Conflitos ambientais e conservação da natureza: contradições de um modelo.
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Livro |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG |
Texto Completo: | http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/29415 |
Resumo: | Com a queda do muro de Berlim em 1989, os desafios associados à conservação da natureza diante de um processo acelerado de degradação ambiental se impuseram definitivamente como tema possível do exercício de crítica ao capitalismo e às sociedades modernas. Ao longo dos anos 1990, porém, o discurso ambiental foi sendo gradativamente “ domado”, sendo integrado à agenda de diferentes organizações e grupos sociais e tendo alcançado um alto grau de institucionalização no Brasil e no mundo, orientando políticas e ações do poder público. Os consensos construídos em torno da noção de desenvolvimento sustentável e de estratégias de “modernização ecológica” como modelo adequado de intervenção do Estado nas questões ambientais tiveram um efeito anestesiante sobre o potencial crítico da militância ambiental. Dois eventos contribuíram, já na primeira década do Século X X I, para reorientar as preocupações globais da esfera ambiental de volta à esfera político-econômica: os atentados terroristas de 2001 e a crise econômica de 2008. Mais uma vez a crítica ao capitalismo e às sociedades modernas podia ser feita em termos de seus fundamentos econômicos e políticos. Tem-se, então, a oportunidade de refletir com maior distanciamento sobre o que podemos chamar de transmutação de problemas ambientais em políticas ambientais; ou, em outros termos, os processos que levaram as lutas pela preservação da natureza a se transformarem em lutas simbólicas sobre as possibilidades de intervenção política para promoção da conservação ambiental. Mesmo os mais céticos (ou os mais confiantes nas possibilidades tecnológicas de resolução dos problemas enfrentados pela humanidade) estão dispostos a admitir que é preciso reverter os padrões de degradação da natureza desenvolvidos ao longo dos últimos séculos. Se há divergências sobre a urgência e escopo do problema, não parece haver muito espaço para simplesmente descarta-se a questão ambiental como um tema relevante para o futuro dos seres humanos sobre a Terra. As opções políticas de enfrentamento da problemática ambiental, porém, podem ser agora melhor avaliadas, seguindo a diretiva muito clara oferecida pela Ecologia Política: é sempre necessário considerar quais grupos sociais ganham e quais grupos perdem com as políticas ambientais, e quais são os efeitos de longo prazo destas políticas na conservação dos recursos apropriados da natureza. O livro “ Conflitos ambientais e conservação da natureza: contradições de um modelo” , de José Irivaldo Alves de Oliveira Silva, é uma contribuição importante aos esforços de reflexão sobre as formas pelas quais o discurso ambiental foi apropriado por diferentes grupos sociais, que passam a demandar políticas que refletem não apenas interesses específicos como visões de mundo que respondem direta ou indiretamente a estes interesses. Ao se debruçar sobre as Reservas Particulares de Proteção da Natureza (RPPNs), o trabalho de José Irivaldo abre novos caminhos de investigação sobre a constituição de unidades de conservação no Brasil. Em sua pesquisa, ele chama atenção para a territorialização das RPPNs no semiárido nordestino, e em particular no estado da Paraíba, de modo a entender como antigos latifúndios são constituídos simbólica e juridicamente em áreas de proteção da natureza, num contexto marcado pela decadência do sistema latifúndio/algodão/pecuária e de crescente reivindicação por reforma agrária. Conflitos ambientais e conservação da natureza: contradições de um modelo traz ainda um registro detalhado de como grupos sociais historicamente marginalizados do acesso e uso aos recursos naturais - no caso moradores dos antigos latifúndios do semiárido - passam a ser criminalizados quando da constituição das Reservas Particulares do Patrimônio Natural. Enquanto os patrões do passado vestem a camisa de defensores da natureza, os antigos moradores, expulsos das fazendas a partir da década de 1970, agora trabalhadores rurais sem terra ou proprietários de minifúndios, são denunciados como perpetradores de crimes ambientais. O livro de José Irivaldo tem o potencial de inspirar uma nova geração de pesquisadores sobre as políticas de conservação da natureza no Brasil a recuperar o potencial crítico do pensamento ambientalista. E fundamental agora sair do comodismo oferecido pela perspectiva do desenvolvimento sustentável e denunciar os limites de políticas de modernização ecológica, reivindicando a formulação de políticas ambientais que efetivamente reconciliem as aspirações por justiça social e de proteção da natureza. |
