Os movimentos sociais urbanos, a questão da organização e a democracia interna

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gondim, Linda Maria de Pontes
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista de Ciências Sociais
Texto Completo: http://www.periodicos.ufc.br/revcienso/article/view/44169
Resumo: Este trabalho analisa, no contexto dos movimentos sociais urbanos (MSUs, os limites e possibilidades concretas relacionadas a práticas alternativas àquelas geralmente adotadas pelas organizações que emergem no bojo de movimentos sociais. Primeiramente, discute-se, no plano teórico,problemas que a própria formação de associações burocraticamente organizadas pode acarretar para os MSUs, seja em termos de sua eficácia como agentes de transformação social, seja no que se refere aos limites que a burocratização coloca para a prática da democracia interna (a "lei férrea da oligarquia" de Michels). A seguir, apresentam-se as características do modelo alternativo de organização "democrático-coletivista", baseada na informalidade, no consenso e numa divisão de trabalho ad hoc e mínima.As dificuldades associadas a ambos os tipos de organização são consideradas a partir de experiências ocorridas no movimento de bairros de Fortaleza. Esta análise evidencia os dilemas suscitados, de um lado, pela demanda por menor formalização e centralismo, como meio de facilitar a participação direta e garantir o pluralismo; e,de outro, pela necessidade de procedimentos explícitos para dirimir conflitos e avaliar a legitimidade e representatividade de grupos que competem pelo controle de uma associação ou movimento. Finalmente, apresenta-se um modelo que pode ser a única saída efetiva para o dilema "organização versus participação direta". Esse modelo, fundamentado nas ideias utópicas de Habermas e Lechner, vai além do reconhecimento [e crítica) aos aspectos processuais da prática organizacional. Ele preconiza a busca por um consenso baseado num processo onde todos os participantes se reconheçam mutuamente como sujeitos da vida coletiva, não havendo lugar para a manipulação e o autoritarismo. Tal processo, pois, requer o reconhecimento intersubjetivo da validade ética dos procedimentos adotados, e não a mera aceitação das regras formais de democracia, seja ela praticada através da organização, ou da participação direta...
id UFC-6_d8cb1bdfe132b2a6fc052c2c72c2c0bb
oai_identifier_str oai:periodicos.ufc:article/44169
network_acronym_str UFC-6
network_name_str Revista de Ciências Sociais
repository_id_str
spelling Os movimentos sociais urbanos, a questão da organização e a democracia internaEste trabalho analisa, no contexto dos movimentos sociais urbanos (MSUs, os limites e possibilidades concretas relacionadas a práticas alternativas àquelas geralmente adotadas pelas organizações que emergem no bojo de movimentos sociais. Primeiramente, discute-se, no plano teórico,problemas que a própria formação de associações burocraticamente organizadas pode acarretar para os MSUs, seja em termos de sua eficácia como agentes de transformação social, seja no que se refere aos limites que a burocratização coloca para a prática da democracia interna (a "lei férrea da oligarquia" de Michels). A seguir, apresentam-se as características do modelo alternativo de organização "democrático-coletivista", baseada na informalidade, no consenso e numa divisão de trabalho ad hoc e mínima.As dificuldades associadas a ambos os tipos de organização são consideradas a partir de experiências ocorridas no movimento de bairros de Fortaleza. Esta análise evidencia os dilemas suscitados, de um lado, pela demanda por menor formalização e centralismo, como meio de facilitar a participação direta e garantir o pluralismo; e,de outro, pela necessidade de procedimentos explícitos para dirimir conflitos e avaliar a legitimidade e representatividade de grupos que competem pelo controle de uma associação ou movimento. Finalmente, apresenta-se um modelo que pode ser a única saída efetiva para o dilema "organização versus participação direta". Esse modelo, fundamentado nas ideias utópicas de Habermas e Lechner, vai além do reconhecimento [e crítica) aos aspectos processuais da prática organizacional. Ele preconiza a busca por um consenso baseado num processo onde todos os participantes se reconheçam mutuamente como sujeitos da vida coletiva, não havendo lugar para a manipulação e o autoritarismo. Tal processo, pois, requer o reconhecimento intersubjetivo da validade ética dos procedimentos adotados, e não a mera aceitação das regras formais de democracia, seja ela praticada através da organização, ou da participação direta...Universidade Federal do Ceará2020-05-21info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttp://www.periodicos.ufc.br/revcienso/article/view/44169Revista de Ciências Sociais (Social Sciences' Journal); Vol. 20 No. 1/2 (1990): Revista de Ciências Sociais; 31 - 60Revista de Ciências Sociais (Revista de Ciencias Sociales); Vol. 20 Núm. 1/2 (1990): Revista de Ciências Sociais; 31 - 60Revista de Ciências Sociais; v. 20 n. 1/2 (1990): Revista de Ciências Sociais; 31 - 602318-46200041-8862reponame:Revista de Ciências Sociaisinstname:Universidade Federal do Ceará (UFC)instacron:UFCporhttp://www.periodicos.ufc.br/revcienso/article/view/44169/161985Copyright (c) 2020 Revista de Ciências Sociaisinfo:eu-repo/semantics/openAccessGondim, Linda Maria de Pontes 2020-08-15T16:59:53Zoai:periodicos.ufc:article/44169Revistahttp://periodicos.ufc.br/revciensoPUBhttp://www.periodicos.ufc.br/index.php/revcienso/oai||rcs.ufc@gmail.com|| cunhafilho@ufc.br2318-46200041-8862opendoar:2020-08-15T16:59:53Revista de Ciências Sociais - Universidade Federal do Ceará (UFC)false
