Feitiçaria queer e a subversão do desejo falocêntrico no videoclipe Coytada (2018), de Linn da Quebrada

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Dias, Ed Ney Borges
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Capítulo de livro
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Texto Completo: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/58255
Resumo: “Vocês, homens... vocês fizeram tudo muito direitinho, né? [...] Vocês estavam fazendo as coisas todas para se proteger. E deixando ao feminino um lugar recluso, competindo por vocês. Mas que joguinho sujo! E acharam que a gente não fosse fazer nada”. Esse é um dos projéteis discursivos que a artista brasileira multimídia Linn da Quebrada dispara em direção aos homens, especialmente aos cisgêneros, em uma das cenas de Bixa travesty (2018), documentário-ficção roteirizado por ela e pela dupla de diretores do filme Claudia Priscilla e Kiko Goifman. Autoidentificada como uma travesti preta, periférica e “terrorista de gênero”, Linn da Quebrada é uma artista contemporânea que surge em um cenário de emergência de artivistas (artistas ativistas) de dissidências sexuais e de gênero no Brasil da última década, articuladores de políticas que se aproximam de uma perspectiva queer (COLLING, 2018). Queer é um vocábulo de origem anglo-saxônica que pode ser traduzido no português como “estranho”, “excêntrico” e/ou “raro” (LOURO, 2001, p. 546). Historicamente usado como injúria direcionada aos sujeitos desviantes das binariedades sexuais e de gênero, o termo foi, a partir do final dos anos 1980, apropriado e ressignificado por movimentos sociais, teóricas/os e artistas do Norte Global (LOURO, 2004). Queer é “a diferença que não quer ser assimilada ou tolerada” (LOURO, 2004, p. 38), materializada em “um corpo estranho, que incomoda, perturba, provoca e fascina” (ibidem, p.8). Localizada na América Latina e permeada por vivências próprias do Sul Global, a arte de Linn da Quebrada produz desestabilizações específicas, mas que são instigadas, de algum modo, por uma política queer. [...]
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