Contribuição para a validação do uso medicinal de Amburana cearensis (cumaru) : estudos farmacológicos com o isocampferídio e o amburosídio
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Data de Publicação: | 2006 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC) |
Texto Completo: | http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/2746 |
Resumo: | Amburana cearensis (Fabaceae) é uma árvore da caatinga nordestina, mais conhecida popularmente como cumaru. Suas cascas (caule) possuem um cheiro característico pela presença de cumarina, e são principalmente utilizadas no tratamento da bronquite, tosse e asma. O presente estudo procurou investigar os efeitos tóxicos e as atividades antiinflamatória, antioxidante e relaxante muscular do isocampferídio (ICPF, 3-metilflavonol) e/ou do amburosídio A (AMB, glucosídio fenólico) isolados das cascas do caule de A. cearensis. A administração intraperitoneal (i.p.) do ICPF ou do AMB em dose única (50 – 200 mg/kg) mostrou baixa toxicidade em camundongos. Na cultura primária de hepatócitos apenas o ICPF (100 µg/ml) reduziu significativamente a viabilidade celular, determinada pelo teste do MTT. O ICPF e o AMB (12,5 – 50 mg/kg, i.p.) apresentaram atividade antiinflamatória, observada inicialmente pela inibição do edema de pata induzido por carragenina-Cg, prostaglandina E2, dextrano-Dx, histamina ou serotonina e pela redução em 39 e 50% respectivamente do infiltrado de neutrófilos verificada pela análise histopatológica/morfométrica do edema induzido por Cg. O aumento da permeabilidade vascular induzido pelo Dx em camundongos, foi também significativamente inibido pelo ICPF ou AMB. O pré-tratamento (oral ou i.p.) dos animais com ICPF ou AMB (25 e 50mg/kg) causaram reduções tanto na migração de leucócitos quanto neutrófilos induzida por Cg ou fMLP no peritônio de camundongos. O ICPF e o AMB preveniram parcialmente a degranulação de neutrófilos humano induzida pelo fMLP, determinada pela redução das atividades das enzimas mieloperoxidase e elastase em até 66 e 52% respectivamente. Os compostos fenólicos em estudo não foram citotóxicos para neutrófilos (teste do MTT). O AMB mostrou uma ação hepatoprotetora/antioxidante no modelo de hepatotoxicidade induzida pelo CCl4 em ratos, determinada pelas enzimas hepáticas (ALT e AST) e pela catalase, além de TBARS, glutationa reduzida e análise histopatológica. Na traquéia isolada de cobaia o ICPF (10 – 1000 µM) e o AMB (10 – 3000 µM) relaxaram de maneira concentração-dependente o músculo pré-contraído pelo CCh ou KCl. A remoção do epitélio traqueal favoreceu o efeito relaxante do ICPF, mas não modificou o efeito do AMB. O relaxamento induzido pelo ICPF foi inibido em 41% pelo L-NAME; 31 e 50% pelo ODQ (3 e 33 µM); 31 % pelo propranolol e 37 % pela capsaicina. Na traquéia pré-contraida pelo KCl (40 mM) a glibenclamida (GLB) ou iberiotoxina reduziram o efeito relaxante do ICPF, enquanto no músculo pré-contraído pelo KCL 120mM o efeito do ICPF foi reduzido e não foi afetado pela GLB. Portanto, os resultados apresentados mostram que o ICPF e o AMB possuem atividades antiinflamatória, relaxante muscular e antioxidante, o que justifica pelo menos em parte o uso tradicional de A. cearensis no tratamento de doenças respiratórias onde as características fisiopatológicas incluem inflamação, estresse oxidativo e broncoconstrição. |
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Contribuição para a validação do uso medicinal de Amburana cearensis (cumaru) : estudos farmacológicos com o isocampferídio e o amburosídioContribution to the validation of the medicinal use of Amburana cearensis (cumaru) : pharmacological studies with isokaempferide and amburosideFarmacognosiaAntiinflamatóriosFabaceaeAmburana cearensis (Fabaceae) é uma árvore da caatinga nordestina, mais conhecida popularmente como cumaru. Suas cascas (caule) possuem um cheiro característico pela presença de cumarina, e são principalmente utilizadas no tratamento da bronquite, tosse e asma. O presente estudo procurou investigar os efeitos tóxicos e as atividades antiinflamatória, antioxidante e relaxante muscular do isocampferídio (ICPF, 3-metilflavonol) e/ou do amburosídio A (AMB, glucosídio fenólico) isolados das cascas do caule de A. cearensis. A administração intraperitoneal (i.p.) do ICPF ou do AMB em dose única (50 – 200 mg/kg) mostrou baixa toxicidade em camundongos. Na cultura primária de hepatócitos apenas o ICPF (100 µg/ml) reduziu significativamente a viabilidade celular, determinada pelo teste do MTT. O ICPF e o AMB (12,5 – 50 mg/kg, i.p.) apresentaram atividade antiinflamatória, observada