e permanentes, que causam traumas psicofísicos e importante impacto econômico e social para esta população. Embora não sejam os únicos a causar acidentes, os animais causadores de acidentes mais graves e mais frequentes foram os niquins (Thalassophryne nattereri e Scorpaena plumieri), as arraias do gênero Dasyatis e os bagres da família Ariidae. Observou-se que os pescadores se dividem entre medo e respeito com relação aos acidentes e aos animais causadores, pois, embora temam e conheçam as consequências dos acidentes com animais aquáticos, também sabem de sua importância para a manutenção dos equilíbrios ecológicos que provêm a pesca para seu sustento. Não raramente adotam estratégias de normalização dos riscos e amparados em seus conhecimentos tradicionais, entram em processo de auto culpabilização. Nos itinerários terapêuticos dos acidentados, se configuram como importantes alternativas no tratamento dos acidentes a automedicação e os tratamentos populares. A falta de Unidades de saúde locais é agravada pelas dificuldades relacionadas ao relativo isolamento que logram as comunidades, localizadas em ilhas. Fazendo com que os acidentados por animais aquáticos tenham que realizar grandes deslocamentos na busca pelo tratamento dos sintomas e lesões e gravando os quadros e as sequelas deixadas por tais acidentes A relação com o serviço médico formal é pautada por crença e descrença, sendo queixas frequentes a falta de estrutura das unidades de saúde e a desinformação dos profissionais no atendimento aos casos. Os caminhos trilhados pelos pescadores artesanais e marisqueiras, acidentados por animais marinhos no exercício de sua função, na busca pela cura e tratamento, têm forte relação com seus contextos socioeconômicos. Pois, embora tais acidentes provoquem recorrentes atendimentos nas unidades de saúde das comunidades e redondezas, os acidentados ainda sofrem com a falta de acesso aos serviços e com o despreparo dos profissionais de saúde para lidar com os casos. Se fazem necessárias ações integradas a nível de saúde, educação em saúde do trabalhador e políticas públicas inclusivas que, voltadas para o entendimento dos contextos socioculturais destas populações, abordem responsavelmente tal problemática. |
id |
UFBA-2_ef8dbb7aa4047ba831d5b0f9e7760114 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:repositorio.ufba.br:ri/31396 |
network_acronym_str |
UFBA-2 |
network_name_str |
Repositório Institucional da UFBA |
repository_id_str |
1932 |
spelling |
Aguiar, Tatiane SilvaAguiar, Tatiane SilvaPena, Paulo Gilvane LopesAccioly, Miguel da Costade Liana, Mônica Angelim Gomes2020-02-03T15:53:59Z2021-02-03T03:00:30Z2020-02-032017http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/31396Acidentes causados por animais aquáticos constituem um problema de saúde pública, pela frequência e pela morbidade que apresentam. Esses acidentes se relacionam diretamente com as atividades de pesca e mariscagem artesanal, e quando acontecem nessas circunstâncias, se configuram em acidentes de trabalho. Pescadores e marisqueiras artesanais são acometidos diariamente por acidentes de tal natureza, porém, a bibliografia escassa e a pouca atenção dos poderes públicos em relação ao tema acabam por reforçar a invisibilidade desta problemática em relação a saúde do trabalhador. Os objetivos desse trabalho foram descrever e analisar as percepções dos pescadores artesanais e marisqueiras a respeito dos animais causadores de acidentes de trabalho, sobre sintomas e lesões causados por tais acidentes e seus itinerários terapêuticos. A metodologia empregada foi a qualitativa de