Orfeu num morro do Rio de Janeiro
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 1982 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC) |
Texto Completo: | http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/49397 |
Resumo: | A leitura de Orfeu da Conceição começa com a transcrição do texto que lhe serve de origem - Mito de Orfeu. A começar pelo título, pode-se ler na tragédia carioca de Vinicius de Morais uma série de códigos que se cruzam para formar a significação textual, que é a peça teatral, sem em nenhum momento negar a referência que lhe serve de inspiração. Endossar e reforçar uma ideologia pregada por outrem é uma atitude parafrásica que se tornou comum no modernismo brasileiro. Cassiano Ricardo em Vamos Caçar Papagaios (1926) e Marfim Cererê (1928) usa a paráfrase como um desdobramento de uma linguagem antiga em junção com o mito: fala do futuro com imagens do passado, não instaura uma nova ordem, não é o emissor do novo, mas o transmissor, o contlnuador de uma linguagem mítico-ideológica tradicional. O próprio mito de Orfeu já serviu de tema a muitas recriações literárias. Em nossa literatura, lembramos do conto de Anibal Machado "Viagem aos Seios de Duília", onde Orfeu "aparece" sob o nome prosaico de José Maria, empreendendo uma viagem obstinada e doentia de volta aos seios luminosos de sua "Eurídice". A peça carioca em si, seus personagens, sua ação, seu conflito vão mostrar não a ruptura e a instauração de uma nova linguagem, mas a adesão, a continuidade da linguagem ideológica pregada pelo mito grego: Orfeu dramatiza o perigoso jogo da existência humana, cujos chamados são irresistíveis se queremos crescer em percepção e conhecimento. Em Orfeu da Conceição, Vinicius de Morais vai criar um universo expressivo adequado à natureza dos acontecimentos que vão desenrolar-se dentro deles.[...] |
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