Os militares facínoras da tropa institucional: uma análise acerca dos soldados desertores na sociedade pernambucana nos séculos XVII e XVIII.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: SILVA, Giovane Albino.
Data de Publicação: 2010
Outros Autores: SILVA, Kalina Vanderlei.
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
Texto Completo: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/34360
Resumo: A tropa de linha - também chamada burocrática, regular ou institucional – era uma das principais instituições regidas pela Coroa portuguesa nos territórios coloniais americanos, e que foi utilizada, entre outras funções, para organizar e estabelecer o domínio Metropolitano nas novas terras. Contudo alguns problemas fizeram com que a tropa não se estabelecesse conforme seus propósitos iniciais, e entre estes destacamos a deserção. Esta foi uma prática constante na América Portuguesa, devido, inicialmente, ao caráter repressor e forçado do recrutamento, que visava à inserção de grupos sociais específicos, tais como vadios, vagabundos e pobres produtivos. A Coroa almejava, com isso, retirar da convivência cotidiana os indivíduos que pouco ou em nada contribuíam ao comércio agroexportador da colônia e dar-lhe uma função social. Estes grupos formavam o grosso de soldados da tropa, que passou a ser sinônimo de trabalho de baixa qualidade, e um imaginário negativo foi criado para os que exercessem tal ofício. Além disso, as questões culturais, influenciadas pelo imaginário barroco, desprezavam o trabalhador mecânico e consequentemente estigmatizavam o trabalho de soldado. Estas questões, somadas as dificuldades internar na tropa, fazia com eles ficassem cada vez mais insatisfeitos e por isso muitos optavam por fugirem, desertarem, buscarem outros lugares para sua sobrevivência. Os desertores viviam na clandestinidade, já que resistir a esse ofício e desertar era um crime. Diversos documentos, encontrados no acervo do Arquivo Histórico Ultramarino, mostram a preocupação dos chefes militares em relação aos problemas relativos à deserção. Os documentos apontam para o caráter negativo dos desertores nas vilas de Pernambuco, mostrando que muitos cometiam assassinatos e por isso eram considerados elementos negativos e deveriam, portanto, serem punidos severamente. A sociedade açucareira de Pernambuco se encontra como ponto central desse trabalho por ter sido um lugar onde havia uma grande quantidade de pobres produtivos, vagabundos e vadios nas suas vilas, sendo utilizada como uma das principais regiões fornecedoras de soldados na colônia e que por consequência era um lugar que havia muitos homens que rejeitavam o recrutamento e desertavam. Seguindo um viés sociocultural e um estudo buscando uma história da vida cotidiana nas vilas açucareiras, essa pesquisa tem como objetivo norteador observar de que forma esses desertores se inseriam na sociedade açucareira de Pernambuco e quais suas influências e sua relação com essa sociedade.
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