Maquiavelismo, política e ética

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Andrade Junior, João Antonio de
Data de Publicação: 2016
Outros Autores: Almeida, Rodrigo Cavalcante de, Chagas, Eduardo Ferreira
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Texto Completo: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/47672
Resumo: Essa comunicação tem como objetivo expor a lógica de ação na obra "O Príncipe" de Nicolau Maquiavel. O intuito deste estudo é verificar, através do entendimento dos preceitos assumidos pelo autor, uma concepção de uma política pragmática que tenha uma ética subjacente. O mito do maquiavelismo tem há mais de cinco séculos sido visto como algo imoral e uma total separação da ação com a ética. O chamado realismo político tem como fundamento uma política concreta para a realização de uma ética concreta. Na obra, nosso autor traz à tona uma nova proposta de ação política ao governante, rompendo com a tradição moral dos humanistas clássicos que consideravam ideal a virtú (ação do governante) como aquela regida por uma moral à priori, como justiça, temperança, piedade, etc. Entretanto, a virtú maquiaveliana não coincide com as virtudes morais. Para Maquiavel, o conceito de virtú está ligado à flexibilidade do governante a se adaptar ao que a necessidade ditar. Maquiavel considera que certas virtudes são desejáveis a um príncipe, porém, se usadas apenas para o intento de boa fama, serão mais injuriosas que benéficas. Assim, o governante terá mais proveito demonstrando o seu contrário, quando a ocasião exigir. As ações, que eram vistas como vícios, revelam-se como mais virtuosas através dos tempos. A ação “maquiavélica” se faz necessária ao entrar-se no terreno da política, quando os homens têm intenções desonestas, não no terreno da amizade. Pelo contrário, seria considerada como covardia, como são condenadas as ações de Agátocles que manipulou e traiu os amigos para conseguir poder. O objetivo do governante é manter o Estado, trazer prosperidade para seu povo, e será julgado como tal. O termo “maquiavelismo” tem se difundido como atitude antiética, astúcia egoísta, digna de repúdio. Porém, o maquiavelismo não elimina a ética, mas sujeita a ética à política. As ações não são julgadas por conceitos à priori, mas pelo efeito político que produzem.
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