Equipe de saúde mental : sociopoetizando o hospital-dia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silveira, Lia Carneiro
Data de Publicação: 2001
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Texto Completo: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/62507
Resumo: As políticas de saúde mental no Brasil tem se transformado consideravelmente nas últimas décadas. Após o movimento da reforma psiquiátrica, a estrutura dos serviços de saúde mental deixou de ser restrita ao hospital de internamento psiquiátrico e passou a compreender uma rede. Esta é composta por serviços variados de acordo com níveis de assistência, entre eles o hospital-dia. Realizamos este estudo, partindo do princípio de que, não basta mudar as estruturas físicas, se isso não vier acompanhado de uma mudança no nosso modo de perceber e, consequentemente, agir perante a loucura. De acordo com os pressupostos da psiquiatria democrática italiana, a "produção de vida", é o instrumento dos profissionais de saúde da reforma psiquiátrica. Para possibilitarmos essa produção de vida àqueles que assistimos, precisamos, antes de tudo, permitirmo-nos experiencia-la dentro de nós mesmos. Precisamos questionar e descristalizar nossos próprios papéis para que só assim possamos abrir espaço para a produção de vida das pessoas em sofrimento mental. Objetivamos, no presente estudo, apreender as possibilidades de construção da prática da assistência ao indivíduo em sofrimento mental dentro dos novos serviços. Para atingirmos esse objetivo, entendemos ser necessário Identificar linhas de fuga e teritorializações possíveis para a equipe de saúde mental, além de criar espaços que possibilitem a auto-análise. Como referencial teórico-metodológico, utilizamos a sociopoética e as idéias de filósofos da linha esquizoanaiítica. A produção dos dados da pesquisa deu-se através da realização de oficinas com a equipe de saúde mental de um hospital-dia da rede pública de serviços de Fortaleza. Através da metodologia utilizada, percebemos que, o grupo-pesquisador, no desenrolar das oficinas, soube mostrar como o processo de construção da prática da assistência em saúde mental está acontecendo em sua realidade. Foi possível identificar linhas de fuga, tantas e tão variadas, que seria impossível apreender todas elas. Entretanto, durante o processo, o grupo pesquisador abriu-se para as passagens que essas linhas provocam. Acelerá-las e multiplicá-las, essa é a tarefa que fica. Todo esse processo possibilitou a criação de espaços para auto-análise, deixando evidente a importância dos mesmos para a permanente construção na equipe. Entendemos que essa foi a principal contribuição desta pesquisa para a equipe de saúde mental. No entanto, ainda é pouco. Para que a equipe possa trabalhar os processos institucionais, as tecnologias enxertadas no processo de socialização, os afetos provocados pelo trabalho interdisciplinar e as frequentes desterritorializações produzidas pelo contato com a loucura, é necessário que a auto-análise seja um processo contínuo. Realizamos, também, uma descrição de todo o processo de pesquisa com uma metodologia sociopoética, visto esta ser uma metodologia inovadora e ainda pouco divulgada na enfermagem. Apesar disso, ressaltamos a importância, para a enfermagem, de metodologias que estimulem a criatividade, a análise das implicações e a visão da subjetividade enquanto processo. Nós, enfermeiras, trabalhamos a todo momento com corpos. Não só corpos físicos, mas também afetivos, libidinais, entre outros. O que faremos desses contatos é uma questão, acima de tudo, ética. Temos um compromisso com a produção de vida daqueles a quem prestamos assistência.
