Um banquete na moita: (re)significação das práticas alimentares de cactos e de bromélias em Boqueirão nos anos 1950.
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2010 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo de conferência |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG |
Texto Completo: | http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/34328 |
Resumo: | Este trabalho pretende problematizar a cultura alimentar do semi-árido paraibano, especificamente no município de Boqueirão nos anos 1950, desnaturalizando as identidades dos espaços e dos sujeitos e os estereótipos construídos culturalmente quanto ao uso dos cactos e das bromélias na alimentação humana. Fizemos este recorte temporal em virtude de ser o período em que houve grandes transformações nesta localidade devido à construção do Açude Epitácio Pessoa, configurando-se uma modernização local. Para que possamos analisar as transformações culturais, os hábitos alimentares que (re) significaram os discursos modernizantes, os deslocamentos e as borrações provocadas por essas burlações nas identidades tidas como modernas trazidas com a edificação do manancial, buscamos explorar tais significações a partir das falas de seus antigos (re) memoradores, possibilitadas pelo emprego metodológico da memória. Consoante as evidências orais, também foi possível perceber outros discursos depreciativos referentes ao mesmo costume, através das evidências escritas enunciadas pelo discurso oficial agenciada pela historiografia da alimentação. Neste sentido, nossos narradores enunciaram transformações vividas na localidade Moita, e demonstraram sensibilidades positivas sobre estas comidas. Conforme eles, esses alimentos além de serem gostosos, eram saudáveis e medicinais e que mesmo nas épocas de farturas continuavam praticando este costume, que teve uma grande redução após a construção do açude de Boqueirão, provocada pelo discurso modernizante, procurando estereotipar as identidades tidas como “tradicionais”. Mas graça as táticas dos habitantes ordinários da comunidade Moita, os alimentos derivados dos cactos e das bromélias se reinventaram, driblaram o discurso oficial, resultando na construção de uma agroindústria em 2003, de alimentos provenientes dessas respectivas plantas. Devemos chamar também a atenção para o fato de que antes da construção do açude, os alimentos advindos dos cactos e das bromélias, eram consumidos quase em in natura. Mas, após os anos 1950, esses hábitos reinventam essas identidades e assumem outras. O açúcar e o coco são acrescentados as receitas que se utilizam principalmente dessas plantas. Logo o dualismo entra na mesmidade. O velho/novo, o moderno/atrasado se misturam no bolo, no suco, na cocada, entre outros. Não há como colocar uma barreira entre eles. Estão a todo o momento se deslocando. È a cultura reinventando o cheiro, o sabor e o olhar. |
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Um banquete na moita: (re)significação das práticas alimentares de cactos e de bromélias em Boqueirão nos anos 1950.A feast in the bush: (re)signification of cacti and bromeliad feeding practices in Boqueirão in the 1950s.Práticas alimentaresCactos - práticas alimentaresBromélias - práticas alimentaresBoqueirão - PB - práticas alimentares anos 1950Cultura alimentar - Semiárido Paraibano 1950Cactos na alimentação humanaBromélias na alimentação humanaHistória de Boqueirão - PB - cultura alimentarMoita - comunidade de Boqueirão - PBEating practicesCacti - feeding practicesBromeliads - feeding practicesBoqueirão - PB - food practices in the 1950sFood culture - Semi-arid Paraibano 1950Cacti in human nutritionBromeliads in human nutritionHistory of Boqueirão - PB - food cultureMoita - community of Boqueirão - PBHistória.Este trabalho pretende problematizar a cultura alimentar do semi-árido paraibano, especificamente no município de Boqueirão nos anos 1950, desnaturalizando as identidades dos espaços e dos sujeitos e os estereótipos construídos culturalmente quanto ao uso dos cactos e das bromélias na alimentação humana. Fizemos este recorte temporal em virtude de ser o período em que houve grandes transformações nesta localidade devido à construção do Açude Epitácio Pessoa, configurando-se uma modernização local. Para que possamos analisar as transformações culturais, os hábitos alimentares que (re) significaram os discursos modernizantes, os deslocamentos e as borrações provocadas por essas burlações nas identidades tidas como modernas trazidas com a edificação do manancial, buscamos explorar tais significações a partir das falas de seus antigos (re) memoradores, possibilitadas pelo emprego metodológico da memória. Consoante as evidências orais, também foi possível perceber outros discursos depreciativos referentes ao mesmo costume, através das evidências escritas enunciadas pelo discurso oficial agenciada pela historiografia da alimentação. Neste sentido, nossos narradores enunciaram transformações vividas na localidade Moita, e demonstraram sensibilidades positivas sobre estas comidas. Conforme eles, esses alimentos além de serem gostosos, eram saudáveis e medicinais e que mesmo nas épocas de farturas continuavam praticando este costume, que teve uma grande redução após a construção do açude de Boqueirão, provocada pelo discurso modernizante, procurando estereotipar as identidades tidas como “tradicionais”. Mas graça as táticas dos habitantes ordinários da comunidade Moita, os alimentos derivados dos cactos e das bromélias se reinventaram, driblaram o discurso oficial, resultando na construção de uma agroindústria em 2003, de alimentos provenientes dessas respectivas plantas. Devemos chamar também a atenção para o fato de que antes da construção do açude, os alimentos advindos dos cactos e das bromélias, eram consumidos quase em in natura. Mas, após os anos 1950, esses hábitos reinventam essas identidades e assumem outras. O açúcar e o coco são acrescentados as receitas que se utilizam principalmente dessas plantas. Logo o dualismo entra na mesmidade. O velho/novo, o moderno/atrasado se misturam no bolo, no suco, na cocada, entre outros. Não há como colocar uma barreira entre eles. Estão a todo o momento se deslocando. È a cultura reinventando o cheiro, o sabor e o olhar.Universidade Federal de Campina GrandeBrasilUFCG20102024-02-05T19:28:25Z2024-02-052024-02-05T19:28:25Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/conferenceObjecthttp://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/34328SILVA, José Carlos; ARAÚJO, Eronides Câmara de. Um banquete na moita: (re)significação das práticas alimentares de cactos e de bromélias em Boqueirão nos anos 1950. In: II Colóquio Internacional de História: fontes históricas, ensino e história da educação. GT 18: Identidade e alteridade: sensibilidades e subjetividades no ensino e na pesquisa histórica. Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), 2º, 2010. Anais [...]. Campina Grande - PB, 2010. p. 2453-2462. ISSN: 2179 2010. Disponível em: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/34328porSILVA, José Carlos.ARAÚJO, Eronides Câmara de.info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCGinstname:Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)instacron:UFCG2024-02-05T19:28:50Zoai:localhost:riufcg/34328Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://bdtd.ufcg.edu.br/PUBhttp://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/oai/requestbdtd@setor.ufcg.edu.br || bdtd@setor.ufcg.edu.bropendoar:48512024-02-05T19:28:50Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG - Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)false |
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