inicialmente pela inibição do edema de pata induzido por carragenina-Cg, prostaglandina E2, dextrano-Dx, histamina ou serotonina e pela redução em 39 e 50% respectivamente do infiltrado de neutrófilos verificada pela análise histopatológica/morfométrica do edema induzido por Cg. O aumento da permeabilidade vascular induzido pelo Dx em camundongos, foi também significativamente inibido pelo ICPF ou AMB. O pré-tratamento (oral ou i.p.) dos animais com ICPF ou AMB (25 e 50mg/kg) causaram reduções tanto na migração de leucócitos quanto neutrófilos induzida por Cg ou fMLP no peritônio de camundongos. O ICPF e o AMB preveniram parcialmente a degranulação de neutrófilos humano induzida pelo fMLP, determinada pela redução das atividades das enzimas mieloperoxidase e elastase em até 66 e 52% respectivamente. Os compostos fenólicos em estudo não foram citotóxicos para neutrófilos (teste do MTT). O AMB mostrou uma ação hepatoprotetora/antioxidante no modelo de hepatotoxicidade induzida pelo CCl4 em ratos, determinada pelas enzimas hepáticas (ALT e AST) e pela catalase, além de TBARS, glutationa reduzida e análise histopatológica. Na traquéia isolada de cobaia o ICPF (10 – 1000 µM) e o AMB (10 – 3000 µM) relaxaram de maneira concentração-dependente o músculo pré-contraído pelo CCh ou KCl. A remoção do epitélio traqueal favoreceu o efeito relaxante do ICPF, mas não modificou o efeito do AMB. O relaxamento induzido pelo ICPF foi inibido em 41% pelo L-NAME; 31 e 50% pelo ODQ (3 e 33 µM); 31 % pelo propranolol e 37 % pela capsaicina. Na traquéia pré-contraida pelo KCl (40 mM) a glibenclamida (GLB) ou iberiotoxina reduziram o efeito relaxante do ICPF, enquanto no músculo pré-contraído pelo KCL 120mM o efeito do ICPF foi reduzido e não foi afetado pela GLB. Portanto, os resultados apresentados mostram que o ICPF e o AMB possuem atividades antiinflamatória, relaxante muscular e antioxidante, o que justifica pelo menos em parte o uso tradicional de A. cearensis no tratamento de doenças respiratórias onde as características fisiopatológicas incluem inflamação, estresse oxidativo e broncoconstrição.Amburana cearensis is a medicinal plant from Northeast Brazil popularly known as “cumaru”. Its stem bark has an odor characteristic of the presence of coumarin, being used in alternative medicine for the treatment of bronchitis and asthma. The present study investigated the toxicity, as well as the anti-inflammatory, antioxidant and smooth muscle relaxant activities of isokaempferide (IKPF, 3-metylflavonol) and amburoside A (AMB, phenolic glucoside), bioactive constituents of the plant. The intraperitoneal administration (ip) of IKPF or AMB, in single doses (50-200 mg/kg), showed low toxicity in mice. In primary hepatocyte cultures, only IKPF (100 ug/ml) reduced significantly the cellular viability, as assessed by the MTT test. ICPF and AMB (12.5- 50 mg/kg, ip) presented anti-inflammatory activities, observed initially by inhibitions of the carrageenan (Cg), prostraglandin E2 (PGE2), dextran (Dx), histamine or serotonin-induced paw edemas. Besides, IKPF and AMB (12.5 – 50 mg/kg) produced 39 and 50% reductions, respectively, of neutrophil migration as assessed by histopathological/morphometric analyses of the Cg-induced paw edema. The increase of vascular permeability induced by Dx in mice was also significantly inhibited by IKPF or AMB. Mice pretreatments (oral or ip) with IKPF or AMB (25 and 50 mg/kg) reduced peritoneal Cg or fMLP-induced leucocytes and neutrophil migrations. Also, IKPF and AMB partially prevented fMlP-induced neutrophil degranulation in human blood, as determined by the decrease in 66 and 52% of activities of the enzymes myeloperoxidase and elastase, respectively. The two compounds were not cytotoxic for neutrophil, as assessed by the MTT test. AMB showed hepatoprotective and antioxidant actions in the model of CCl4-induced liver toxicity in rats, as determined by the liver enzymes activity (AST and ALT), catalase, lipoperoxidation (TBARS assay), reduced glutathione, and histological analysis. In the isolated guinea pig trachea, IKPF (10-1000 µg/ml) and AMB (10- 3000 µg/ml) produced a concentration-dependent relaxation of the muscle precontracted by carbacol or KCl. The epithelium removal improved IKPF-induced relaxation, but did not alter the AMB effect. IKPF-induced relaxation was inhibited in 41% by L-NAME; 31 and 50% by ODQ (3 and 33 uM); 31% by propranolol and 37% by capsaicin. In the trachea pre-contracted by KCl (40 mM), the pre-incubation with glibenclamide or iberiotoxin, inhibited the IKPF-induced relaxation by 39% and 38%, respectively. On