José de Alencar Ao Correr da Pena: da crônica ao romance (1854-1857)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Castro, Renato Barros de
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Texto Completo: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/33377
Resumo: A pesquisa José de Alencar ao correr da pena: da crônica ao romance (1854-1857) apresenta as mais diversas facetas do escritor cearense no início de carreira, destacando um lado ainda pouco conhecido dessa atuação: um viés realista, que descreve tanto a sociedade aristocrática quanto a vida difícil das classes menos favorecidas no Rio de Janeiro do Século XIX em processo de urbanização. Publicadas nos anos de 1854 e 1855 no rodapé dos jornais cariocas Correio Mercantil e Diário do Rio de Janeiro, em coluna intitulada Ao correr da pena, as crônicas produzidas por José de Alencar (1829-1877) foram reunidas em livro no ano de 1874. Essa produção cronística na imprensa se estendeu até 1856, no Diário do Rio de Janeiro, com a denominação Folhas soltas, Folhetim e Revista (dois desses textos, inéditos até hoje em livro, foram localizados pela presente pesquisa: o de 17 de abril de 1856 e o de 31 de julho desse mesmo ano). As crônicas (ou “folhetins”), guardando ligação íntima com o projeto literário de Alencar como um todo, influenciado por Honoré de Balzac (1799-1850), revelam as mais diversas facetas que a passagem pela imprensa em processo de consolidação pôde proporcionar ao autor, fazendo-o desempenhar o papel de literato, de fabulista, de poeta, de crítico teatral, de dramaturgo, de político, de polemista, de flâneur e de pensador, dentre outros. A atividade jornalística do escritor cearense, a propósito, teve papel decisivo em seu trabalho de ficcionista, reverberando em alguns de seus primeiros romances, como Cinco minutos (1856) e A viuvinha (1857), cuja fonte se encontra exatamente nas crônicas. Estas apresentam, a partir da ótica do flâneur, um conjunto de imagens que formam um painel abrangente do Segundo Reinado. Assim, o autor une passeio e atividade escrita ao vivenciar os entretenimentos do Passeio Público, os bailes do Cassino Fluminense, as atrações da moda na Rua do Ouvidor, as corridas do Jockey Club, e, sobretudo, o hábito de ver e ser visto nos teatros, destacando as cantoras líricas Charton e Casaloni. Com a agilidade e a graça de um colibri (para usar uma expressão sua), o autor transita entre os assuntos os mais variados, sem deixar de lado uma reflexão aprofundada surgida a partir da observação atenta, da ironia refinada e, sobretudo, de posicionamentos polêmicos. Para a realização dessa pesquisa, serão consideradas as discussões sobre a crônica conforme Marlyse Meyer (1996), Marcus Vinicius Nogueira Soares (2014) e Antonio Candido (1992), dentre outros. O presente estudo se apoia, ainda, na teoria da imagem de Peter Burke (2004), na ideia de “pintor da vida moderna” de Charles Baudelaire, desenvolvida a partir de 1863, no conceito de representação do espaço de Luis Alberto Brandão (2013) e no de “porosidade”, decorrente do amálgama entre “matriz literária da imprensa” e “matriz midiática”, de acordo com Marie-Ève Thérenty (2007).
