A escrita de si sob um olhar decolonial: diálogos entre Quarto de Despejo de Carolina Maria de Jesus e Cartas a Uma Negra, de Françoise Ega.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: TEIXEIRA, MIlena Gemir.
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
Texto Completo: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/30325
Resumo: Em nossa pesquisa direcionamos o nosso olhar para a importância da discussão literária acerca dos romances epistolares de narrativas decoloniais, uma vez que, no contexto contemporâneo, reconhecemos que a literatura de reexistência, sobretudo as escritas por mulheres negras, é um importante caminho para promover a ruptura de pensamentos coloniais que ainda se perpetuam na sociedade atual. Ao reconhecer o vínculo existente entre uma obra nacional e uma obra de língua francesa percebemos a relevância de reconhecer essas obras no meio literário e acadêmico, tanto brasileiro quanto francófono. Sendo assim, voltamos o nosso olhar para uma produção de uma escritora da Martinica que se inspirou em uma escritora brasileira. Metodologicamente, este trabalho possui uma abordagem qualitativa (OLIVEIRA, 2007), pois se detém ao estudo pormenorizado de objetos literários demandando uma leitura interpretativa guiada por uma abordagem de enfoques comparatistas (D'ONOFRIO, 1999), entendemos, de acordo com Gil (2002) que essa pesquisa é também documental e bibliográfica. Nesse sentido, delimitamos nosso objetivo geral que pretende discutir a escrita de si sob um olhar decolonial e explanar os diálogos entre as autobiografias epistolares Quarto de despejo da Carolina Maria de Jesus e Cartas a uma negra, da Françoise Ega. Para atender a esse objetivo, traçamos os três objetivos específicos: a) analisar o conceito que abarca a literatura decolonial, especialmente aquela escrita por mulheres negras; b) investigar de que maneira o romance epistolar, enquanto gênero, se relaciona com a teoria da escrita de si nas autobiografias; c) comparar as divergências e semelhanças entre as temáticas abordadas e as condições de produção das obras em paralelo à realidade das autoras em prol dos solos sócio-históricos. Nossa análise está ancorada ao conceito de decolonialidade e literatura afro-diaspórica de Maldonado-Torres, Grosfoguel e Bernardino-Costa (2020), Lugones (2012) e Kilomba (2019) ao tratar da autoria negra feminina e para a construção do conceito autobiográfico e da escrita de si lançamos mão dos pressupostos de Lejeune (2008) e outros autores. Dentre as conclusões alcançadas nesta pesquisa, reafirmamos que através da concepção decolonial sobre a literatura, é possível desenvolver um olhar resistente e abrir novos horizontes não só para fomentar as conexões sócio-históricas entre diferentes culturas que podem apresentar realidades semelhantes, mas também para incentivar o conhecimento do passado para que possamos construir um futuro mais resiliente e empático para com os grupos sociais que há muito tempo são subalternizados no meio social.
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Ao reconhecer o vínculo existente entre uma obra nacional e uma obra de língua francesa percebemos a relevância de reconhecer essas obras no meio literário e acadêmico, tanto brasileiro quanto francófono. Sendo assim, voltamos o nosso olhar para uma produção de uma escritora da Martinica que se inspirou em uma escritora brasileira. Metodologicamente, este trabalho possui uma abordagem qualitativa (OLIVEIRA, 2007), pois se detém ao estudo pormenorizado de objetos literários demandando uma leitura interpretativa guiada por uma abordagem de enfoques comparatistas (D'ONOFRIO, 1999), entendemos, de acordo com Gil (2002) que essa pesquisa é também documental e bibliográfica. Nesse sentido, delimitamos nosso objetivo geral que pretende discutir a escrita de si sob um olhar decolonial e explanar os diálogos entre as autobiografias epistolares Quarto de despejo da Carolina Maria de Jesus e Cartas a uma negra, da Françoise Ega. Para atender a esse objetivo, traçamos os três objetivos específicos: a) analisar o conceito que abarca a literatura decolonial, especialmente aquela escrita por mulheres negras; b) investigar de que maneira o romance epistolar, enquanto gênero, se relaciona com a teoria da escrita de si nas autobiografias; c) comparar as divergências e semelhanças entre as temáticas abordadas e as condições de produção das obras em paralelo à realidade das autoras em prol dos solos sócio-históricos. Nossa análise está ancorada ao conceito de decolonialidade e literatura afro-diaspórica de Maldonado-Torres, Grosfoguel e Bernardino-Costa (2020), Lugones (2012) e Kilomba (2019) ao tratar da autoria negra feminina e para a construção do conceito autobiográfico e da escrita de si lançamos mão dos pressupostos de Lejeune (2008) e outros autores. Dentre as conclusões alcançadas nesta pesquisa, reafirmamos que através da concepção decolonial sobre a literatura, é possível desenvolver um olhar resistente e abrir novos horizontes não só para fomentar as conexões sócio-históricas entre diferentes culturas que podem apresentar realidades semelhantes, mas também para incentivar o conhecimento do passado para que possamos construir um futuro mais resiliente e empático para com os grupos sociais que há muito tempo são subalternizados no meio social.In our research we direct our gaze to the importance of the literary discussion about the epistolary novels of decolonial narratives, since, in the contemporary context, we recognize that the literature of reexistence, especially those written by black women, is an important way to promote the rupture of colonial thoughts that are still perpetuated in today's society. By recognizing the link between a national work and a French language work, we realize the relevance of recognizing these works in the literary and academic milieu, both Brazilian and Francophone. Thus, we turn our attention to the production of a writer from Martinique who was inspired by a Brazilian writer. Methodologically, this work has a qualitative approach (OLIVEIRA, 2007), because it stops at the detailed study of literary objects