cunho etnográfico, com análise das falas de 20 trabalhadores envolvidos na pesca artesanal e na mariscagem, entre homens e mulheres, tendo as coletas de campo ocorrido entre os meses de junho de 2016 a março de 2017. Os acidentes acontecem durante os processos de trabalho ou no percurso até os locais de pesca e mariscagem. As lesões possuem características perfuro cortantes e de envenenamentos, tendo como sintomas mais presentes, dor desproporcional ao tamanho da lesão e necrose. São relatadas incapacidades laborais temporárias e permanentes, que causam traumas psicofísicos e importante impacto econômico e social para esta população. Embora não sejam os únicos a causar acidentes, os animais causadores de acidentes mais graves e mais frequentes foram os niquins (Thalassophryne nattereri e Scorpaena plumieri), as arraias do gênero Dasyatis e os bagres da família Ariidae. Observou-se que os pescadores se dividem entre medo e respeito com relação aos acidentes e aos animais causadores, pois, embora temam e conheçam as consequências dos acidentes com animais aquáticos, também sabem de sua importância para a manutenção dos equilíbrios ecológicos que provêm a pesca para seu sustento. Não raramente adotam estratégias de normalização dos riscos e amparados em seus conhecimentos tradicionais, entram em processo de auto culpabilização. Nos itinerários terapêuticos dos acidentados, se configuram como importantes alternativas no tratamento dos acidentes a automedicação e os tratamentos populares. A falta de Unidades de saúde locais é agravada pelas dificuldades relacionadas ao relativo isolamento que logram as comunidades, localizadas em ilhas. Fazendo com que os acidentados por animais aquáticos tenham que realizar grandes deslocamentos na busca pelo tratamento dos sintomas e lesões e gravando os quadros e as sequelas deixadas por tais acidentes A relação com o serviço médico formal é pautada por crença e descrença, sendo queixas frequentes a falta de estrutura das unidades de saúde e a desinformação dos profissionais no atendimento aos casos. Os caminhos trilhados pelos pescadores artesanais e marisqueiras, acidentados por animais marinhos no exercício de sua função, na busca pela cura e tratamento, têm forte relação com seus contextos socioeconômicos. Pois, embora tais acidentes provoquem recorrentes atendimentos nas unidades de saúde das comunidades e redondezas, os acidentados ainda sofrem com a falta de acesso aos serviços e com o despreparo dos profissionais de saúde para lidar com os casos. Se fazem necessárias ações integradas a nível de saúde, educação em saúde do trabalhador e políticas públicas inclusivas que, voltadas para o entendimento dos contextos socioculturais destas populações, abordem responsavelmente tal problemática.Submitted by Pós graduação Saúde, Ambiente e Trabalho (ppgsat4@gmail.com) on 2020-01-09T13:47:51Z No. of bitstreams: 1 Dissertação Tatiane final -.pdf: 3844787 bytes, checksum: 7e876916ebb2daccc1657fbe0822a9f0 (MD5)Approved for entry into archive by Delba Rosa (delba@ufba.br) on 2020-02-03T15:53:59Z (GMT) No. of bitstreams: 1 Dissertação Tatiane final -.pdf: 3844787 bytes, checksum: 7e876916ebb2daccc1657fbe0822a9f0 (MD5)Made available in DSpace on 2020-02-03T15:53:59Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Dissertação Tatiane final -.pdf: 3844787 bytes, checksum: 7e876916ebb2daccc1657fbe0822a9f0 (MD5)Animais marinhos peçonhentosPesquisa qualitativaAntropologia da saúdeAcidentes de trabalhoPercepção dos pescadores artesanais e marisqueiras sobre os acidentes de trabalho com animais aquáticos e seus itinerários terapêuticosinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisFaculdade de Medicina da BahiaPrograma de Pós-graduação em Saúde, Ambiente e TrabalhoPPGSATbrasilinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFBAinstname:Universidade Federal da Bahia (UFBA)instacron:UFBAORIGINALDissertação Tatiane final -.pdfDissertação Tatiane final -.pdfapplication/pdf3844787https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/31396/1/Disserta%c3%a7%c3%a3o%20Tatiane%20final%20-.pdf7e876916ebb2daccc1657fbe0822a9f0MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain1442https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/31396/2/license.txte3e6f4a9287585a60c07547815529482MD52TEXTDissertação Tatiane final -.pdf.txtDissertação Tatiane final -.pdf.txtExtracted texttext/plain132690https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/31396/3/Disserta%c3%a7%c3%a3o%20Tatiane%20final%20-.pdf.txtde60fe589b4b6487bdc10696ba36bdb3MD53ri/313962022-07-05 14:04:11.386oai:repositorio.ufba.br:ri/31396VGVybW8gZGUgTGljZW4/YSwgbj9vIGV4Y2x1c2l2bywgcGFyYSBvIGRlcD9zaXRvIG5vIFJlcG9zaXQ/cmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZCQS4KCiBQZWxvIHByb2Nlc3NvIGRlIHN1Ym1pc3M/Pz8/byBkZSBkb2N1bWVudG9zLCBvIGF1dG9yIG91IHNldSByZXByZXNlbnRhbnRlIGxlZ2FsLCBhbyBhY2VpdGFyIGVzc2UgdGVybW8gZGUgbGljZW4/Pz8/YSwgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0Pz8/P3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRhIEJhaGlhIG8gZGlyZWl0byBkZSBtYW50ZXIgdW1hIGM/Pz8/cGlhIGVtIHNldSByZXBvc2l0Pz8/P3JpbyBjb20gYSBmaW5hbGlkYWRlLCBwcmltZWlyYSwgZGUgcHJlc2VydmE/Pz8/Pz8/P28uIAoKRXNzZXMgdGVybW9zLCBuPz8/P28gZXhjbHVzaXZvcywgbWFudD8/Pz9tIG9zIGRpcmVpdG9zIGRlIGF1dG9yL2NvcHlyaWdodCwgbWFzIGVudGVuZGUgbyBkb2N1bWVudG8gY29tbyBwYXJ0ZSBkbyBhY2Vydm8gaW50ZWxlY3R1YWwgZGVzc2EgVW5pdmVyc2lkYWRlLgoKIFBhcmEgb3MgZG9jdW1lbnRvcyBwdWJsaWNhZG9zIGNvbSByZXBhc3NlIGRlIGRpcmVpdG9zIGRlIGRpc3RyaWJ1aT8/Pz8/Pz8/bywgZXNzZSB0ZXJtbyBkZSBsaWNlbj8/Pz9hIGVudGVuZGUgcXVlOgoKIE1hbnRlbmRvIG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCByZXBhc3NhZG9zIGEgdGVyY2Vpcm9zLCBlbSBjYXNvIGRlIHB1YmxpY2E/Pz8/Pz8/P2VzLCBvIHJlcG9zaXQ/Pz8/cmlvIHBvZGUgcmVzdHJpbmdpciBvIGFjZXNzbyBhbyB0ZXh0byBpbnRlZ3JhbCwgbWFzIGxpYmVyYSBhcyBpbmZvcm1hPz8/Pz8/Pz9lcyBzb2JyZSBvIGRvY3VtZW50byAoTWV0YWRhZG9zIGRlc2NyaXRpdm9zKS4KCiBEZXN0YSBmb3JtYSwgYXRlbmRlbmRvIGFvcyBhbnNlaW9zIGRlc3NhIHVuaXZlcnNpZGFkZSBlbSBtYW50ZXIgc3VhIHByb2R1Pz8/Pz8/Pz9vIGNpZW50Pz8/P2ZpY2EgY29tIGFzIHJlc3RyaT8/Pz8/Pz8/ZXMgaW1wb3N0YXMgcGVsb3MgZWRpdG9yZXMgZGUgcGVyaT8/Pz9kaWNvcy4KCiBQYXJhIGFzIHB1YmxpY2E/Pz8/Pz8/P2VzIHNlbSBpbmljaWF0aXZhcyBxdWUgc2VndWVtIGEgcG9sPz8/P3RpY2EgZGUgQWNlc3NvIEFiZXJ0bywgb3MgZGVwPz8/P3NpdG9zIGNvbXB1bHM/Pz8/cmlvcyBuZXNzZSByZXBvc2l0Pz8/P3JpbyBtYW50Pz8/P20gb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMsIG1hcyBtYW50Pz8/P20gYWNlc3NvIGlycmVzdHJpdG8gYW9zIG1ldGFkYWRvcyBlIHRleHRvIGNvbXBsZXRvLiBBc3NpbSwgYSBhY2VpdGE/Pz8/Pz8/P28gZGVzc2UgdGVybW8gbj8/Pz9vIG5lY2Vzc2l0YSBkZSBjb25zZW50aW1lbnRvIHBvciBwYXJ0ZSBkZSBhdXRvcmVzL2RldGVudG9yZXMgZG9zIGRpcmVpdG9zLCBwb3IgZXN0YXJlbSBlbSBpbmljaWF0aXZhcyBkZSBhY2Vzc28gYWJlcnRvLgo=Repositório InstitucionalPUBhttp://192.188.11.11:8080/oai/requestopendoar:19322022-07-05T17:04:11Repositório Institucional da UFBA - Universidade Federal da Bahia (UFBA)false |
dc.title.pt_BR.fl_str_mv |
Percepção dos pescadores artesanais e marisqueiras sobre os acidentes de trabalho com animais aquáticos e seus itinerários terapêuticos |
title |
Percepção dos pescadores artesanais e marisqueiras sobre os acidentes de trabalho com animais aquáticos e seus itinerários terapêuticos |
spellingShingle |