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Ao longo dos anos 1990, porém, o discurso ambiental foi sendo gradativamente “ domado”, sendo integrado à agenda de diferentes organizações e grupos sociais e tendo alcançado um alto grau de institucionalização no Brasil e no mundo, orientando políticas e ações do poder público. Os consensos construídos em torno da noção de desenvolvimento sustentável e de estratégias de “modernização ecológica” como modelo adequado de intervenção do Estado nas questões ambientais tiveram um efeito anestesiante sobre o potencial crítico da militância ambiental. Dois eventos contribuíram, já na primeira década do Século X X I, para reorientar as preocupações globais da esfera ambiental de volta à esfera político-econômica: os atentados terroristas de 2001 e a crise econômica de 2008. Mais uma vez a crítica ao capitalismo e às sociedades modernas podia ser feita em termos de seus fundamentos econômicos e políticos. Tem-se, então, a oportunidade de refletir com maior distanciamento sobre o que podemos chamar de transmutação de problemas ambientais em políticas ambientais; ou, em outros termos, os processos que levaram as lutas pela preservação da natureza a se transformarem em lutas simbólicas sobre as possibilidades de intervenção política para promoção da conservação ambiental. Mesmo os mais céticos (ou os mais confiantes nas possibilidades tecnológicas de resolução dos problemas enfrentados pela humanidade) estão dispostos a admitir que é preciso reverter os padrões de degradação da natureza desenvolvidos ao longo dos últimos séculos. Se há divergências sobre a urgência e escopo do problema, não parece haver muito espaço para simplesmente descarta-se a questão ambiental como um tema relevante para o futuro dos seres humanos sobre a Terra. As opções políticas de enfrentamento da problemática ambiental, porém, podem ser agora melhor avaliadas, seguindo a diretiva muito clara oferecida pela Ecologia Política: é sempre necessário considerar quais grupos sociais ganham e quais grupos perdem com as políticas ambientais, e quais são os efeitos de longo prazo destas políticas na conservação dos recursos apropriados da natureza. O livro “ Conflitos ambientais e conservação da natureza: contradições de um modelo” , de José Irivaldo Alves de Oliveira Silva, é uma contribuição importante aos esforços de reflexão sobre as formas pelas quais o discurso ambiental foi apropriado por diferentes grupos sociais, que passam a demandar políticas que refletem não apenas interesses específicos como visões de mundo que respondem direta ou indiretamente a estes interesses. Ao se debruçar sobre as Reservas Particulares de Proteção da Natureza (RPPNs), o trabalho de José Irivaldo abre novos caminhos de investigação sobre a constituição de unidades de conservação no Brasil. Em sua pesquisa, ele chama atenção para a territorialização das RPPNs no semiárido nordestino, e em particular no estado da Paraíba, de modo a entender como antigos latifúndios são constituídos simbólica e juridicamente em áreas de proteção da natureza, num contexto marcado pela decadência do sistema latifúndio/algodão/pecuária e de crescente reivindicação por reforma agrária. Conflitos ambientais e conservação da natureza: contradições de um modelo traz ainda um registro detalhado de como grupos sociais historicamente marginalizados do acesso e uso aos recursos naturais - no caso moradores dos antigos latifúndios do semiárido - passam a ser criminalizados quando da constituição das Reservas Particulares do Patrimônio Natural. Enquanto os patrões do passado vestem a camisa de defensores da natureza, os antigos moradores, expulsos das fazendas a partir da década de 1970, agora trabalhadores rurais sem terra ou proprietários de minifúndios, são denunciados como perpetradores de crimes ambientais. O livro de José Irivaldo tem o potencial de inspirar uma nova geração de pesquisadores sobre as políticas de conservação da natureza no Brasil a recuperar o potencial crítico do pensamento ambientalista. E fundamental agora sair do comodismo oferecido pela perspectiva do desenvolvimento sustentável e denunciar os limites de políticas de modernização ecológica, reivindicando a formulação de políticas ambientais que efetivamente reconciliem as aspirações por justiça social e de proteção da natureza.Universidade Federal de Campina GrandeBrasilUFCG20142023-04-18T23:08:16Z2023-04-182023-04-18T23:08:16Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bookhttp://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/29415SILVA, José Irivaldo Alves Oliveira. Conflitos ambientais e conservação da natureza: contradições de um modelo. Campina Grande - PB: EDUFCG, 2014. ISBN: 978-85-8001-113-5. 