O percurso semiótico do desespero no romance Angústia, de Graciliano Ramos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Oliveira, Gustavo Maciel de
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Texto Completo: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/41878
Resumo: O presente trabalho de dissertação explora a dimensão passional do discurso e tem por finalidade principal depreender como a paixão do desespero se sintagmatiza e se discursiviza no romance Angústia (2014[1936]), de Graciliano Ramos. Para realizar este estudo, lançamos mão do arcabouço teórico-metodológico da semiótica greimasiana, principalmente a partir da semiótica das paixões (FONTANILLE, 1980, 1986; GREIMAS, 2014; GREIMAS; FONTANILLE, 1993) e dos desdobramentos calcados na semiótica tensiva (FONTANILLE; ZILBERBERG, 2001; ZILBERBERG, 2006, 2011). Para o tratamento analítico da paixão do desespero, partimos primeiro da depreensão do seu aspecto sistemático − depositado na língua pela práxis enunciativa −, via análise do “discurso” dicionarial, para, enfim, chegarmos a alguns dados de natureza aspectual e tensiva, que não podem ser negligenciados em um estudo dedicado às paixões, e à do desespero, em específico. A essa primeira parte, se sucedeu o delineamento do modo como se discursiviza, ou seja, se figurativiza e se tematiza o desespero no romance de Graciliano Ramos, o que se dá a partir de uma intensa figurativização animalizante e sensibilizante na obra, marcada pela hiperestesia do sujeito-Luís da Silva (narrador e personagem principal), pela recorrente aparição de figuras como a do “rato” e a do “parafuso” e pela ligação do desespero a isotopias (temas) de ordem econômica, sexual, “existencial” e histórica (o choque entre República Velha e República Nova). Não obstante, vimos que o romance Angústia é tanto um “discurso da paixão” quanto um “discurso apaixonado” (HÉNAULT, 1986), já que as paixões (inclusive o desespero [desespero 1 e 2, FONTANILLE, 1980]) se manifestam em tal obra seja na instância do narrado, seja na instância de narração. Por fim, vimos também o desespero se discursivizar em Angústia de modo concessivo (ZILBERBERG, 2011), ou seja, as paixões aparecem “escandidas” (marcadas pela frequentatividade, GREIMAS; FONTANILLE, 1993) na obra e não há uma resolução completa dos acontecimentos tônicos que irrompem no campo de presença do sujeito, que se reiteram na memória (memória-acontecimento, BARROS, 2011) e, por isso, duram concessivamente, fazendo o desespero interagir constantemente, e até mesmo se “matizar”, com outras paixões presentes no romance (raiva, angústia, ressentimento, exasperação, cólera, obsessão) estabelecendo-se assim uma espécie de “constelação afetiva” (FONTANILLE, 1980) a apontar para outras possíveis pesquisas sobre paixões na obra Angústia.
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Para o tratamento analítico da paixão do desespero, partimos primeiro da depreensão do seu aspecto sistemático − depositado na língua pela práxis enunciativa −, via análise do “discurso” dicionarial, para, enfim, chegarmos a alguns dados de natureza aspectual e tensiva, que não podem ser negligenciados em um estudo dedicado às paixões, e à do desespero, em específico. A essa primeira parte, se sucedeu o delineamento do modo como se discursiviza, ou seja, se figurativiza e se tematiza o desespero no romance de Graciliano Ramos, o que se dá a partir de uma intensa figurativização animalizante e sensibilizante na obra, marcada pela hiperestesia do sujeito-Luís da Silva (narrador e personagem principal), pela recorrente aparição de figuras como a do “rato” e a do “parafuso” e pela ligação do desespero a isotopias (temas) de ordem econômica, sexual, “existencial” e histórica (o choque entre República Velha e República Nova). Não obstante, vimos que o romance Angústia é tanto um “discurso da paixão” quanto um “discurso apaixonado” (HÉNAULT, 1986), já que as paixões (inclusive o desespero [desespero 1 e 2, FONTANILLE, 1980]) se manifestam em tal obra seja na instância do narrado, seja na instância de narração. Por fim, vimos também o desespero se discursivizar em Angústia de modo concessivo (ZILBERBERG, 2011), ou seja, as paixões aparecem “escandidas” (marcadas pela frequentatividade, GREIMAS; FONTANILLE, 1993) na obra e não há uma resolução completa dos acontecimentos tônicos que irrompem no campo de presença do sujeito, que se reiteram na memória (memória-acontecimento, BARROS, 2011) e, por isso, duram concessivamente, fazendo o desespero interagir constantemente, e até mesmo se “matizar”, com outras paixões presentes no romance (raiva, angústia, ressentimento, exasperação, cólera, obsessão) estabelecendo-se assim uma espécie de “constelação afetiva” (FONTANILLE, 1980) a apontar para outras possíveis pesquisas sobre paixões na obra Angústia.Ce travail de dissertation explore la dimension passionée du discours et a pour but comprendre comme la passion du désespoir est mise en syntagme et mise en discours dans le roman Angústia (2014[1936]), de Graciliano Ramos. Pour effectuer cette étude, on utilise le panorama théorique de la sémiotique de Greimas, surtout les déroulements des trois dernières décennies, comme la sémiotique des passions (FONTANILLE, 1980, 1986; GREIMAS, 2014; GREIMAS; FONTANILLE, 1993) et la sémiotique tensive (FONTANILLE; ZILBERBERG, 2001; ZILBERBERG, 2006, 2011). Pour le traitment de l’analyse du désespoir, d’abord, on part de la depréssion de son aspect syntagmatique – déposé dans la langue par la praxis ennonciative –, par l’analyse du discours selon le dictionnaire, pour, à la fin, avoir compte des donnés de nature aspectuel et tensive qui ne peuvent pas être négligés dans un étude à propos des passions, et du désespoir en relief. À la première partir, il s’agit de déssiner le chemin discoursif, c´est-à-dire, les procedés de figurativization et de tématization du désespoir dans le roman de Graciliano Ramos, ce qui vient d’une intense figurativization animalizante et sensiblizante dans l’oeuvre, marquée par la hiperesthésie du sujet-Luis da Silva (narrateur et personnage principal), par la presence régulière des figures comme celle du « rat » et celle du « vis » et par le lien du désespoir aux isotopies d’ordre economique, sociale, sexuelle, « existencielle » et historique (le conflit entre l’Anciene République et la Nouvelle République). Encore, on a vu que le roman Angústia est aussi un « discours de la passion » que’un « discours passioné » (HÉNAULT, 1986), puisque les passions (le désespoir y inclus [le désespoir 1 et 2, FONTANILLE, 1980]) se manifestent dans l’oeuvre, soit au niveau du raconte, soit celui du raconté. À la fin, on a aussi observe que le désespoir est mis en discours sous un mode concessif (ZILBERBERG, 2011), donc, les passions se présentent “remarquables” (par la fréquencité, GREIMAS; FONTANILLE, 1993) dans l’oeuvre, et il n’y a pas resolution des événements toniques qui éclartent sur le champ de présence du sujet, qui se réitérent dans le mémorie (mémoire-événement, BARROS, 2011), et, à cause de ça, durent concessivement, ce qui fait le désespoir intéragir constantemente et se matizer même, avec autres passions dans le romance (colére, haine, angoisse, ressentiment, exapération, obsession) en établissant une espèce de « constellation afective » (FONTANILLE, 1980) qui montre un panorama à d’autres rechèches.Saraiva, José Américo BezerraOliveira, Gustavo Maciel de2019-05-22T13:58:12Z2019-05-22T13:58:12Z2019info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfOLIVEIRA, Gustavo Maciel de. 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