Administração e a questão social: Entre o “robinsonismo” e o “étiennismo”

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Tenório, Fernando Guilherme
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Organizações & Sociedade (Online)
Texto Completo: https://periodicos.ufba.br/index.php/revistaoes/article/view/13267
Resumo: Nas últimas décadas de hegemonia liberal econômica ou, como alguns desejam denominar, neoliberal, o determinismo de mercado se sobressai à sociedade. Tal leitura de mundo - o mercado não como um enclave da sociedade, mas desejando substituí-la - tem influenciado, sobremaneira, as instituições de ensino superior (IES), notadamente aquelas dedicadas às ciências sociais aplicadas, como é o caso da Administração. Desejando sair do marasmo predominante nos textos acadêmicos, recorremos à estética desde os romances Robinson Crusoé e Germinal para inferir que as teses centrais dessas ficções - individualismo e coletivismo - podem ser facilitadores da interpretação das matrizes curriculares praticadas nas IES dedicadas ao ensino e à pesquisa em Administração. Parece ser, com as exceções de praxe, que o ensino e a pesquisa, nesta área de conhecimento, têm reforçado a relação senhor-escravo em detrimento de perceber o trabalhador como um ser social, portanto político, com potencial decisório no processo produtivo. Desse modo, Robinson Crusoé, como amo de Sexta Feira, guarda coerência com as práticas gerenciais contemporâneas em oposição ao desejo emancipatório de Étienne Lantier. O deus mercado, com o seu potencial fetichista que tudo transforma em mercadoria através do valor de troca, deve ser exorcizado por meio da intersubjetividade dos seres sociais, referenciado pelo valor de uso. Assim, no texto, os personagens Robinson e Étienne são personagens antitéticos sem, contudo, reconhecer que o primeiro exprime a realidade do mundo do trabalho, do sistema, e o segundo delineia uma sociedade gerencialmente compartilhada desde o mundo da vida.
id UFBA-4_a00916a9559510b310b3fa4fc83caa78
oai_identifier_str oai:ojs.periodicos.ufba.br:article/13267
network_acronym_str UFBA-4
network_name_str Organizações & Sociedade (Online)
repository_id_str
spelling Administração e a questão social: Entre o “robinsonismo” e o “étiennismo”Ensino da administraçãoQuestão econômicaQuestão social e ser socialNas últimas décadas de hegemonia liberal econômica ou, como alguns desejam denominar, neoliberal, o determinismo de mercado se sobressai à sociedade. Tal leitura de mundo - o mercado não como um enclave da sociedade, mas desejando substituí-la - tem influenciado, sobremaneira, as instituições de ensino superior (IES), notadamente aquelas dedicadas às ciências sociais aplicadas, como é o caso da Administração. Desejando sair do marasmo predominante nos textos acadêmicos, recorremos à estética desde os romances Robinson Crusoé e Germinal para inferir que as teses centrais dessas ficções - individualismo e coletivismo - podem ser facilitadores da interpretação das matrizes curriculares praticadas nas IES dedicadas ao ensino e à pesquisa em Administração. Parece ser, com as exceções de praxe, que o ensino e a pesquisa, nesta área de conhecimento, têm reforçado a relação senhor-escravo em detrimento de perceber o trabalhador como um ser social, portanto político, com potencial decisório no processo produtivo. Desse modo, Robinson Crusoé, como amo de Sexta Feira, guarda coerência com as práticas gerenciais contemporâneas em oposição ao desejo emancipatório de Étienne Lantier. O deus mercado, com o seu potencial fetichista que tudo transforma em mercadoria através do valor de troca, deve ser exorcizado por meio da intersubjetividade dos seres sociais, referenciado pelo valor de uso. Assim, no texto, os personagens Robinson e Étienne são personagens antitéticos sem, contudo, reconhecer que o primeiro exprime a realidade do mundo do trabalho, do sistema, e o segundo delineia uma sociedade gerencialmente compartilhada desde o mundo da vida.Núcleo de Pós-graduação em Administração, Escola de Administração, UFBA2016-06-28info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://periodicos.ufba.br/index.php/revistaoes/article/view/13267Organizações & Sociedade; Vol. 23 No. 78 (2016)Organizações & Sociedade; v. 23 n. 78 (2016)1984-92301413-585Xreponame:Organizações & Sociedade (Online)instname:Universidade Federal da Bahia (UFBA)instacron:UFBAporhttps://periodicos.ufba.br/index.php/revistaoes/article/view/13267/11174Tenório, Fernando Guilhermeinfo:eu-repo/semantics/openAccess2020-01-17T17:29:40Zoai:ojs.periodicos.ufba.br:article/13267Revistahttp://www.revistaoes.ufba.br/PUBhttps://old.scielo.br/oai/scielo-oai.phpcandidab@ufba.br||revistaoes@ufba.br1984-92301413-585Xopendoar:2020-01-17T17:29:40Organizações & Sociedade (Online) - Universidade Federal da Bahia (UFBA)false