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Com a queda do muro de Berlim em 1989, os desafios associados à conservação da natureza diante de um processo acelerado de degradação ambiental se impuseram definitivamente como tema possível do exercício de crítica ao capitalismo e às sociedades modernas. Ao longo dos anos 1990, porém, o discurso ambiental foi sendo gradativamente “ domado”, sendo integrado à agenda de diferentes organizações e grupos sociais e tendo alcançado um alto grau de institucionalização no Brasil e no mundo, orientando políticas e ações do poder público. Os consensos construídos em torno da noção de desenvolvimento sustentável e de estratégias de “modernização ecológica” como modelo adequado de intervenção do Estado nas questões ambientais tiveram um efeito anestesiante sobre o potencial crítico da militância ambiental. Dois eventos contribuíram, já na primeira década do Século X X I, para reorientar as preocupações globais da esfera ambiental de volta à esfera político-econômica: os atentados terroristas de 2001 e a crise econômica de 2008. Mais uma vez a crítica ao capitalismo e às sociedades modernas podia ser feita em termos de seus fundamentos econômicos e políticos. Tem-se, então, a oportunidade de refletir com maior distanciamento sobre o que podemos chamar de transmutação de problemas ambientais em políticas ambientais; ou, em outros termos, os processos que levaram as lutas pela preservação da natureza a se transformarem em lutas simbólicas sobre as possibilidades de intervenção política para promoção da conservação ambiental. Mesmo os mais céticos (ou os mais confiantes nas possibilidades tecnológicas de resolução dos problemas enfrentados pela humanidade) estão dispostos a admitir que é preciso reverter os padrões de degradação da natureza desenvolvidos ao longo dos últimos séculos. Se há divergências sobre a urgência e escopo do problema, não parece haver muito espaço para simplesmente descarta-se a questão ambiental como um tema relevante para o futuro dos seres humanos sobre a Terra. As opções políticas de enfrentamento da problemática ambiental, porém, podem ser agora melhor avaliadas, seguindo a diretiva muito clara oferecida pela Ecologia Política: é sempre necessário considerar quais grupos sociais ganham e quais grupos perdem com as políticas ambientais, e quais são os efeitos de longo prazo destas políticas na conservação dos recursos apropriados da natureza. O livro “ Conflitos ambientais e conservação da natureza: contradições de um modelo” , de José Irivaldo Alves de Oliveira Silva, é uma contribuição importante aos esforços de reflexão sobre as formas pelas quais o discurso ambiental foi apropriado por diferentes grupos sociais, que passam a demandar políticas que refletem não apenas interesses específicos como visões de mundo que respondem direta ou indiretamente a estes interesses. Ao se debruçar sobre as Reservas Particulares de Proteção da Natureza (RPPNs), o trabalho de José Irivaldo abre novos caminhos de investigação sobre a constituição de unidades de conservação no Brasil. Em sua pesquisa, ele chama atenção para a territorialização das RPPNs no semiárido nordestino, e em particular no estado da Paraíba, de modo a entender como antigos latifúndios são constituídos simbólica e juridicamente em áreas de proteção da natureza, num contexto marcado pela decadência do sistema latifúndio/algodão/pecuária e de crescente reivindicação por reforma agrária. Conflitos ambientais e conservação da natureza: contradições de um modelo traz ainda um registro detalhado de como grupos sociais historicamente marginalizados do acesso e uso aos recursos naturais - no caso moradores dos antigos latifúndios do semiárido - passam a ser criminalizados quando da constituição das Reservas Particulares do Patrimônio Natural. Enquanto os patrões do passado vestem a camisa de defensores da natureza, os antigos moradores, expulsos das fazendas a partir da década de 1970, agora trabalhadores rurais sem terra ou proprietários de minifúndios, são denunciados como perpetradores de crimes ambientais. O livro de José Irivaldo tem o potencial de inspirar uma nova geração de pesquisadores sobre as políticas de conservação da natureza no Brasil a recuperar o potencial crítico do pensamento ambientalista. E fundamental agora sair do comodismo oferecido pela perspectiva do desenvolvimento sustentável e denunciar os limites de políticas de modernização ecológica, reivindicando a formulação de políticas ambientais que efetivamente reconciliem as aspirações por justiça social e de proteção da natureza. |
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