Cultura camponesa e agronegócio no Vale do Jaguaribe/CE

• Autor(a) principal: Oliveira, Francisca Davila de
• Data de Publicação: 2016
• Outros Autores: Mendes Neto, Volgan Timbó, Almeida, David Nascimento de, Oliveira, Venâncio Sousa de, Moreira, Carolina Rodrigues, Viana Junior, Mario Martins
• Tipo de documento: Artigo de conferência
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
• Texto Completo: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/56487
• topic: Agricultura familiar; Agroindústria; Vale do Jaguaribe

O contato com a problemática deste trabalho se deu no seio dos trabalhos realizados pelo Núcleo de Estudos sobre Memória e Conflitos Territoriais - COMTER/UFC na região do Vale do Jaguaribe – CE. Nesse espaço o conflito por terra e água entre agricultores e empresas irrigantes se efetiva nos últimos 40 anos com a peculiaridade da intervenção do Estado através da construção de infraestrutura técnica. A instalação do Perímetro Irrigado Tabuleiro de Russas (PITR), por exemplo, desapropriou 800 famílias e apagou do mapa 26 comunidades. Aqui se trata dos sujeitos deste processo histórico: os agricultores atingidos pela obra e pelos impactos da modernização agrícola em seus modos de vida. O objetivo é perceber como um território secularmente construído sob a égide da agricultura familiar passa pelas transformações humanas e tem sua paisagem modificada para se tornar um polo de agronegócio. Para tanto, investigamos o lugar que a produção familiar passa a ocupar nesse território transformado, quais tipos de relações sociais são estabelecidas e quais os conflitos intrínsecos à contradição entre agronegócio e campesinato. A investigação se deu através da realização de mais de 40 entrevistas de história de vida com os agricultores de cinco das 30 comunidades atingidas pelo PITR, observando suas reflexões sobre passado e presente e as diferenças históricas que se revelam tendo a instalação do perímetro como marco temporal. A análise das fontes orais revelou diversas violações empreendidas pelo DNOCS durante a execução da obra, em um processo reconhecido pelos próprios sujeitos como uma tomada das terras e que conduziu os agricultores a uma proletarização compulsória nas firmas agrícolas instaladas no território. Entretanto, apesar da ação autoritária do Estado, há uma dimensão da vida dos agricultores que resiste a lógica do modelo agribusiness: a manutenção de seus cultivos e trabalhos coletivos, ainda que em uma escala menor. Elemento que permite refletir sobre o conceito de