Valores humanos como prática educativa no cotidiano da Escola Yolanda Queiroz - Comunidade do Dendê

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Freitas, Ana Cláudia Fernandes de
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Texto Completo: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/9132
Resumo: Este estudo objetivou investigar de que forma acontece o processo de construção de valores humanos no cotidiano da escola de Aplicação Yolanda Queiroz, bem como identificar os fatores que dificultam ações cotidianas pautadas nos valores humanos. As análises sobre valores humanos considerando mirar a educação para a paz, fundamentam-se nos estudos de Max Scheler (2008), Celso Antunes (2011), Xésus Jares (2007), Jean Piaget (1954) entre outros autores que surgem para amparar as análises realizadas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo pesquisa-ação, realizada com professores, funcionários, alunos e pais que toma a escola e sua cultura como ambiência que interconecta ações de variados matize e que confluem e constituem o tecido onde se dá a ação com valores humanos em estudo. A coleta de dados se deu por meio de técnicas como observação participante e entrevista semi-estruturada, e alongou-se em descrições que eram suspensas criticamente pelas reflexões da pesquisadora, inclusas no Jornal da Pesquisa. Os dados, em parte, foram registrados no Jornal da Pesquisa, instrumental de registro do pesquisador, através de fotos, produções escritas e desenhos. Os resultados demonstraram que a construção e valores na escola requerem que se considere a interconectividade de todos os fenômenos no contexto escolar. Abordagem dessa natureza exige que os problemas da relação aluno e educador e de educadores e trabalhadores entre si, como também a gestão e o cotidiano de escuta sensível ao aluno em sala de aula e outras ambiências do espaço escolar, devam ser (re)vistos permanentemente, no contexto dos processos reflexivos que pensam a prática coletivamente, de maneira que produzir saber coletivamente sobre o vivido na escola seja o alicerce para essa construção de valores. Também, o lugar de educador conferido aos pais – a autorização da escola para os pais pensarem as questões educacionais que se vivencia coletivamente com o conjunto dos professores e que possui aspectos concretos de planejamento, avaliação, mas também de estudo (reflexão sobre a prática de transformar) – é aspecto fundamental nessa construção. Por outro lado, vimos que solicitar a participação dos pais na escola, por meio de mecanismos específicos como a Escola de Pais, canal de participação sistemática, autorizando-os como instância reflexiva importante na construção coletiva do pensamento escolar, leva-os a um movimento de deslocamento do olhar e dá-lhes um lugar de sujeito de sua educação e da escola, o que, por uma espécie de transferência de campo evidencia o dialogismo que passam a fazer entre o mundo da escola e outras esferas grupais de suas vidas. Viu-se que esse processo de reflexão e autorização sistemáticas junto à escola, tende a levar os pais a perceberem-se ativos na construção da relação com seus filhos e se colocando como parte dela. A disciplina de formação humana, ao levar os professores ao universo infantil e sua escuta, mediante linguagens expressivas diversas (em particular arte e literatura), torna o educador implicado pessoalmente na construção dos valores na escola – e não apenas o aluno. Isso se deveu em parte, também, pela Ciranda de Estudos: lugar de reflexão com todos os educadores e que estuda sistematicamente todos os âmbitos da realidade escolar, situando cada um como produtor de si e dos fenômenos que constituem a cultura escolar. Concluiu-se que a conexão dos fenômenos da escola não deve excluir momentos reflexivos e sistemáticos com cada segmento da escola, uma vez que a ação de construção de valores humanos exige uma leitura vigilante calcada nas tarefas da razão, mas uma razão alargada, que inclui a compreensão da dimensão afetivo-moral e do que capturam as linguagens estético-expressivas. Nossos estudos, portanto, apontam para que, na construção dos valores em educação, se considere os sujeitos como ser multidimensional e espiritual; e que se tente acessar seus mundos de vida por meio de diferentes linguagens expressivas como as da arte e da literatura, sem excluir a fala e escuta coletiva. A partir de tais resultados, pode-se dizer que em valores humanos a participação na escola, de todos os segmentos envolvidos, é solo fundamental de uma construção ético-moral que chama a si múltiplas dimensões do sujeito, em uma tarefa que é processual, ainda que calçada em projetos específicos, com tempo-espaço marcados no âmbito do fazer pedagógico da escola. O estudo evidenciou ainda que haja uma interdependência profunda entre os modos de ser e conviver dos sujeitos, na cultura escolar, com os da vida comunitária de que participam, mas que quando se realiza transformações que assinalam seu caráter de reflexão sobre o vivido na escola, ocorrem transferências de campo e o que foi aprendido no universo da escola passa a ser levado como reposta, pergunta ou problema para o universo comunitário, implicando mudanças. Constatou-se que as experiências de colaboração na escola e de leitura do sentimento, amparadas na reflexão vivida nos projetos, que traziam implicações para a cultura escolar como um todo influía nas condições democráticas da escola, condicionavam o trabalho com valores e o próprio projeto político-pedagógico elaborado e praticado pelos seus sujeitos.
