Um sertão encantado: homenagem aos 110 anos de Patativa do Passaré

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Brito, Antonio Iraildo Alves de
Data de Publicação: 2019
Outros Autores: Pinheiro, Maria do Socorro
Tipo de documento: Livro
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Texto Completo: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/48198
Resumo: A originalidade da obra de Patativa do Assaré está na capacidade de incorporar saberes vários a partir de seu lugar de fala, da variedade linguística sertaneja, da sabedoria popular adornada de saberes ancestrais. Cada verso e suas rimas são como que formas de interações múltiplas. Cada composição verte imagens de um sertão rico de belezas, que se transforma em jardim de cheiros, sabores e fartura quando a chuva cai no torrão esturricado. Mas, mesmo no chão seco e rachado, o poeta é capaz de haurir dali a beleza escondida. Trata-se de obra que nasce do espanto, aquele espanto filosófico. Como ele mesmo registrou: "Pra toda parte que eu óio vejo um verso se buli" O signo por excelência em Patativa parece ser o da esperança. Sua originalidade consiste ainda na capacidade de entrelaçamento, no encontro do homem sertanejo com a natureza. Nota-se, em sua obra, que as "falas da natureza" entram boca adentro e se revelam no canto entoado. Por isso, o significado das coisas e dos objetos parece aumentar, porque se relacionam uns com os outros. A própria característica de compor sempre em rimas expressa esse entrelaçamento. A poética de Patativa é uma voz capaz de tocar a existência desde a linguagem comum de todo dia e dos temas mais corriqueiros, haurindo daí a matéria-prima para sedimentar a vida de sentido. Desde o trabalho pesado na agricultura, no trato com a terra, as plantas, os bichos, Patativa gesta sua obra, tendo como primeira mídia seu próprio corpo, mídia viva, porque sua poética é voz. E voz aqui está para além do que se costuma se referir com o termo "oralidade". [...]
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