Conhecendo narrativas, tecendo histórias sobre Brasília – possibilidades e limites do trabalho com a história oral.
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2009 |
Tipo de documento: | Artigo de conferência |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG |
Texto Completo: | http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/34651 |
Resumo: | Pensar o métier do historiador não é tarefa das mais fáceis, no entanto, no seu exercício constante de historiar depara-se com limites e possibilidades inerentes a este exercício. Neste trabalho busco discutir a relação, propositiva e instigante, que se pode estabelecer entre história, memória e história oral no processo de construção de tessituras sobre a cidade. Pensar a relação entre memória e história é deparar-se com uma complexidade de entendimentos e de procedimentos que norteiam o trabalho do historiador para quem, assim como Proust, pensa que a vida é vagabunda, e que nossa memória é sedentária, ou seja, à descontinuidade das experiências ao longo do tempo, a memória, igualmente descontínua, revela a possibilidade de algo único. A memória, portanto, constrói o real. (SEIXAS, 2001) A memória não traz de volta a experiência vivida, mas constrói uma elaboração, uma digressão sobre essa mesma experiência. O falar, o narrar – embora impossibilitado pela vida moderna, como afirma Benjamin – constrói uma unicidade e uma lógica cadencial para os acontecimentos que não existia no momento em que a experiência se deu. Esse “algo único” de que nos fala Jacy Seixas, é essa possibilidade que a memória tem de permitir uma organização de fatos descontínuos, uma ordenação mesma da vida em torno de expectativas e de questões presentes. Brasília fora edificada historiograficamente como marco divisor de águas na história do Brasil. Uma cidade construída para “fazer a diferença”. As discussões em torno da interiorização, definida pela documentação como o “magno problema”, conferem à Brasília uma historicidade e um significado que extrapola, ou melhor, exacerba as expectativas em torno de sua edificação. Motivados por um imaginário de possibilidades muitos brasileiros migraram para Brasília em busca de melhores condições de vida, em busca de oportunidades. Diante desses desafios, o trabalho com a história oral apresenta uma série de possibilidades (e limites) ao historiador na medida em que os passantes também constroem significados para a cidade. Ela se transforma pela experiência desses homens e mulheres que se transformam nela, que deixam marcas nela e se deixam marcar por ela. Uma vez que, compartilhando a ideia apresentada por Natália Brayner, entendo que é a memória dos moradores que faz com que eles percebam na fisionomia da cidade, sua própria história de vida, suas experiências sociais e lutas cotidianas. (BRAYNER, 2004). |
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