A mancha visível e o nervo sentido : representação social da hanseníase para agentes comunitários de saúde de municípios do norte e nordeste do Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Alencar, Olga Maria de
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Texto Completo: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/7064
Resumo: A mancha visível e o nervo sentido’ - representação social da hanseníase para agentes comunitários de saúde objetiva compreender as representações sociais sobre a hanseníase/lepra na prática discursiva das/dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), identificando crenças, valores e tabus que possam estar imbricados no trabalho. Por ser a hanseníase uma doença mítica e estigmatizada, envolta de saberes e práticas construídas historicamente, acreditamos que as práticas da/do ACS têm representações que, são incorporadas ao seu trabalho. Contextualizamos a evolução sócio-histórica do adoecimento, bem como a elaboração ideológica presente no imaginário coletivo dos ACS. Com suporte nos conceitos de ideologia, discurso e poder, verificamos como as representações sociais que os sujeitos da pesquisa têm acerca da hanseníase afetam a sua vida. Duas questões nortearam este estudo: que representações sociais as/os ACS têm sobre a hanseníase/ lepra? E como estas representações se imbricam em seu trabalho? Participaram 91 ACS que atuam na Estratégia Saúde da Família dos Municípios de São José de Ribamar (MA), Paragominas (PA), Araguaína (TO) e Floriano (PI). A metodologia consistiu na análise temática. Utilizamos a técnica do grupo focal. Do material produzido em campo, estabelecemos o corpus empírico, de onde emergiram as categorias/temas (conceitos-imagens). Em cada tema foram divisadas as subcategorias, que se denominou Unidade Representacional (UR). Os conceitos-imagens emergidos foram: 1) lepra X hanseníase - significados e sentidos; 2) Estigma - a marca do preconceito e da discriminação nas práticas discursivas; 3) Micropolítica na produção de cuidado a pessoa com hanseníase; 4) Envolvimento das famílias no processo de cuidado; 5) Vivendo/convivendo com a hanseníase. A pesquisa revelou, dentre outras representações, que as/os ACS acreditam na existência de alimentos ‘reimosos’. Evidenciou-se, também, culpabilização, do uso de álcool como determinante para o prolongamento da terapia. Constatamos que a lepra e a hanseníase não se configuram como sinônimos, mas sim como duas entidades distintas. Ao termo lepra, cabe o sentido de medo, vergonha e exclusão, enquanto hanseníase adquire o sentido de doença curável. Evidenciamos nos discursos preconceito e práticas discriminatórias vivenciadas pelas pessoas com hanseníase, configurando-se em legitimação do estigma.
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