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Trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo pesquisa-ação, realizada com professores, funcionários, alunos e pais que toma a escola e sua cultura como ambiência que interconecta ações de variados matize e que confluem e constituem o tecido onde se dá a ação com valores humanos em estudo. A coleta de dados se deu por meio de técnicas como observação participante e entrevista semi-estruturada, e alongou-se em descrições que eram suspensas criticamente pelas reflexões da pesquisadora, inclusas no Jornal da Pesquisa. Os dados, em parte, foram registrados no Jornal da Pesquisa, instrumental de registro do pesquisador, através de fotos, produções escritas e desenhos. Os resultados demonstraram que a construção e valores na escola requerem que se considere a interconectividade de todos os fenômenos no contexto escolar. Abordagem dessa natureza exige que os problemas da relação aluno e educador e de educadores e trabalhadores entre si, como também a gestão e o cotidiano de escuta sensível ao aluno em sala de aula e outras ambiências do espaço escolar, devam ser (re)vistos permanentemente, no contexto dos processos reflexivos que pensam a prática coletivamente, de maneira que produzir saber coletivamente sobre o vivido na escola seja o alicerce para essa construção de valores. Também, o lugar de educador conferido aos pais – a autorização da escola para os pais pensarem as questões educacionais que se vivencia coletivamente com o conjunto dos professores e que possui aspectos concretos de planejamento, avaliação, mas também de estudo (reflexão sobre a prática de transformar) – é aspecto fundamental nessa construção. Por outro lado, vimos que solicitar a participação dos pais na escola, por meio de mecanismos específicos como a Escola de Pais, canal de participação sistemática, autorizando-os como instância reflexiva importante na construção coletiva do pensamento escolar, leva-os a um movimento de deslocamento do olhar e dá-lhes um lugar de sujeito de sua educação e da escola, o que, por uma espécie de transferência de campo evidencia o dialogismo que passam a fazer entre o mundo da escola e outras esferas grupais de suas vidas. Viu-se que esse processo de reflexão e autorização sistemáticas junto à escola, tende a levar os pais a perceberem-se ativos na construção da relação com seus filhos e se colocando como parte dela. A disciplina de formação humana, ao levar os professores ao universo infantil e sua escuta, mediante linguagens expressivas diversas (em particular arte e literatura), torna o educador implicado pessoalmente na construção dos valores na escola – e não apenas o aluno. Isso se deveu em parte, também, pela Ciranda de Estudos: lugar de reflexão com todos os educadores e que estuda sistematicamente todos os âmbitos da realidade escolar, situando cada um como produtor de si e dos fenômenos que constituem a cultura escolar. Concluiu-se que a conexão dos fenômenos da escola não deve excluir momentos reflexivos e sistemáticos com cada segmento da escola, uma vez que a ação de construção de valores humanos exige uma leitura vigilante calcada nas tarefas da razão, mas uma razão alargada, que inclui a compreensão da dimensão afetivo-moral e do que capturam as linguagens estético-expressivas. Nossos estudos, portanto, apontam para que, na construção dos valores em educação, se considere os sujeitos como ser multidimensional e espiritual; e que se tente acessar seus mundos de vida por meio de diferentes linguagens expressivas como as da arte e da literatura, sem excluir a fala e escuta coletiva. 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Também, o lugar de educador conferido aos pais – a autorização da escola para os pais pensarem as questões educacionais que se vivencia coletivamente com o conjunto dos professores e que possui aspectos concretos de planejamento, avaliação, mas também de estudo (reflexão sobre a prática de transformar) – é aspecto fundamental nessa construção. Por outro lado, vimos que solicitar a participação dos pais na escola, por meio de mecanismos específicos como a Escola de Pais, canal de participação sistemática, autorizando-os como instância reflexiva importante na construção coletiva do pensamento escolar, leva-os a um movimento de deslocamento do olhar e dá-lhes um lugar de sujeito de sua educação e da escola, o que, por uma espécie de transferência de campo evidencia o dialogismo que passam a fazer entre o mundo da escola e outras esferas grupais de suas vidas. 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A partir de tais resultados, pode-se dizer que em valores humanos a participação na escola, de todos os segmentos envolvidos, é solo fundamental de uma construção ético-moral que chama a si múltiplas dimensões do sujeito, em uma tarefa que é processual, ainda que calçada em projetos específicos, com tempo-espaço marcados no âmbito do fazer pedagógico da escola. O estudo evidenciou ainda que haja uma interdependência profunda entre os modos de ser e conviver dos sujeitos, na cultura escolar, com os da vida comunitária de que participam, mas que quando se realiza transformações que assinalam seu caráter de reflexão sobre o vivido na escola, ocorrem transferências de campo e o que foi aprendido no universo da escola passa a ser levado como reposta, pergunta ou problema para o universo comunitário, implicando mudanças. 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