História oral e tradição: orixás, filhos, vocalidade e corpo.
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2010 |
Tipo de documento: | Artigo de conferência |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG |
Texto Completo: | http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/34030 |
Resumo: | A História Oral e a tradição dos conhecimentos e das práticas religiosas que constituem os cultos afro brasileiros podem mostrar como a voz se espacializa e adquire características próprias em cada ambiente que a tenha como fundamental na reconstrução das realidades sócio-culturais e subjetivas dos indivíduos. Nos terreiros, a vivência, a experiência empírica e a oralidade são os principais agentes mantenedores da vocalidade e da performance no tempo e no espaço. Assim, procura-se nesse artigo refletir sobre a história da transmissão oral dos conhecimentos e práticas religiosas de dois pais e de duas mães de santo de Campina Grande – PB, a partir da narração que eles fazem de si próprios quando foram “tocados’ pelo Orixá. Por esta perspectiva, tem-se que o novo e o inédito do não-dito subjazem nas palavras, que são originadas na linguagem oral, e são captados, sobretudo, nas sutilezas da narrativização. Se são na narração, no falar ou no contar histórias que as experiências pessoais e coletivas são reveladas, então é na expressão do oral que os indivíduos registram suas marcas do vivido: crenças, relações familiares e de amizades, gostos e cultura, dentre outros. Na narração, o indivíduo ressignifica suas experiências, compartilhando-as com aquele que o escuta. Reconfigura e (re)inventa o que lhe foi transmitido oralmente, acrescido de conhecimentos práticos e criações próprias. Análises preliminares apontam que: a) são a voz, o corpo e a performance que mantém os costumes, os princípios e os fundamentos da tradição discursiva dos Orixás e demais espíritos da Jurema, vivos e (re)atualizados na história de suas existências. Uma “obra viva” que encontra força e suporte no rigor da transmissão oral, visual e fazeres repetidos e exercitados, b) na cultura oral dos terreiros, a performance se faz presente como uma “ação oral-auditiva complexa”, envolvendo a história do sagrado afrobrasileiro, c) todo o simbólico e a magia que engloba os Orixás e os espíritos da Jurema ganham forma e força através da palavra e do corpo dos médiuns, d) as vozes histórico-culturais entrecruzadas do sagrado com os sujeitos, os filhos, ou filhas, de santos, teatralizam o corpo destes no espaço e no tempo pela performance e e) nessa cultura de tradição vocal, os conhecimentos são verbalizados e atualizados, a partir das histórias de vida de cada indivíduo e das referências e proximidades ao cotidiano da vida humana |
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História oral e tradição: orixás, filhos, vocalidade e corpo.Oral history and tradition: orixás, children, vocality and body.História oralCultos afro brasileirosOrixásTransmissão oral - práticas religiosas afro brasileirasPais de santo - práticas religiosasMães de santo - práticas religiosasHistória da transmissão oral - práticas religiosasNarração - práticas religiosasCostumes afro brasileiros - transmissão oralTradição discursiva dos orixásTransmissão visual - práticas religiosas afro brasileirasCultura oral dos terreirosTradição vocalReligiões afro brasileirasOral historyAfro Brazilian cultsOrishasOral transmission - Afro-Brazilian religious practicesPais de santo - religious practicesSaint mothers - religious practicesHistory of oral transmission - religious practicesNarration - religious practicesAfro Brazilian customs - oral transmissionDiscursive tradition of the orixásVisual transmission - Afro-Brazilian religious practicesOral culture of the terreirosVocal traditionAfro Brazilian religionsHistória.A História Oral e a tradição dos conhecimentos e das práticas religiosas que constituem os cultos afro brasileiros podem mostrar como a voz se espacializa e adquire características próprias em cada ambiente que a tenha como fundamental na reconstrução das realidades sócio-culturais e subjetivas dos indivíduos. Nos terreiros, a vivência, a experiência empírica e a oralidade são os principais agentes mantenedores da vocalidade e da performance no tempo e no espaço. Assim, procura-se nesse artigo refletir sobre a história da transmissão oral dos conhecimentos e práticas religiosas de dois pais e de duas mães de santo de Campina Grande – PB, a partir da narração que eles fazem de si próprios quando foram “tocados’ pelo Orixá. Por esta perspectiva, tem-se que o novo e o inédito do não-dito subjazem nas palavras, que são originadas na linguagem oral, e são captados, sobretudo, nas sutilezas da narrativização. Se são na narração, no falar ou no contar histórias que as experiências pessoais e coletivas são reveladas, então é na expressão do oral que os indivíduos registram suas marcas do vivido: crenças, relações familiares e de amizades, gostos e cultura, dentre outros. Na narração, o indivíduo ressignifica suas experiências, compartilhando-as com aquele que o escuta. Reconfigura e (re)inventa o que lhe foi transmitido oralmente, acrescido de conhecimentos práticos e criações próprias. Análises preliminares apontam que: a) são a voz, o corpo e a performance que mantém os costumes, os princípios e os fundamentos da tradição discursiva dos Orixás e demais espíritos da Jurema, vivos e (re)atualizados na história de suas existências. Uma “obra viva” que encontra força e suporte no rigor da transmissão oral, visual e fazeres repetidos e exercitados, b) na cultura oral dos terreiros, a performance se faz presente como uma “ação oral-auditiva complexa”, envolvendo a história do sagrado afrobrasileiro, c) todo o simbólico e a magia que engloba os Orixás e os espíritos da Jurema ganham forma e força através da palavra e do corpo dos médiuns, d) as vozes histórico-culturais entrecruzadas do sagrado com os sujeitos, os filhos, ou filhas, de santos, teatralizam o corpo destes no espaço e no tempo pela performance e e) nessa cultura de tradição vocal, os conhecimentos são verbalizados e atualizados, a partir das histórias de vida de cada indivíduo e das referências e proximidades ao cotidiano da vida humanaUniversidade Federal de Campina GrandeBrasilUFCG20102024-01-22T10:23:25Z2024-01-222024-01-22T10:23:25Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/conferenceObjecthttp://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/34030MELO, Rafael José de. História oral e tradição: orixás, filhos, vocalidade e corpo. In: II Colóquio Internacional de História: fontes históricas, ensino e história da educação. GT 03: História Oral, Memória e Ensino de História. Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), 2º, 2010. Anais [...]. Campina Grande - PB, 2010. p. 271-280. ISSN: 2179 2011. Disponível em: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/34030porMELO, Rafael José de.info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCGinstname:Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)instacron:UFCG2024-01-22T10:23:54Zoai:localhost:riufcg/34030Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://bdtd.ufcg.edu.br/PUBhttp://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/oai/requestbdtd@setor.ufcg.edu.br || bdtd@setor.ufcg.edu.bropendoar:48512024-01-22T10:23:54Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG - Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)false |
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