Reordenando um passado: memória, gênero e moral na literatura cearense oitocentista (1850-1889).

• Autor(a) principal: Silva, Nicodemos Zacarias da
• Data de Publicação: 2016
• Outros Autores: Duarte, Ana Rita Fonteles
• Tipo de documento: Artigo de conferência
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
• Texto Completo: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/48847
• topic: Memória; Comportamento; Gênero

Buscamos analisar por meio da literatura local do século XIX as relações sociais citadinas, destacando, sobretudo, dentro de algumas obras, aquelas passagens onde é possível auferir construções acerca do cotidiano e das práticas que contrariavam a moral e os bons costumes desse período. Procuramos perceber e destacar dentro da literatura memorialística dessa época uma contínua produção voltada para a reelaboração de espaços de legitimação social e para a ressignificação das experiências. Desse modo, pretendemos discutir como na sua prática escriturária, determinados autores reconstruiam não apenas o seu percurso e as suas vivências pessoais, mas ao mesmo tempo, buscaram referendar ou questionar determinados aspectos normativos do comportamento social de sua época. Ao construírem o relato, o testemunho de suas experiências, contrastando-o com a atualidade em que estavam imersos na maturidade, esses indivíduos se colocavam como defensores de modelos, normas ou padrões que julgavam ameaçados ou enfraquecidos e/ou como questionadores das novas formas e costumes que aos poucos se instalavam na sociedade fortalezense. Por meio da análise de algumas obras literárias e do entrecruzamento dessas com outras tipologias de documentação (fontes judiciais, eclesiásticas e jornais) percebemos como alguns autores construíam e legitimavam no seu discurso memorialístico uma análise sobre moral, ordenamento e identidades de gênero na sociedade local oitocentista. A pesquisa, até no presente momento, resultou na percepção desses textos, também, como uma fonte importante para compreender os códigos normativos e da moral daquele século. Eles, em parte, tornavam-se uma fórmula de defender e adequar o passado e suas inúmeras formas de desvio às expectativas daqueles que escreviam aquelas narrativas.