Percepção dos pescadores artesanais e marisqueiras sobre os acidentes de trabalho com animais aquáticos e seus itinerários terapêuticos Aguiar, Tatiane Silva Animais marinhos peçonhentos Pesquisa qualitativa Antropologia da saúde Acidentes de trabalho |
title_short |
Percepção dos pescadores artesanais e marisqueiras sobre os acidentes de trabalho com animais aquáticos e seus itinerários terapêuticos |
title_full |
Percepção dos pescadores artesanais e marisqueiras sobre os acidentes de trabalho com animais aquáticos e seus itinerários terapêuticos |
title_fullStr |
Percepção dos pescadores artesanais e marisqueiras sobre os acidentes de trabalho com animais aquáticos e seus itinerários terapêuticos |
title_full_unstemmed |
Percepção dos pescadores artesanais e marisqueiras sobre os acidentes de trabalho com animais aquáticos e seus itinerários terapêuticos |
title_sort |
Percepção dos pescadores artesanais e marisqueiras sobre os acidentes de trabalho com animais aquáticos e seus itinerários terapêuticos |
author |
Aguiar, Tatiane Silva |
author_facet |
Aguiar, Tatiane Silva |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Aguiar, Tatiane Silva Aguiar, Tatiane Silva |
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv |
Pena, Paulo Gilvane Lopes |
dc.contributor.advisor-co1.fl_str_mv |
Accioly, Miguel da Costa |
dc.contributor.referee1.fl_str_mv |
de Liana, Mônica Angelim Gomes |
contributor_str_mv |
Pena, Paulo Gilvane Lopes Accioly, Miguel da Costa de Liana, Mônica Angelim Gomes |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Animais marinhos peçonhentos Pesquisa qualitativa Antropologia da saúde Acidentes de trabalho |
topic |
Animais marinhos peçonhentos Pesquisa qualitativa Antropologia da saúde Acidentes de trabalho |
description |
Acidentes causados por animais aquáticos constituem um problema de saúde pública, pela frequência e pela morbidade que apresentam. Esses acidentes se relacionam diretamente com as atividades de pesca e mariscagem artesanal, e quando acontecem nessas circunstâncias, se configuram em acidentes de trabalho. Pescadores e marisqueiras artesanais são acometidos diariamente por acidentes de tal natureza, porém, a bibliografia escassa e a pouca atenção dos poderes públicos em relação ao tema acabam por reforçar a invisibilidade desta problemática em relação a saúde do trabalhador. Os objetivos desse trabalho foram descrever e analisar as percepções dos pescadores artesanais e marisqueiras a respeito dos animais causadores de acidentes de trabalho, sobre sintomas e lesões causados por tais acidentes e seus itinerários terapêuticos. A metodologia empregada foi a qualitativa de cunho etnográfico, com análise das falas de 20 trabalhadores envolvidos na pesca artesanal e na mariscagem, entre homens e mulheres, tendo as coletas de campo ocorrido entre os meses de junho de 2016 a março de 2017. Os acidentes acontecem durante os processos de trabalho ou no percurso até os locais de pesca e mariscagem. As lesões possuem características perfuro cortantes e de envenenamentos, tendo como sintomas mais presentes, dor desproporcional ao tamanho da lesão e necrose. São relatadas incapacidades laborais temporárias e permanentes, que causam traumas psicofísicos e importante impacto econômico e social para esta população. Embora não sejam os únicos a causar acidentes, os animais causadores de acidentes mais graves e mais frequentes foram os niquins (Thalassophryne nattereri e Scorpaena plumieri), as arraias do gênero Dasyatis e os bagres da família Ariidae. Observou-se que os pescadores se dividem entre medo e respeito com relação aos acidentes e aos animais causadores, pois, embora temam e conheçam as