dc.title.none.fl_str_mv Os movimentos sociais urbanos, a questão da organização e a democracia interna
title Os movimentos sociais urbanos, a questão da organização e a democracia interna
spellingShingle Os movimentos sociais urbanos, a questão da organização e a democracia interna
Gondim, Linda Maria de Pontes
title_short Os movimentos sociais urbanos, a questão da organização e a democracia interna
title_full Os movimentos sociais urbanos, a questão da organização e a democracia interna
title_fullStr Os movimentos sociais urbanos, a questão da organização e a democracia interna
title_full_unstemmed Os movimentos sociais urbanos, a questão da organização e a democracia interna
title_sort Os movimentos sociais urbanos, a questão da organização e a democracia interna
author Gondim, Linda Maria de Pontes
author_facet Gondim, Linda Maria de Pontes
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Gondim, Linda Maria de Pontes
description Este trabalho analisa, no contexto dos movimentos sociais urbanos (MSUs, os limites e possibilidades concretas relacionadas a práticas alternativas àquelas geralmente adotadas pelas organizações que emergem no bojo de movimentos sociais. Primeiramente, discute-se, no plano teórico,problemas que a própria formação de associações burocraticamente organizadas pode acarretar para os MSUs, seja em termos de sua eficácia como agentes de transformação social, seja no que se refere aos limites que a burocratização coloca para a prática da democracia interna (a "lei férrea da oligarquia" de Michels). A seguir, apresentam-se as características do modelo alternativo de organização "democrático-coletivista", baseada na informalidade, no consenso e numa divisão de trabalho ad hoc e mínima.As dificuldades associadas a ambos os tipos de organização são consideradas a partir de experiências ocorridas no movimento de bairros de Fortaleza. Esta análise evidencia os dilemas suscitados, de um lado, pela demanda por menor formalização e centralismo, como meio de facilitar a participação direta e garantir o pluralismo; e,de outro, pela necessidade de procedimentos explícitos para dirimir conflitos e avaliar a legitimidade e representatividade de grupos que competem pelo controle de uma associação ou movimento. Finalmente, apresenta-se um modelo que pode ser a única saída efetiva para o dilema "organização versus participação direta". Esse modelo, fundamentado nas ideias utópicas de Habermas e Lechner, vai além do reconhecimento [e crítica) aos aspectos processuais da prática organizacional. Ele preconiza a busca por um consenso baseado num processo onde todos os participantes se reconheçam mutuamente como sujeitos da vida coletiva, não havendo lugar para a manipulação e o autoritarismo. Tal processo, pois, requer o reconhecimento intersubjetivo da validade ética dos procedimentos adotados, e não a mera aceitação das regras formais de democracia, seja ela praticada através da organização, ou da participação direta...
publishDate 2020
dc.date.none.fl_str_mv 2020-05-21
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://www.periodicos.ufc.br/revcienso/article/view/44169
url http://www.periodicos.ufc.br/revcienso/article/view/44169
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv http://www.periodicos.ufc.br/revcienso/article/view/44169/161985
dc.rights.driver.fl_str_mv Copyright (c) 2020 Revista de Ciências Sociais
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Copyright (c) 2020 Revista de Ciências Sociais
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal do Ceará
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal do Ceará
dc.source.none.fl_str_mv Revista de Ciências Sociais (Social Sciences' Journal); Vol. 20 No. 1/2 (1990): Revista de Ciências Sociais; 31 - 60
Revista de Ciências Sociais (Revista de Ciencias Sociales); Vol. 20 Núm. 1/2 (1990): Revista de Ciências Sociais; 31 - 60
Revista de Ciências Sociais; v. 20 n. 1/2 (1990): Revista de Ciências Sociais; 31 - 60
2318-4620
0041-8862
reponame:Revista de Ciências Sociais
instname:Universidade Federal do Ceará (UFC)
instacron:UFC
instname_str Universidade Federal do Ceará (UFC)
instacron_str UFC
institution UFC
reponame_str Revista de Ciências Sociais
collection Revista de Ciências Sociais
repository.name.fl_str_mv Revista de Ciências Sociais - Universidade Federal do Ceará (UFC)
repository.mail.fl_str_mv ||rcs.ufc@gmail.com|| cunhafilho@ufc.br
_version_ 1799698949343281152