id UFC-7_2a9aba33fe1dce7e4ffad73487489f53
oai_identifier_str oai:repositorio.ufc.br:riufc/62507
network_acronym_str UFC-7
network_name_str Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
repository_id_str
spelling Equipe de saúde mental : sociopoetizando o hospital-diaEnfermagem PsiquiátricaSaúde MentalHospital DiaAs políticas de saúde mental no Brasil tem se transformado consideravelmente nas últimas décadas. Após o movimento da reforma psiquiátrica, a estrutura dos serviços de saúde mental deixou de ser restrita ao hospital de internamento psiquiátrico e passou a compreender uma rede. Esta é composta por serviços variados de acordo com níveis de assistência, entre eles o hospital-dia. Realizamos este estudo, partindo do princípio de que, não basta mudar as estruturas físicas, se isso não vier acompanhado de uma mudança no nosso modo de perceber e, consequentemente, agir perante a loucura. De acordo com os pressupostos da psiquiatria democrática italiana, a "produção de vida", é o instrumento dos profissionais de saúde da reforma psiquiátrica. Para possibilitarmos essa produção de vida àqueles que assistimos, precisamos, antes de tudo, permitirmo-nos experiencia-la dentro de nós mesmos. Precisamos questionar e descristalizar nossos próprios papéis para que só assim possamos abrir espaço para a produção de vida das pessoas em sofrimento mental. Objetivamos, no presente estudo, apreender as possibilidades de construção da prática da assistência ao indivíduo em sofrimento mental dentro dos novos serviços. Para atingirmos esse objetivo, entendemos ser necessário Identificar linhas de fuga e teritorializações possíveis para a equipe de saúde mental, além de criar espaços que possibilitem a auto-análise. Como referencial teórico-metodológico, utilizamos a sociopoética e as idéias de filósofos da linha esquizoanaiítica. A produção dos dados da pesquisa deu-se através da realização de oficinas com a equipe de saúde mental de um hospital-dia da rede pública de serviços de Fortaleza. Através da metodologia utilizada, percebemos que, o grupo-pesquisador, no desenrolar das oficinas, soube mostrar como o processo de construção da prática da assistência em saúde mental está acontecendo em sua realidade. Foi possível identificar linhas de fuga, tantas e tão variadas, que seria impossível apreender todas elas. Entretanto, durante o processo, o grupo pesquisador abriu-se para as passagens que essas linhas provocam. Acelerá-las e multiplicá-las, essa é a tarefa que fica. Todo esse processo possibilitou a criação de espaços para auto-análise, deixando evidente a importância dos mesmos para a permanente construção na equipe. Entendemos que essa foi a principal contribuição desta pesquisa para a equipe de saúde mental. No entanto, ainda é pouco. Para que a equipe possa trabalhar os processos institucionais, as tecnologias enxertadas no processo de socialização, os afetos provocados pelo trabalho interdisciplinar e as frequentes desterritorializações produzidas pelo contato com a loucura, é necessário que a auto-análise seja um processo contínuo. Realizamos, também, uma descrição de todo o processo de pesquisa com uma metodologia sociopoética, visto esta ser uma metodologia inovadora e ainda pouco divulgada na enfermagem. Apesar disso, ressaltamos a importância, para a enfermagem, de metodologias que estimulem a criatividade, a análise das implicações e a visão da subjetividade enquanto processo. Nós, enfermeiras, trabalhamos a todo momento com corpos. Não só corpos físicos, mas também afetivos, libidinais, entre outros. O que faremos desses contatos é uma questão, acima de tudo, ética. Temos um compromisso com a produção de vida daqueles a quem prestamos assistência.Braga, Violante Augusta BatistaSilveira, Lia Carneiro2021-11-26T11:33:11Z2021-11-26T11:33:11Z2001info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfSILVEIRA, Lia Carneiro. Equipe de saúde mental : sociopoetizando o hospital-dia. 2001. 129 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2001. Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/62507. Acesso em: 26/11/2021.http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/62507porreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)instname:Universidade Federal do Ceará (UFC)instacron:UFCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2021-11-26T11:34:11Zoai:repositorio.ufc.br:riufc/62507Repositório InstitucionalPUBhttp://www.repositorio.ufc.br/ri-oai/requestbu@ufc.br || repositorio@ufc.bropendoar:2021-11-26T11:34:11Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC) - Universidade Federal do Ceará (UFC)false
dc.title.none.fl_str_mv Equipe de saúde mental : sociopoetizando o hospital-dia
title Equipe de saúde mental : sociopoetizando o hospital-dia
spellingShingle Equipe de saúde mental : sociopoetizando o hospital-dia
Silveira, Lia Carneiro
Enfermagem Psiquiátrica
Saúde Mental
Hospital Dia
title_short Equipe de saúde mental : sociopoetizando o hospital-dia
title_full Equipe de saúde mental : sociopoetizando o hospital-dia
title_fullStr Equipe de saúde mental : sociopoetizando o hospital-dia