consequências dos acidentes com animais aquáticos, também sabem de sua importância para a manutenção dos equilíbrios ecológicos que provêm a pesca para seu sustento. Não raramente adotam estratégias de normalização dos riscos e amparados em seus conhecimentos tradicionais, entram em processo de auto culpabilização. Nos itinerários terapêuticos dos acidentados, se configuram como importantes alternativas no tratamento dos acidentes a automedicação e os tratamentos populares. A falta de Unidades de saúde locais é agravada pelas dificuldades relacionadas ao relativo isolamento que logram as comunidades, localizadas em ilhas. Fazendo com que os acidentados por animais aquáticos tenham que realizar grandes deslocamentos na busca pelo tratamento dos sintomas e lesões e gravando os quadros e as sequelas deixadas por tais acidentes A relação com o serviço médico formal é pautada por crença e descrença, sendo queixas frequentes a falta de estrutura das unidades de saúde e a desinformação dos profissionais no atendimento aos casos. Os caminhos trilhados pelos pescadores artesanais e marisqueiras, acidentados por animais marinhos no exercício de sua função, na busca pela cura e tratamento, têm forte relação com seus contextos socioeconômicos. Pois, embora tais acidentes provoquem recorrentes atendimentos nas unidades de saúde das comunidades e redondezas, os acidentados ainda sofrem com a falta de acesso aos serviços e com o despreparo dos profissionais de saúde para lidar com os casos. Se fazem necessárias ações integradas a nível de saúde, educação em saúde do trabalhador e políticas públicas inclusivas que, voltadas para o entendimento dos contextos socioculturais destas populações, abordem responsavelmente tal problemática. |
publishDate |
2017 |
dc.date.submitted.none.fl_str_mv |
2017 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2020-02-03T15:53:59Z |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2020-02-03 |
dc.date.available.fl_str_mv |
2021-02-03T03:00:30Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/masterThesis |
format |
masterThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/31396 |
url |
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/31396 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Faculdade de Medicina da Bahia |
dc.publisher.program.fl_str_mv |
Programa de Pós-graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho |
dc.publisher.initials.fl_str_mv |
PPGSAT |
dc.publisher.country.fl_str_mv |
brasil |
publisher.none.fl_str_mv |
Faculdade de Medicina da Bahia |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da UFBA instname:Universidade Federal da Bahia (UFBA) instacron:UFBA |
instname_str |
Universidade Federal da Bahia (UFBA) |
instacron_str |
UFBA |
institution |
UFBA |
reponame_str |
Repositório Institucional da UFBA |
collection |
Repositório Institucional da UFBA |
bitstream.url.fl_str_mv |
https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/31396/1/Disserta%c3%a7%c3%a3o%20Tatiane%20final%20-.pdf https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/31396/2/license.txt https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/31396/3/Disserta%c3%a7%c3%a3o%20Tatiane%20final%20-.pdf.txt |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
7e876916ebb2daccc1657fbe0822a9f0 e3e6f4a9287585a60c07547815529482 de60fe589b4b6487bdc10696ba36bdb3 |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 MD5 MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Institucional da UFBA - Universidade Federal da Bahia (UFBA) |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1808459606975840256 |