A questão agrária e o fechamento da escola do campo no Assentamento Mandacaru (Sumé – PB): relatos de diferentes sujeitos envolvidos no processo.

• Autor(a) principal: OLIVEIRA, Amanda Cariri de.
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
• Texto Completo: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/36644
• topic: Questão agrária; Assentamento Mandacarú – Sumé - PB; Fechamento de escola do campo – Sumé - PB; Nucleação escolar; Resistência camponesa; Latifúndio; Fazenda Feijão – Sumé – PB; Agrarian question; Mandacarú Settlement – ​​Sumé - PB; Closing of a rural school – Sumé - PB; School nucleation; Peasant resistance; Latifundium; Fazenda Feijão – Sumé – PB; Educação do Campo.

Este trabalho aborda a problemática do fechamento de escolas localizadas em áreas rurais, destacando o impacto da questão agrária neste processo. O estudo objetiva, de modo geral, analisar os impactos do fechamento de escola do campo na antiga Fazenda Feijão, atual Assentamento Mandacaru, localizado no município de Sumé, na região do Cariri Paraibano, e suas relações com a questão agrária neste território. Como objetivos específicos, buscamos: investigar a questão agrária no Brasil e na Paraíba; identificar como se desenvolveu o latifúndio da Fazenda Feijão na região do Cariri paraibano; investigar o histórico de criação da Escola na Fazenda Feijão e seu desenvolvimento; analisar as tensões e conflitos presentes no processo de fechamento da Escola Municipal “Senador Paulo Guerra”; e analisar os impactos do fechamento da Escola para estudantes e comunidade. Essa pesquisa foi realizada a partir da abordagem teórico-metodológica do materialismo histórico e dialético (MARX; ENGELS, 2007), a partir do qual estudamos sobre processo histórico de conformação do latifúndio em questão, o papel da escola na comunidade e os impactos de seu fechamento nos últimos 5 anos. Como procedimentos de pesquisa, foram realizadas pesquisa bibliográfica e documental, visitas de campo à comunidade e entrevistas semiestruturadas (GUAZI, 2021) com os moradores, docentes, mãe e liderança local. Como principais resultados, identificamos que o fechamento da escola rural no Assentamento Mandacaru foi um ato arbitrário e autoritário, que desrespeitou os direitos e as demandas dos sujeitos do campo, que lutaram pela terra e pela educação durante muito tempo; foi um reflexo do capitalismo burocrático e do imperialismo, que visam à exploração e a dominação dos trabalhadores rurais afetando negativamente a vida dos estudantes, que tiveram que se deslocar para outras escolas, enfrentando dificuldades de transporte, de adaptação e de aprendizagem. Em particular, o fechamento da escola e o decorrente deslocamento das crianças afetam ainda mais aquelas de idade de 3 a 5 anos, além de ser ilegal, pois a oferta da Educação Infantil é obrigatória que ocorra na própria comunidade rural. Por outro lado, identificamos que o município utilizou-se de estratégias antidemocráticas e de chantagem com a população das comunidades rurais envolvidas, contrapondo a oferta de direitos básicos como a educação e o emprego como se fossem mutuamente excludentes. Conclui-se que o direito à educação do campo não está sendo assegurado à crianças, jovens e adultos da comunidade investigada, sendo necessária maior mobilização e união das famílias para a continuidade da luta por sua efetivação.