O jogo político da democracia: lutas simbólicas na "redemocratização" brasileira (1984-1985).

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: CORDÃO, Michelly Pereira de Sousa.
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
Texto Completo: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/149
Resumo: A tese discute as disputas simbólicas que envolveram o projeto conservador e liberal da “redemocratização” articulado por grupos políticos que, no âmbito da sucessão presidencial (1984-1985), se construíram e foram construídos como legítimos símbolos da democracia e da “oposição” ao regime civil-militar. Conferimos um maior espaço de discussão a Tancredo Neves por entendermos que ele representou, nos anos 1980, uma concepção de democracia aceitável pelas elites políticas e econômicas. Paralelamente a isso, destacamos posições do Partido dos Trabalhadores no sentido de evidenciar que o modelo de “redemocratização” tramado pelas elites políticas não configurou um “consenso”, a despeito da propaganda midiática que alardeava o contrário. A pesquisa foi desenvolvida a partir da análise de discursos políticos e da grande imprensa, pensada enquanto instrumento simbólico que arrematava teses e argumentos políticos aos quais estava alinhada, na mesma medida em que desqualificava “opiniões” que lhe eram contrárias. Utilizamos, sobretudo, os jornais O Globo e Folha de São Paulo, compreendidos enquanto veículos que interferem no campo político, definindo pautas e legitimando posições. Dos diálogos com a teoria sociológica, a nossa ênfase foi às discussões sobre campo político de Pierre Bourdieu que possibilitaram o estranhamento das verdades socialmente construídas e, portanto, da noção de democracia que venceu as lutas simbólicas nos anos 1980. Nesse sentido, propomos análises que apontaram para a percepção de que no cenário das disputas em torno da “redemocratização”, saíram vitoriosos grupos políticos que representavam uma concepção conservadora de democracia, cujo estabelecimento se deu a partir de um amplo esforço político e midiático voltado para o esquecimento da colaboração de seus defensores com a ditadura, bem como, o silenciamento de propostas alternativas que a “contestavam”. Construiu-se o mito de uma “redemocratização” sem antagonismos, anulando-se a pluralidade política a partir da imposição autoritária de uma “verdade” que reafirma a tese “clássica” de que o modelo liberal-capitalista se constitui no único caminho capaz de promover a democracia. Observamos, por fim, que o projeto conservador de “redemocratização” legou-nos uma concepção de democracia que defende o Estado Democrático de Direito e, contraditoriamente, odeia a democratização social.
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Paralelamente a isso, destacamos posições do Partido dos Trabalhadores no sentido de evidenciar que o modelo de “redemocratização” tramado pelas elites políticas não configurou um “consenso”, a despeito da propaganda midiática que alardeava o contrário. A pesquisa foi desenvolvida a partir da análise de discursos políticos e da grande imprensa, pensada enquanto instrumento simbólico que arrematava teses e argumentos políticos aos quais estava alinhada, na mesma medida em que desqualificava “opiniões” que lhe eram contrárias. Utilizamos, sobretudo, os jornais O Globo e Folha de São Paulo, compreendidos enquanto veículos que interferem no campo político, definindo pautas e legitimando posições. Dos diálogos com a teoria sociológica, a nossa ênfase foi às discussões sobre campo político de Pierre Bourdieu que possibilitaram o estranhamento das verdades socialmente construídas e, portanto, da noção de democracia que venceu as lutas simbólicas nos anos 1980. Nesse sentido, propomos análises que apontaram para a percepção de que no cenário das disputas em torno da “redemocratização”, saíram vitoriosos grupos políticos que representavam uma concepção conservadora de democracia, cujo estabelecimento se deu a partir de um amplo esforço político e midiático voltado para o esquecimento da colaboração de seus defensores com a ditadura, bem como, o silenciamento de propostas alternativas que a “contestavam”. Construiu-se o mito de uma “redemocratização” sem antagonismos, anulando-se a pluralidade política a partir da imposição autoritária de uma “verdade” que reafirma a tese “clássica” de que o modelo liberal-capitalista se constitui no único caminho capaz de promover a democracia. Observamos, por fim, que o projeto conservador de “redemocratização” legou-nos uma concepção de democracia que defende o Estado Democrático de Direito e, contraditoriamente, odeia a democratização social.This thesis discusses the symbolic disputes involving the conservative and liberal project of “redemocratization” engaged by political groups which constructed themselves and were constructed as legitimate symbols of democracy and “opposition” to civil military regime during the presidential succession (1984-1985). We have emphasized the figure of Tancredo Neves because we regard him as an acceptable conception of democracy for both political and economical elites in the 1980s. At the same time, we have highlighted Workers Party in order to evidence that the “redemocratization” model plotted by political elites did not configure as a “consensus” concerning the media propaganda which praised the opposite. This research has been carried out through the analysis of both political discourses and mainstream media regarded as a symbolic instrument which covered the theses and arguments in agreement on one hand, and the disregarding of contrary “opinions” on the other hand. We have utilized mainly the newspapers O Globo and Folha de São Paulo regarded as means which intervene in the political field, by defining agendas and legitimating positions. Considering the sociological theory, our discussion has been based on Pierre Bordieu’s concept of political field which enables the strangeness of socially-constructed “truths”, and thus the notion of democracy which won the symbolic struggles in the 1980s. In this sense, our analytical proposal points out that within the scenary of disputes around the “redemocratization”, the winner political groups were the ones who represented a conservative conception of democracy whose foundation relied on the political and media effort engaged in erasing their defensors’ struggle against the dictatorial period, as well as the silencing of alternative proposals which “contested” it. Therefore, a myth of “redemocratization” without antagonisms was constructed, by annuling the political plurality from an authoritarian imposition of a truth that restates the classical thesis of a liberal-capitalist model regards the only way capable of promoting democracy. At last, we have verified that a conservative project of “redemocratization” we bequeathed is a conception of democracy which defends the Democratic State of Law, and in a contradictory way, it dislikes the social democratization.CapesUniversidade Federal de Campina GrandeBrasilCentro de Humanidades - CHPÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAISUFCGLIMA, Elizabeh Cristina de Andrade.LIMA, E. C. A.http://lattes.cnpq.br/9483143620752293LIMA, Marinalva Vilar de.LIMA, M. V.CHRISTILLINO, Christiano Luís.LINDOSO, José Antonio Spinelli.NASCIMENTO, Celso Gestermeier do.OLIVEIRA, Roberto Veras de.CORDÃO, Michelly Pereira de Sousa.2015-09-302017-11-28T15:05:04Z2017-11-282017-11-28T15:05:04Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesishttp://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/149CORDÃO, Michelly Pereira de Sousa. O Jogo político da democracia: lutas simbólicas na "redemocratização" brasileira (1984-1985). 2015. 236f. (Tese de Doutorado em Ciências Sociais). 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