O papel dos artefatos na construção de significados matemáticos por estudantes do ensino fundamental II

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Carvalho, Liliane Maria Teixeira Lima de
Data de Publicação: 2008
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Texto Completo: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/3016
Resumo: A pesquisa investiga se diferentes formas de conceber o papel dos artefatos e apresentação da informação influenciam a construção de significados matemáticos por estudantes de 11 a 14 anos. A cognição humana é concebida como processo mediado pela tradição cultural e histórica das representações enquanto artefatos, inserindo-se essa análise no âmbito do raciocínio matemático. Utilizou-se o método experimental aliado a uma pesquisa-ação envolvendo o design intencional de tarefas. Explorou-se o papel mediacional das tarefas, desde a sua confecção e introdução na sala de aula de matemática, até o seu uso pelos estudantes. Essa abordagem se concretizou por meio de seis experimentos, dos quais participaram 922 estudantes: 598 oriundos do key Stage Three (corresponde em idade ao 7º, 8º e 9º anos do Ensino Fundamental II no Brasil) de quatro escolas inglesas, e 324 oriundos do 7º, 8º e 9º anos de duas escolas brasileiras. O Experimento 1 investiga se gráficos, tabelas ou casos isolados influenciam o raciocínio dos estudantes sobre variáveis discretas. O Experimento 2 verifica se diferentes informações sobre variáveis contínuas influenciam a interpretação gráfica dos estudantes. O Experimento 3 analisa se interações de aspectos visuais e conceituais da informação sobre variáveis contínuas influenciam a interpretação gráfica dos estudantes. O Experimento 4 investiga se gráficos, tabelas ou a combinação de ambas as representações influencia interações de aspectos visuais e conceituais da informação. Esses quatro experimentos foram realizados nas escolas inglesas. As tarefas usadas no primeiro e quarto experimentos foram aplicadas nas escolas brasileiras, sendo designados Experimentos 5 e 6, respectivamente. As tarefas foram potencialmente facilitadoras ao uso de conteúdos matemáticos. Os Experimentos 1 e 5 oferecem evidências de que estudantes já familiarizados com representações em tabelas e gráficos para representar variáveis discretas não se beneficiam em atividades em que eles precisam organizar os dados por eles mesmos. Estudantes ingleses tiram proveito igualmente de tabelas e gráficos. Estudantes brasileiros não se beneficiam do uso de tabelas. Os Experimentos 2 e 3 confirmam resultados de estudos prévios de que informações gráficas sobre variáveis contínuas possuem diferentes níveis de complexidade. Ler pontos é significativamente mais fácil do que interpretar problemas globais. Os Experimentos 2 e 3 também confirmam a hipótese de que os problemas de inferência inversa explicam as dificuldades com informações globais. Essa dificuldade é acentuada em gráficos com inclinação negativa. O Experimento 4 mostra que a forma de apresentação da informação não afeta o desempenho dos estudantes na resolução de problemas sobre variáveis contínuas. O raciocínio dos estudantes sobre variáveis contínuas, no entanto, é influenciado pela forma de apresentação da informação. A pesquisa sugere a necessidade de uma discriminação da informação não apenas quanto ao tipo de variável, discreta ou contínua, ou tipo de relação proporcional, direta ou inversa, mas também quanto ao tipo de inferências requeridas dos estudantes.
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