demanding an interpretative reading guided by a comparative approach (D'ONOFRIO, 1999), we understand, according to Gil (2002) that this research is also documental and bibliographic. In this sense, we delimit our general objective, which intends to discuss the writing of the self from a decolonial point of view and explain the dialogues between the epistolary autobiographies Quarto de despejo by Carolina Maria de Jesus and Cartas a uma negra, by Françoise Ega. To meet this goal, we have outlined the three specific objectives: a) to analyze the concept that embraces decolonial literature, especially that written by black women; b) to investigate how the epistolary novel, as a genre, relates to the theory of writing of the self in autobiographies; c) to compare the divergences and similarities between the themes addressed and the conditions of production of the works in parallel to the reality of the authors' socio-historical soils. Our analysis is anchored to the concept of decoloniality and Afro-diasporic literature of Maldonado-Torres, Grosfoguel and Bernardino-Costa (2020), Lugones (2012) and Kilomba (2019) when dealing with black female authorship and for the construction of the autobiographical concept and the writing of the self we took advantage of the assumptions of Lejeune (2008) and other authors. Among the conclusions reached in this research, we reaffirm that through the decolonial conception about literature, it is possible to develop a resistant look and open new horizons not only to foster socio-historical connections between different cultures that may present similar realities, but also to encourage the knowledge of the past so that we can build a more resilient and empathetic future towards social groups that have long been subalternized in the social environment.CNPqDans notre recherche, nous nous intéressons à l'importance de la discussion littéraire sur les romans épistolaires des récits décoloniaux, puisque, dans le contexte contemporain, nous reconnaissons que la littérature de réexistence, en particulier celle écrite par des femmes noires, est un moyen important de promouvoir la rupture des pensées coloniales qui se perpétuent encore dans la société d'aujourd'hui. En reconnaissant le lien existant entre une oeuvre nationale et une oeuvre de langue française, nous réalisons la pertinence de la reconnaissance de ces oeuvres dans l'environnement littéraire et académique, tant brésilien que francophone. Ainsi, nous nous intéressons à la production d'un écrivain martiniquais qui s'est inspiré d'un écrivain brésilien. Méthodologiquement, ce travail a une approche qualitative (OLIVEIRA, 2007), car il s'arrête à l'étude détaillée des objets littéraires exigeant une lecture interprétative guidée par une approche des démarches comparatives (D'ONOFRIO, 1999), nous comprenons, selon Gil (2002) que cette recherche est aussi documentaire et bibliographique. Dans ce sens, nous délimitons notre objectif général qui vise à discuter de l'écriture de soi d'un point de vue décolonial et à expliquer les dialogues entre les autobiographies épistolaires Quarto de despejo de Carolina Maria de Jesus et Cartas a uma negra, de Françoise Ega. Pour atteindre cet objectif, nous avons défini les trois objectifs spécifiques suivants : a) analyser le concept qui englobe la littérature décoloniale, en particulier celle écrite par des femmes noires ; b) étudier de quelle manière le roman épistolaire, en tant que genre, se rapporte à la théorie de l'écriture de soi dans les autobiographies ; c) comparer les divergences et les similitudes entre les thèmes abordés et les conditions de production des oeuvres parallèlement à la réalité des auteurs sur le plan socio-historique. Notre analyse est ancrée dans le concept de décolonialité et de littérature afro-diasporique de Maldonado-Torres, Grosfoguel et Bernardino-Costa (2020), Lugones (2012) et Kilomba (2019) lorsqu'il s'agit de l'écriture féminine noire et, pour la construction du concept autobiographique et l'écriture du soi, nous utilisons les hypothèses de Lejeune (2008) et d'autres auteurs. Parmi les conclusions auxquelles nous sommes parvenus dans cette recherche, nous réaffirmons qu'à travers la conception décoloniale sur la littérature, il est possible de développer un regard résistant et d'ouvrir de nouveaux horizons non seulement pour favoriser les connexions socio-historiques entre différentes cultures qui peuvent présenter des réalités similaires, mais aussi pour encourager la connaissance du passé afin que nous puissions construire un avenir plus résilient et plus empathique envers les groupes sociaux qui ont longtemps été subalternisés dans l'environnement social.Universidade Federal de Campina GrandeBrasilCentro de Humanidades - CHUFCGPINHEIRO-MARIZ, Josilene.PINHEIRO-MARIZ, J.http://lattes.cnpq.br/4945243844289619SILVA, Maria Rennally Soares da.SANTOS, Nyeberth Emanuel Pereira dos.TEIXEIRA, MIlena Gemir.2023-05-162023-06-20T20:54:33Z2023-06-202023-06-20T20:54:33Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesishttp://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/30325TEIXEIRA, Milena Gemir. A escrita de si sob um olhar decolonial: diálogos entre Quarto de Despejo de Carolina Maria de Jesus e Cartas a Uma Negra, de Françoise Ega. Trabalho de Conclusão de Curso (monografia), Curso de Licenciatura em Letras: Língua Portuguesa e Língua Francesa, Centro de Humanidades, Universidade Federal de Campina Grande - Campina Grande - Paraíba - Brasil, 2022. Disponível em: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/30325porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCGinstname:Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)instacron:UFCG2023-06-20T20:56:43Zoai:localhost:riufcg/30325Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://bdtd.ufcg.edu.br/PUBhttp://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/oai/requestbdtd@setor.ufcg.edu.br || bdtd@setor.ufcg.edu.bropendoar:48512023-06-20T20:56:43Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG - Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)false
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