Mulheres da borracha: as bem traçadas linhas da migração
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2012 |
Tipo de documento: | Artigo de conferência |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC) |
Texto Completo: | http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/43020 |
Resumo: | Quando criança, minha avó sempre contava que um dia ele saiu para comprar cigarros e foi embora para as terras do Norte. O melhor era ouvir sobre suas aventuras com índios, onças, cobras e como ele ficou tão rico, casou-se com uma índia de cabelos compridos e por isso nunca mais voltou. Em busca do El Dourado prometido pela fartura da floresta tropical, meu bisavô partiu para a Amazônia no início do século XX. Depois de sua partida, a família nunca teve nenhuma notícia. O que ficou do Velho Cruz foi a lembrança contada pela minha avó e o sobrenome da família. Sem nenhuma carta ou informação sobre o paradeiro dele, restou à sua família apenas imaginar o que lhe teria acontecido. E como notícia ruim chega depressa, a falta dela deve representar um final feliz. As narrativas construídas sobre a Amazônia estão cercadas de aventuras e imaginação. Analisando a função do personagem que deixa o lar1 , o migrante, temos a apresentação do Herói desbravador em busca de novas terras. Segundo Propp (1984): “[...] o Conto Maravilhoso, habitualmente, começa com certa situação inicial.” - a seca, nesse caso. Mesmo abandonando a família, a memória da migração de meu bisavô foi contada como um ato de heroísmo. Ao invés de imaginar que ele tivesse morrido, como aconteceu a um grande número de migrantes que para lá foram desde o início do século passado, a história que passou para netos e bisnetos era a de vitória e prosperidade. Com o advento de um sistema próprio de correspondência, o processo migratório que se operou durante a Segunda Guerra Mundial, buscava – ou pretendia aparentar - facilitar a troca de notícias com os familiares. Mas este sistema não teve grandes avanços e mesmo na segunda metade do século XX, muitas foram as famílias que continuaram inventando histórias sobre homens que migraram e desbravaram as terras do Norte. [...] |
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