Ser povo, e não ser do povo: uma reflexão sobre a trajetória intelectual de Lima Barreto (Rio de Janeiro, 1889-1922).

• Autor(a) principal: Silva, Marcos Renan Praciano da
• Data de Publicação: 2016
• Outros Autores: Oliveira, Irenísia Torres de
• Tipo de documento: Artigo de conferência
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
• Texto Completo: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/48830
• topic: Lima Barreto; Trajetória; Povo

Esse resumo é parte da minha dissertação de mestrado que visa analisar os escritos de Lima Barreto relativos aos pobres e a pobreza. Para a comunicação em curso, apresento um estudo sobre sua trajetória, buscando analisá-la a partir dos dilemas e contradições de sua vida entre “ser e não ser do povo”, levando em conta que o intelectual manifestou em várias situações sua (in) conformidade em pertencer aos pobres pela sua condição de classe e de cor, ao mesmo tempo em que se via diferente por achar que não deveria levar uma vida em comum com os mesmos em virtude de ocupar uma posição intelectualizada, quando do acesso ao universo das classes dirigentes pela via dos estudos, chegando a cursar engenharia na Politécnica, via patrocínio do padrinho, o Visconde de Ouro Preto. Rompendo com uma concepção de trajetória de viés simplista, ou seja, de que a história de vida de um indivíduo é a consequência inevitável de um percurso marcado pela linearidade, encerrando-se num fim, construímos uma percepção que leva em conta a complexidade da vida, partindo da crítica a uma produção historiográfica que construiu uma associação direta e identificadora entre o autor e os populares, dando a entender a mais completa harmonia. Daí o entendimento de que o que Lima Barreto expressou sobre tais segmentos da população não é uma verdade única e exclusiva, também não é o falso. Estabelece ele um ponto de vista do indivíduo que teve experiências várias, ora aproximando-se, ora distanciando-se daqueles sobres os quais escreveu. Teórico e metodologicamente fundamentado no campo da História Social, utilizo por fonte a literatura por ele produzida (romances, crônicas e contos), além dos seus escritos de cunho pessoal, a exemplo de seu diário e correspondências.