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Essa produção cronística na imprensa se estendeu até 1856, no Diário do Rio de Janeiro, com a denominação Folhas soltas, Folhetim e Revista (dois desses textos, inéditos até hoje em livro, foram localizados pela presente pesquisa: o de 17 de abril de 1856 e o de 31 de julho desse mesmo ano). As crônicas (ou “folhetins”), guardando ligação íntima com o projeto literário de Alencar como um todo, influenciado por Honoré de Balzac (1799-1850), revelam as mais diversas facetas que a passagem pela imprensa em processo de consolidação pôde proporcionar ao autor, fazendo-o desempenhar o papel de literato, de fabulista, de poeta, de crítico teatral, de dramaturgo, de político, de polemista, de flâneur e de pensador, dentre outros. A atividade jornalística do escritor cearense, a propósito, teve papel decisivo em seu trabalho de ficcionista, reverberando em alguns de seus primeiros romances, como Cinco minutos (1856) e A viuvinha (1857), cuja fonte se encontra exatamente nas crônicas. Estas apresentam, a partir da ótica do flâneur, um conjunto de imagens que formam um painel abrangente do Segundo Reinado. Assim, o autor une passeio e atividade escrita ao vivenciar os entretenimentos do Passeio Público, os bailes do Cassino Fluminense, as atrações da moda na Rua do Ouvidor, as corridas do Jockey Club, e, sobretudo, o hábito de ver e ser visto nos teatros, destacando as cantoras líricas Charton e Casaloni. Com a agilidade e a graça de um colibri (para usar uma expressão sua), o autor transita entre os assuntos os mais variados, sem deixar de lado uma reflexão aprofundada surgida a partir da observação atenta, da ironia refinada e, sobretudo, de posicionamentos polêmicos. Para a realização dessa pesquisa, serão consideradas as discussões sobre a crônica conforme Marlyse Meyer (1996), Marcus Vinicius Nogueira Soares (2014) e Antonio Candido (1992), dentre outros. O presente estudo se apoia, ainda, na teoria da imagem de Peter Burke (2004), na ideia de “pintor da vida moderna” de Charles Baudelaire, desenvolvida a partir de 1863, no conceito de representação do espaço de Luis Alberto Brandão (2013) e no de “porosidade”, decorrente do amálgama entre “matriz literária da imprensa” e “matriz midiática”, de acordo com Marie-Ève Thérenty (2007).La recherche José de Alencar ao correr da pena: da crônica ao romance (1854-1857) présente les facettes les plus diverses de l’écrivain du Ceará au début de carrière, mettant en évidence un côté encore peu connu de son travail: un biais réaliste, qui décrit à la fois la société aristocratique et la vie difficile des classes défavorisées au Rio de Janeiro du 19ème siècle en processus d’urbanisation. Publiées dans les années 1854 et 1855 au bas de page des journaux de Rio Correio Mercantil et Diário do Rio de Janeiro, dans une colonne titré Ao correr da pena, les chroniques produites par José de Alencar (1829-1877) ont été réunis en livre en 1874. Cette production dans la presse s’étend jusqu’à 1856, dans le Diário do Rio de Janeiro, avec la dénomination Folhas soltas, Folhetim et Revista (deux de ces textes, non publiés jusqu’à présent en livre, ont été localisés par la présente recherche: celui du 17 avril 1856 et celui du 31 juillet de cette même année). Les chroniques (ou “feuilletons”), en lien étroit avec le projet littéraire d’Alencar dans son ensemble, influencé par Honoré de Balzac (1799-1850), révèlent les facettes les plus diverses que le passage dans la presse en consolidation a pu fournir à l’auteur, en lui faisant jouer le rôle d’homme de lettres, de fabuliste, de poète, de critique de théâtre, de dramaturge, de politicien, de polémiste, de flâneur et de penseur, entre autres. D’ailleurs, cette activité journalistique a joué un rôle décisif dans son travail d’auteur de fiction, se reflétant dans certains de ses premiers romans, tels que Cinco minutos (1856) et A Viuvinha (1857), dont la source est précisément situé dans les chroniques. Celles-ci présentent, dès le point du vue du flâneur, un ensemble d’images qui forment un large cadre du Second Royaume au Brésil. Ainsi, l’auteur joint promenade et activité écrite tout en faisant l’expérimentation des divertissements du Passeio Público, les bals du Cassino Fluminense, les attractions à la mode de la “Rua do Ouvidor”, les courses du Jockey Club et surtout l’habitude de voir et être vu aux théâtres, mettant en évidence les chanteuseus Charton et Casaloni. Avec l’agilité et la grâce d’un colibri (pour utiliser une expression à lui), l’auteur transite entre les sujets aux nuances les plus variées offertes par la possibilité de visiter tels lieux, sans pourtant négliger une réflexion approfondie née de l’observation attentive, de l’ironie raffinée et surtout des positions polémiques. Pour accomplir cette recherche, on va prendre en considération les discussions sur la chronique selon les études de Marlyse Meyer (1996), Marcus Vinicius Nogueira Soares (2014) et Antonio Candido (1992), entre autres. Ce travail s’appuiera également sur la théorie de l’image de Peter Burke (2004), sur l’idée du “peintre de la vie moderne” de Charles Baudelaire (1863), sur le concept de representation de l’espace de Luis Alberto Brandão (2013) et dans celui de “porosité” selon Marie-Ève Thérenty (2007).Rocha, DeniseCastro, Renato Barros de2018-07-04T12:58:12Z2018-07-04T12:58:12Z2018info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfCASTRO, Renato Barros de. 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