title_full_unstemmed Equipe de saúde mental : sociopoetizando o hospital-dia
title_sort Equipe de saúde mental : sociopoetizando o hospital-dia
author Silveira, Lia Carneiro
author_facet Silveira, Lia Carneiro
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Braga, Violante Augusta Batista
dc.contributor.author.fl_str_mv Silveira, Lia Carneiro
dc.subject.por.fl_str_mv Enfermagem Psiquiátrica
Saúde Mental
Hospital Dia
topic Enfermagem Psiquiátrica
Saúde Mental
Hospital Dia
description As políticas de saúde mental no Brasil tem se transformado consideravelmente nas últimas décadas. Após o movimento da reforma psiquiátrica, a estrutura dos serviços de saúde mental deixou de ser restrita ao hospital de internamento psiquiátrico e passou a compreender uma rede. Esta é composta por serviços variados de acordo com níveis de assistência, entre eles o hospital-dia. Realizamos este estudo, partindo do princípio de que, não basta mudar as estruturas físicas, se isso não vier acompanhado de uma mudança no nosso modo de perceber e, consequentemente, agir perante a loucura. De acordo com os pressupostos da psiquiatria democrática italiana, a "produção de vida", é o instrumento dos profissionais de saúde da reforma psiquiátrica. Para possibilitarmos essa produção de vida àqueles que assistimos, precisamos, antes de tudo, permitirmo-nos experiencia-la dentro de nós mesmos. Precisamos questionar e descristalizar nossos próprios papéis para que só assim possamos abrir espaço para a produção de vida das pessoas em sofrimento mental. Objetivamos, no presente estudo, apreender as possibilidades de construção da prática da assistência ao indivíduo em sofrimento mental dentro dos novos serviços. Para atingirmos esse objetivo, entendemos ser necessário Identificar linhas de fuga e teritorializações possíveis para a equipe de saúde mental, além de criar espaços que possibilitem a auto-análise. Como referencial teórico-metodológico, utilizamos a sociopoética e as idéias de filósofos da linha esquizoanaiítica. A produção dos dados da pesquisa deu-se através da realização de oficinas com a equipe de saúde mental de um hospital-dia da rede pública de serviços de Fortaleza. Através da metodologia utilizada, percebemos que, o grupo-pesquisador, no desenrolar das oficinas, soube mostrar como o processo de construção da prática da assistência em saúde mental está acontecendo em sua realidade. Foi possível identificar linhas de fuga, tantas e tão variadas, que seria impossível apreender todas elas. Entretanto, durante o processo, o grupo pesquisador abriu-se para as passagens que essas linhas provocam. Acelerá-las e multiplicá-las, essa é a tarefa que fica. Todo esse processo possibilitou a criação de espaços para auto-análise, deixando evidente a importância dos mesmos para a permanente construção na equipe. Entendemos que essa foi a principal contribuição desta pesquisa para a equipe de saúde mental. No entanto, ainda é pouco. Para que a equipe possa trabalhar os processos institucionais, as tecnologias enxertadas no processo de socialização, os afetos provocados pelo trabalho interdisciplinar e as frequentes desterritorializações produzidas pelo contato com a loucura, é necessário que a auto-análise seja um processo contínuo. Realizamos, também, uma descrição de todo o processo de pesquisa com uma metodologia sociopoética, visto esta ser uma metodologia inovadora e ainda pouco divulgada na enfermagem. Apesar disso, ressaltamos a importância, para a enfermagem, de metodologias que estimulem a criatividade, a análise das implicações e a visão da subjetividade enquanto processo. Nós, enfermeiras, trabalhamos a todo momento com corpos. Não só corpos físicos, mas também afetivos, libidinais, entre outros. O que faremos desses contatos é uma questão, acima de tudo, ética. Temos um compromisso com a produção de vida daqueles a quem prestamos assistência.
publishDate 2001
dc.date.none.fl_str_mv 2001
2021-11-26T11:33:11Z
2021-11-26T11:33:11Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv SILVEIRA, Lia Carneiro. Equipe de saúde mental : sociopoetizando o hospital-dia. 2001. 129 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2001. Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/62507. Acesso em: 26/11/2021.
http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/62507
identifier_str_mv SILVEIRA, Lia Carneiro. Equipe de saúde mental : sociopoetizando o hospital-dia. 2001. 129 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2001. Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/62507. Acesso em: 26/11/2021.
url http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/62507
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
instname:Universidade Federal do Ceará (UFC)
instacron:UFC
instname_str Universidade Federal do Ceará (UFC)
instacron_str UFC
institution UFC
reponame_str Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
collection Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC) - Universidade Federal do Ceará (UFC)
repository.mail.fl_str_mv bu@ufc.br || repositorio@ufc.br
_version_ 1823806784535527424