Retóricas do atraso e da crise. Ceará 1916-1930

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Amaral, Eduardo Lúcio Guilherme
Data de Publicação: 2016
Outros Autores: Furtado Filho, João Ernani
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Texto Completo: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/45675
Resumo: O objetivo deste trabalho é o de investigar as diversas estratégias retóricas relativas ao discurso político cearense entre os anos de 1916 a 1930. No caso em questão, aborda-se o discurso emanado a partir da imprensa católica, mais precisamente nos escritos do padre Tabosa Braga, editorialista do jornal “O Nordeste”. Este discurso, que se proclamava a-político, na verdade, estava inserido numa complexa disputa pela hegemonia política no Ceará na década de 1920. Suas estratégias retóricas fundamentam-se em três alicerces: em primeiro lugar, na premissa de que havia uma crise moral (um descalabro moral) em curso na sociedade cearense da época; em segundo lugar, que tal crise havia sido desencadeada pelo avanço de um ideário “modernista” contrário ao caráter popular (católico, ordeiro e hierarquicamente constituído); e, finalmente, em terceiro lugar, na proposição de uma restauração da hierarquia social (ameaçada) por intermédio de representações sociais fundadas nas premissas do organicismo social. Consequentemente, tais alicerces apontavam no sentido da constituição de uma sociedade rigidamente estratificada, hierarquicamente organizada, de caráter autoritário que alcançasse a reprodução continuada da desigualdade. A metodologia deste trabalho se arvora em dois pressupostos: o primeiro, que salienta a investigação das estratégias retóricas do discurso político, atentando para as suas peculiaridades, tais como o seu “pathos” (ou seja, o recurso à emoção), o seu “ethos” (a formação das identidades) e a sua “eloquentia”, qual seja, as estratégias de persuasão, convencimento, arregimentação. O segundo pressuposto metodológico afirma que o texto (no caso, o discurso da política) antes de ser um “reflexo” ou “produto” da estrutura sobre a superestrutura, na realidade é um instrumento de poder, a partir da qual se batem diversos projetos para a sua consecução. Necessariamente, quer-se por em relevo as chamadas “condições de produção” deste discurso, quais sejam: a institui
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