the other hand, 4-aminopyridine did not significantly influence the effect of IKPF. However, in the muscle pre-contracted with 120mM KCl the relaxant effect of IKPF was significantly reduced and not affected by glibenclamide. In conclusion, results showed that IKPF and AMB present anti-inflammatory, muscular relaxant and/or antioxidant activities, justifying the traditional use of Amburana cearensis in the treatment of respiratory tract diseases that present inflammation, oxidative stress, and bronchoconstriction as pathophysiological characteristics.Viana , Glauce Socorro de BarrosLeal, Luzia Kalyne Almeida Moreira2012-06-14T12:53:16Z2012-06-14T12:53:16Z2006info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfLEAL, L. K. A. M. Contribuição para a validação do uso medicinal de Amburana cearencis (CUMARU) : estudo farmacológico com o isocampferídeo e o ambrosídio. 2006. 179 f. Tese (Doutorado em Farmacologia) - Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2006.http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/2746porreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)instname:Universidade Federal do Ceará (UFC)instacron:UFCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2019-10-29T12:50:16Zoai:repositorio.ufc.br:riufc/2746Repositório InstitucionalPUBhttp://www.repositorio.ufc.br/ri-oai/requestbu@ufc.br || repositorio@ufc.bropendoar:2024-09-11T18:53:46.090155Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC) - Universidade Federal do Ceará (UFC)false |
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Amburana cearensis (Fabaceae) é uma árvore da caatinga nordestina, mais conhecida popularmente como cumaru. Suas cascas (caule) possuem um cheiro característico pela presença de cumarina, e são principalmente utilizadas no tratamento da bronquite, tosse e asma. O presente estudo procurou investigar os efeitos tóxicos e as atividades antiinflamatória, antioxidante e relaxante muscular do isocampferídio (ICPF, 3-metilflavonol) e/ou do amburosídio A (AMB, glucosídio fenólico) isolados das cascas do caule de A. cearensis. A administração intraperitoneal (i.p.) do ICPF ou do AMB em dose única (50 – 200 mg/kg) mostrou baixa toxicidade em camundongos. Na cultura primária de hepatócitos apenas o ICPF (100 µg/ml) reduziu significativamente a viabilidade celular, determinada pelo teste do MTT. O ICPF e o AMB (12,5 – 50 mg/kg, i.p.) apresentaram atividade antiinflamatória, observada inicialmente pela inibição do edema de pata induzido por carragenina-Cg, prostaglandina E2, dextrano-Dx, histamina ou serotonina e pela redução em 39 e 50% respectivamente do infiltrado de neutrófilos verificada pela análise histopatológica/morfométrica do edema induzido por Cg. O aumento da permeabilidade vascular induzido pelo Dx em camundongos, foi também significativamente inibido pelo ICPF ou AMB. O pré-tratamento (oral ou i.p.) dos animais com ICPF ou AMB (25 e 50mg/kg) causaram reduções tanto na migração de leucócitos quanto neutrófilos induzida por Cg ou fMLP no peritônio de camundongos. O ICPF e o AMB preveniram parcialmente a degranulação de neutrófilos humano induzida pelo fMLP, determinada pela redução das atividades das enzimas mieloperoxidase e elastase em até 66 e 52% respectivamente. Os compostos fenólicos em estudo não foram citotóxicos para neutrófilos (teste do MTT). O AMB mostrou uma ação hepatoprotetora/antioxidante no modelo de hepatotoxicidade induzida pelo CCl4 em ratos, determinada pelas enzimas hepáticas (ALT e AST) e pela catalase, além de TBARS, glutationa reduzida e análise histopatológica. Na traquéia isolada de cobaia o ICPF (10 – 1000 µM) e o AMB (10 – 3000 µM) relaxaram de maneira concentração-dependente o músculo pré-contraído pelo CCh ou KCl. A remoção do epitélio traqueal favoreceu o efeito relaxante do ICPF, mas não modificou o efeito do AMB. O relaxamento induzido pelo ICPF foi inibido em 41% pelo L-NAME; 31 e 50% pelo ODQ (3 e 33 µM); 31 % pelo propranolol e 37 % pela capsaicina. Na traquéia pré-contraida pelo KCl (40 mM) a glibenclamida (GLB) ou iberiotoxina reduziram o efeito relaxante do ICPF, enquanto no músculo pré-contraído pelo KCL 120mM o efeito do ICPF foi reduzido e não foi afetado pela GLB. Portanto, os resultados apresentados mostram que o ICPF e o AMB possuem atividades antiinflamatória, relaxante muscular e antioxidante, o que justifica pelo menos em parte o uso tradicional de A. cearensis no tratamento de doenças respiratórias onde as características fisiopatológicas incluem inflamação, estresse oxidativo e broncoconstrição. |
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