Memória de velhos: narrativas orais e as artes de fazer dos trabalhadores do sisal em Cubati – PB (1950-1980).

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: LIRA, Silvano Fidelis de.
Data de Publicação: 2011
Outros Autores: PEREIRA, Auricélia Lopes.
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
Texto Completo: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/34800
Resumo: Como se tece uma lembrança? A partir de que referenciais podemos entender a dimensão subjetiva da construção das memórias de velhos? Como as artes de fazer do indivíduo são manifestadas pela narrativa? Este texto busca, através da memória de velhos, examinar possíveis dimensões que dão forma as narrativas tecidas pelos antigos trabalhadores dos campos e motores de agave, pessoas que conviveram com o auge e o declínio da produção sisaleira na cidade de Cubati durante as décadas de 50 e 80. A memória é uma construção que atende as necessidades do presente e a suas evocações, portanto ela é seletiva, variável e pode muito bem sofrer modificações, rasuras, nivelamentos, produzidos de acordo com a subjetividade do sujeito. Torna-se então uma impossibilidade a construção de uma narrativa linear, coerente e puramente verdadeira, aquela que busca na narrativa oral e na memória um subsídio para a sua construção. O trabalho do historiador, nessa perspectiva, é uma prática de fronteira, onde a escrita se pratica em territórios sedimentares, irregulares e muitas vezes de difícil acesso, a memória aparece em meio a cercas, a barreiras. Assim, as narrativas orais dos idosos estão localizadas geralmente entre a memória e o esquecimento e se articulam entre o dito e não dito. O esquecimento nesse sentido não pode ser negligenciado, pois assim como nos diz Michel de Certeau, o esquecimento não é uma mera passividade ou uma perda do sujeito; ela é ação, uma frente opositora ao passado. De que falam essas narrativas? E de que não falam esses silêncios? Isso mostra o quanto a “História Oral” se encontra entre a possibilidade e a impossibilidade. As narrativas orais dos idosos buscam, através das lembranças, contar histórias, construir narrativas de vida, baseadas na experiência cotidiana... Falam das artes de fazer e de viver. Portanto, esse texto vai buscar nas possibilidades das narrativas orais, tecer um estudo sobre como a memória, articulada com a oralidade pode nos servir para a construção de uma História das artes de fazer no cotidiano de homens e mulheres que construíram uma nova forma de vida no ambiente de trabalho, desfibrando suas trajetórias de vida.
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