As incidências do supereu na clínica da histeria
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC) |
Texto Completo: | http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/8649 |
Resumo: | A presente pesquisa originou-se a partir de questões que se decantaram no decurso de nossa prática clínica com pacientes histéricos. Os achados provenientes desta clínica chamaram nossa atenção para a ação da instância superegóica nos sujeitos estruturados pela via da neurose histérica, o que nos direcionou a percorrer um caminho teórico-clínico cujo objetivo central era investigar as especificidades da incidência do Supereu na clínica da histeria, bem como os efeitos de tais particularidades para a posição do analista na direção do tratamento. Metodologicamente, partimos da clínica como sustentáculo maior de nossos questionamentos, para então chegarmos à teoria psicanalítica enquanto esteio de tais discussões. Ao nos propormos a discutir acerca das nuances das modalidades de comparecimento do Supereu em uma clínica nomeada como clínica da histeria, marcamos, logo de início, o modo como se opera a estruturação psíquica na neurose histérica, levando em consideração a castração, a identificação, o desejo e o gozo. Servimo-nos de casos clínicos apanhados da seara freudiana entrelaçados às elaborações metapsicológicas de Freud e às construções teóricas empreendidas por Lacan no tocante à histeria. Privilegiamos os casos clínicos de Freud edificados no período de sua primeira tópica do aparelho psíquico, por entendermos que tais construções nos ofereceram um panorama aprofundado do funcionamento psíquico dos sujeitos histéricos, sem o qual não teria sido possível compreender as singularidades da ação do Supereu nesta estrutura. Perscrutamos as incidências do Supereu na histeria a partir das obras de Freud, Lacan e Didier-Weill, o que nos levou a estabelecer contrapontos e aproximações entre o comparecimento da instância superegóica na neurose obsessiva e na histeria. Por intermédio do estudo da formação e das possibilidades de atuação do Supereu nestes dois tipos clínicos da estrutura neurótica, estabelecemos articulações entre Supereu, identificação e sintoma na clínica psicanalítica da histeria. Tais articulações foram viabilizadas pela apresentação e discussão de fragmentos de casos clínicos provenientes de nossa prática, que nos indicaram como operam, de um modo geral, o gozo e a culpa inerentes ao Supereu na neurose histérica e nos fizeram pensar acerca dos efeitos disto para a posição do analista na direção da cura. Destacamos entre nossos achados mais relevantes a demarcação de que na neurose histérica a dimensão da culpa atrelada ao Supereu engloba, mas ultrapassa o modelo culpa-sintoma próprio à neurose obsessiva. Com isso, tornou-se possível postularmos uma maior inconsciência da instância superegóica na neurose histérica, representada, entre outros aspectos, pela ação do sentimento de culpa inconsciente, a qual produz efeitos tão nefastos quanto aquela agenciada pelo sentimento de culpa consciente. Constatamos assim, que um dos maiores obstáculos à direção da cura produzido pela incidência do Supereu na clínica da histeria se refere à fixação do sujeito em uma posição de gozo que o aliena aos significantes advindos do Outro, impedindo-o de produzir seus próprios significantes. O gozo com a queixa agenciado pela ação do Supereu pode vir a se constituir como um empecilho à continuidade da análise. A relevância de nosso trabalho implica em podermos problematizar a posição do analista na direção da cura diante de tais efeitos superegóicos na clínica da histeria. |
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