Monteiro Lobato e os escritores do tempo: a literatura entre a intransitividade e o engajamento
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Capítulo de livro |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC) |
Texto Completo: | http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/41551 |
Resumo: | Nunca viste reprodução dum quadro de Gleyre, Ilusões perdidas?”, interrogava Monteiro Lobato a Godofredo Rangel2 , em correspondência de 15 de novembro de 1904. Na memória do remetente, na pintura, havia um cais “melancólico”, onde barcos saem; apenas um chega, trazendo à proa um velho cansado e andrajoso “com o braço pendido largamente sobre uma lira” (Lobato, 2010a, p. 77). A sua recordação esmorecia, visto que a tela era denominada Soir, e o velho estava fora da barca que, ao contrário, partia do cais. Porém, os detalhes pouco importam aqui. Errando, mesmo sem querer, Monteiro Lobato compôs, no decorrer da missiva, uma metáfora que a ele caracterizava sua produção literária. Neste momento, os amigos iniciavam sua troca de cartas dedicadas aos elementos do fenômeno literário, como autores, estilos, formas e suas próprias produções. Os dois eram escritores que poderiam vir à tona, também leitores críticos um do outro, burilando nas letras em busca do quid misterioso característico dos grandes literatos. “Em que estado voltaremos, Rangel, desta nossa aventura de arte pelos mares da vida em fora? Como o velho de Gleyre?”, Monteiro Lobato continuava indagando muito mais a si do que ao destinatário. [...] |
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