O não dito: lembranças de ex-militantes entre a memória e o ressentimento.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: ARAÚJO, Lucélia Nárjera de.
Data de Publicação: 2011
Outros Autores: NASCIMENTO, Regina Coelli Gomes.
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
Texto Completo: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/34810
Resumo: Considerando a história oral enquanto abordagem metodológica que permite o registro de representações da memória e que consiste, conforme nos ensina Verena Alberti (2010), na realização de entrevistas com indivíduos que participaram, ou testemunharam acontecimentos do passado, possibilitando o conhecimento dos modos de vida de atores de uma geração, e se constitui como fonte histórica intencionalmente produzida. Desta forma, faremos uso dessa fonte com o objetivo de analisar relatos orais de memórias de determinados sujeitos que compunham uma parcela da juventude teresinense que vivenciou transformações na política e nos costumes nas décadas de sessenta e setenta. Abordaremos a memória na perspectiva de Nora (1981), que a vê carregada por grupos vivos e, em permanente evolução, aberta à dialética da lembrança e do esquecimento. Buscando assim, perceber quais memórias prevaleceram nas narrativas desses atores que em sua juventude vivenciaram seus “anos rebeldes” como militante e ao mesmo tempo sujeitos receptores de uma revolução cultural; se uma “memória saudosista”- permeada por lembranças de um período marcado pela crença juvenil em mudanças e transformações políticas e sociais no mundo, caracterizado por grandes manifestações protagonizadas pelos jovens nas ruas que clamavam por liberdade e democracia, que marcou significativamente a época e consistiu em alterações de costumes e emergência de novos valores. Ou se estes conservam uma “memória ressentida”, causada por suas experiências traumáticas vivenciadas enquanto militantes engajados na luta contra a ditadura e originada pelas perseguições políticas cometidas pelas instituições repressivas impostas pela conjuntura histórica de repressão, instituída a partir de 1964 com os governos militares. Analisando o ressentimento de acordo com a concepção de David Konstan (2004), que o compreende como um sentimento duradouro, persistente, e que na perspectiva de Pierre Ansart (2004) resulta de um sentimento associado à lembrança de uma humilhação, experienciado pelo amor-próprio ferido, que provoca o desejo de vingança e se dissimula atrás do rancor.
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