dc.title.none.fl_str_mv Administração e a questão social: Entre o “robinsonismo” e o “étiennismo”
title Administração e a questão social: Entre o “robinsonismo” e o “étiennismo”
spellingShingle Administração e a questão social: Entre o “robinsonismo” e o “étiennismo”
Tenório, Fernando Guilherme
Ensino da administração
Questão econômica
Questão social e ser social
title_short Administração e a questão social: Entre o “robinsonismo” e o “étiennismo”
title_full Administração e a questão social: Entre o “robinsonismo” e o “étiennismo”
title_fullStr Administração e a questão social: Entre o “robinsonismo” e o “étiennismo”
title_full_unstemmed Administração e a questão social: Entre o “robinsonismo” e o “étiennismo”
title_sort Administração e a questão social: Entre o “robinsonismo” e o “étiennismo”
author Tenório, Fernando Guilherme
author_facet Tenório, Fernando Guilherme
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Tenório, Fernando Guilherme
dc.subject.por.fl_str_mv Ensino da administração
Questão econômica
Questão social e ser social
topic Ensino da administração
Questão econômica
Questão social e ser social
description Nas últimas décadas de hegemonia liberal econômica ou, como alguns desejam denominar, neoliberal, o determinismo de mercado se sobressai à sociedade. Tal leitura de mundo - o mercado não como um enclave da sociedade, mas desejando substituí-la - tem influenciado, sobremaneira, as instituições de ensino superior (IES), notadamente aquelas dedicadas às ciências sociais aplicadas, como é o caso da Administração. Desejando sair do marasmo predominante nos textos acadêmicos, recorremos à estética desde os romances Robinson Crusoé e Germinal para inferir que as teses centrais dessas ficções - individualismo e coletivismo - podem ser facilitadores da interpretação das matrizes curriculares praticadas nas IES dedicadas ao ensino e à pesquisa em Administração. Parece ser, com as exceções de praxe, que o ensino e a pesquisa, nesta área de conhecimento, têm reforçado a relação senhor-escravo em detrimento de perceber o trabalhador como um ser social, portanto político, com potencial decisório no processo produtivo. Desse modo, Robinson Crusoé, como amo de Sexta Feira, guarda coerência com as práticas gerenciais contemporâneas em oposição ao desejo emancipatório de Étienne Lantier. O deus mercado, com o seu potencial fetichista que tudo transforma em mercadoria através do valor de troca, deve ser exorcizado por meio da intersubjetividade dos seres sociais, referenciado pelo valor de uso. Assim, no texto, os personagens Robinson e Étienne são personagens antitéticos sem, contudo, reconhecer que o primeiro exprime a realidade do mundo do trabalho, do sistema, e o segundo delineia uma sociedade gerencialmente compartilhada desde o mundo da vida.
publishDate 2016
dc.date.none.fl_str_mv 2016-06-28
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://periodicos.ufba.br/index.php/revistaoes/article/view/13267
url https://periodicos.ufba.br/index.php/revistaoes/article/view/13267
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://periodicos.ufba.br/index.php/revistaoes/article/view/13267/11174
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Núcleo de Pós-graduação em Administração, Escola de Administração, UFBA
publisher.none.fl_str_mv Núcleo de Pós-graduação em Administração, Escola de Administração, UFBA
dc.source.none.fl_str_mv Organizações & Sociedade; Vol. 23 No. 78 (2016)
Organizações & Sociedade; v. 23 n. 78 (2016)
1984-9230
1413-585X
reponame:Organizações & Sociedade (Online)
instname:Universidade Federal da Bahia (UFBA)
instacron:UFBA
instname_str Universidade Federal da Bahia (UFBA)
instacron_str UFBA
institution UFBA
reponame_str Organizações & Sociedade (Online)
collection Organizações & Sociedade (Online)
repository.name.fl_str_mv Organizações & Sociedade (Online) - Universidade Federal da Bahia (UFBA)
repository.mail.fl_str_mv candidab@ufba.br||revistaoes@ufba.br
_version_ 1799698970334724096