Estudo quantitativo da complexidade gramatical absoluta em diferentes línguas e suas implicações tipológicas
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFBA |
Texto Completo: | https://repositorio.ufba.br/handle/ri/38004 |
Resumo: | Medir a complexidade de uma língua é uma tarefa trabalhosa; inúmeros problemas, como o da comparabilidade (CROFT, 2003), comuns a estudos tipológicos, apresentam-se no caminho, juntamente com a questão axial de se definir complexidade – que é necessário antes de mais nada para poder mensurá-la (MIESTAMO, 2008). Ademais, estudos comparativos na linguística não raro lançam mão de um aparato terminológico proveniente da classificação holística do século XIX, subsumindo línguas inteiras em perfis isolantes, aglutinantes, fusionais, entre outros. Soma-se a estes desafios o fato de a maioria das análises balizar-se em uma unidade translinguisticamente pouco consistente, a palavra (MATTOS; LAZZARINI-CYRINO, 2020). Tendo esta problemática em vista, o presente estudo busca, utilizando o morfema como unidade de análise, inventariar os morfemas gramaticais mais frequentes de 19 línguas amostradas pelo mundo, caracterizando-os com base em critérios semânticos que evitem operar o conceito de palavra (CROFT, 2000), e quantificando-os de acordo com medidas de complexidade absoluta, isto é, não referente a sua dificuldade, mas sim ao número de partes do sistema. Para tanto, utilizamos a taxonomia de complexidade de McWhorter (2007), a noção de verbosidade de Dahl (2004) e as complexificações de Trudgill (2011), classificando morfema a morfema com base em cinco parâmetros – o primeiro dizendo respeito a se o morfema é glosado como preso ou livre, e os quatro demais propriamente referentes à complexidade: se veiculador de flexão contextual, seu grau de verbosidade, se irregular ou com elaboração estrutural, e se poliexponente. Frequências relativas para cada parâmetro foram obtidas, e os resultados, processados no software R, foram comparados. Descobrimos uma forte correlação entre maior proporção de morfologia gramatical livre e menores escores nos quatro parâmetros de complexidade, bem como a existência de línguas dramaticamente simplificadas em comparação com as demais seguindo nossa quantificação; hipotetizamos, de acordo com McWhorter (2016), que isso se dá por eventos de contato intenso em suas histórias. Além disso, percebemos similaridades no comportamento das línguas das Américas, e propomos abandonar a terminologia da classificação holística, bem como a caracterização negativa de línguas menos complexas. |
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Tendo esta problemática em vista, o presente estudo busca, utilizando o morfema como unidade de análise, inventariar os morfemas gramaticais mais frequentes de 19 línguas amostradas pelo mundo, caracterizando-os com base em critérios semânticos que evitem operar o conceito de palavra (CROFT, 2000), e quantificando-os de acordo com medidas de complexidade absoluta, isto é, não referente a sua dificuldade, mas sim ao número de partes do sistema. Para tanto, utilizamos a taxonomia de complexidade de McWhorter (2007), a noção de verbosidade de Dahl (2004) e as complexificações de Trudgill (2011), classificando morfema a morfema com base em cinco parâmetros – o primeiro dizendo respeito a se o morfema é glosado como preso ou livre, e os quatro demais propriamente referentes à complexidade: se veiculador de flexão contextual, seu grau de verbosidade, se irregular ou com elaboração estrutural, e se poliexponente. Frequências relativas para cada parâmetro foram obtidas, e os resultados, processados no software R, foram comparados. Descobrimos uma forte correlação entre maior proporção de morfologia gramatical livre e menores escores nos quatro parâmetros de complexidade, bem como a existência de línguas dramaticamente simplificadas em comparação com as demais seguindo nossa quantificação; hipotetizamos, de acordo com McWhorter (2016), que isso se dá por eventos de contato intenso em suas histórias. Além disso, percebemos similaridades no comportamento das línguas das Américas, e propomos abandonar a terminologia da classificação holística, bem como a caracterização negativa de línguas menos complexas.Measuring the complexity of a language is a strenuous task; one runs into several problems such as the issue of comparability (CROFT, 2003), commonplace in typological studies, as well as the central issue of defining complexity, obviously necessary before we measure it (MIESTAMO, 2008). Besides that, comparative studies in linguistics often use terminology from 19th-century holistic classification of languages, classifying them wholly as isolating, agglutinative, fusional and so on. Also, most analyses are based on a cross-linguistically inconsistent unit, the word (MATTOS; LAZZARINI-CYRINO, 2020). With all this in mind, the present study, using morphemes as analysis units, lists the most frequent grammatical morphemes of 19 languages sampled worldwide, characterizing them by semantic criteria that don’t use the notion of word (CROFT, 2000), and quantifying them according to absolute complexity measures, that is, not referring to the language’s perceived difficulty, but to the number of parts of the system. In order to do so, we used McWhorter’s taxonomy of complexity (2007), Dahl’s notion of verbosity (2004) and Trudgill’s complexifications (2011), classifying each morpheme based on five parameters – the first one, if a given morpheme is glossed as free or bound, and the four subsequent ones properly being about complexity: if a given morpheme realizes contextual inflection, its degree of verbosity, if it presents irregularities and/or structural elaboration, and if it is polyexponent. Relative frequencies for each parameter were taken, and the results were processed using the software R and compared. We found a strong correlation between a higher proportion of unbound grammatical morphology and smaller scores on the four used complexity parameters, as well as the existence of dramatically simplified languages compared to the rest; it’s hypothesized, following McWhorter (2016), that this is due to intense contact events in their past histories. Moreover, we noticed behavior similarities between American languages, and we propose relinquishing holistic classification terminology, as well as not portraying less complex languages negatively.Submitted by Eudes Mattos (eudesbarlettam@gmail.com) on 2023-10-07T14:56:27Z No. of bitstreams: 2 license_rdf: 701 bytes, checksum: 42fd4ad1e89814f5e4a476b409eb708c (MD5) Eudes Barletta Mattos - Dissertação.pdf: 1854176 bytes, checksum: 5902a8d1cf5441d684958125dc7a8b27 (MD5)Approved for entry into archive by Setor de Periódicos (per_macedocosta@ufba.br) on 2023-10-09T13:45:18Z (GMT) No. of bitstreams: 2 Eudes Barletta Mattos - Dissertação.pdf: 1854176 bytes, checksum: 5902a8d1cf5441d684958125dc7a8b27 (MD5) license_rdf: 701 bytes, checksum: 42fd4ad1e89814f5e4a476b409eb708c (MD5)Made available in DSpace on 2023-10-09T13:45:19Z (GMT). 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