Sêneca e o tratamento dos escravos.
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Data de Publicação: | 2011 |
Tipo de documento: | Artigo de conferência |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG |
Texto Completo: | http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/34835 |
Resumo: | Nas sociedades antigas, desde os tempos mais remotos dos quais se tenha informação, a escravidão foi um fato. Era associada por necessidade à sobrevivência dessas sociedades formadas por cidadãos guerreiros sobre os quais repousava a integridade do estado em relação aos estados vizinhos e o funcionamento da sua organização política. Guerreiros ou administradores, não podiam dedicar à produção, especialmente a agrícola, o tempo necessário; precisavam então de uma mão de obra formada primeiro pelos cativos conseguidos nas ações guerreiras, pelos devedores insolventes que pagavam suas dívidas com a perda de sua liberdade, pelas capturas resultantes de atos de pirataria. Já na condição de escravos, eram mera mercadoria e podiam ser vendidos assim como os filhos que geravam. Eram muitas vezes destinados aos trabalhos mais duros, extração mineira e trabalhos nos campos para os homens, trabalhos caseiros para as mulheres. Ao longo da história, a condição dos escravos diversificou-se: como possessão do estado realizavam obras públicas e até funções administrativas, como possessão de particulares não eram mais só mão de obra rural ou industrial, especializaram-se em serviços de todo tipo até passaram a servir de ornamento ou, se se pode dizer, de “signos exteriores de riqueza” nas casas dos endinheirados. Sêneca viveu no Iº século depois de Cristo, sob o reinado de Nero, num tempo em que Roma dominava o mundo e drenava as riquezas dos povos subjugados. Preceptor do futuro imperador, conservou durante bastante tempo a confiança dele; era um dos poderosos e convivia com a classe dos abastecidos; mas seu interesse pela filosofia e especialmente pela filosofia estóica permitiu-lhe distanciamento em relação aos costumes dos seus contemporâneos. Nos oferece nas suas “Epístolas Morais a Lúcilio” em particular na Epístola 47 ao mesmo tempo que uma reflexão sobre a condição dos escravos uma acerba crítica do modo como eram tratados. Esse texto é rico em informações diversas sobre a vida dos escravos na casa dos que gozavam de uma posição social avantajada. Além dos trabalhos no campo ao qual 2 Sêneca faz alusão, citando no § 15 o cavalariço ou o boiadeiro como submetidos a um trabalho mais vil por ser mais sujo e exigir competências menos refinadas, insiste sobre os ofícios que lhes são atribuídos na casa dos ricos, onde cuidam de manter a limpeza na sala do banquete, limpando as sujeiras dos convidados: “Quando nos deitamos para jantar, um enxuga os escarros, outro, abaixado, recolhe os restos dos bêbados no colchão.”§5. O texto sublinha a especialização no serviço à mesa: um é preposto ao destrinchar as aves segundo regras precisas, outro a servir o vinho mas tem que apresentar, apesar dos anos o mesmo aspecto que oferece o eterno adolescente Ganimedes, escanção dos deuses do Olimpo: “Outro, provedor do vinho, enfeitado a modo de mulher, luta com a idade: não pode escapar à infância, é obrigado a voltar a ela e então imberbe ...., com os pelos raspados ou totalmente depilados” §7; outro abastece a casa com iguarias e não só é encarregado das compras mas tem que adivinhar o que o dono terá vontade de comer: “acrescenta os responsáveis pelas compras que têm do paladar senhorial um refinado conhecimento, que sabem a iguaria cujo sabor o estimule, cujo aspecto o deleite, pela novidade da qual ele possa, inapetente, ser solicitado, o que já repugne a sua saciedade, o que lhe abra o apetite naquele dia.” §8. Tem também o escravo que observa os convidados a fim de denunciar quem se apresenta não para honrar o dono mas para refestelar-se e, como parasita, volta no dia seguinte para aproveitar as sobras ou para criticar: “observa quem a adulação e a intemperânça de boca ou de língua traz de volta no dia seguinte.” §8. Podem ser trabalhos menos pesados que os do campo ou das minas, mas que atingem a dignidade de quem é obrigado a fazê-los. |
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Sêneca e o tratamento dos escravos. In: II Seminário Nacional Fontes Documentais e Pesquisa Histórica: Sociedade e Cultura. GT 03 - Antiguidade, Medievalidade, Recepções: Fontes e Metodologias. Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), 2º, 2011. Anais [...]. Campina Grande - PB, 2011. p. 1-7. ISSN: 2176 4514. 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Nas sociedades antigas, desde os tempos mais remotos dos quais se tenha informação, a escravidão foi um fato. Era associada por necessidade à sobrevivência dessas sociedades formadas por cidadãos guerreiros sobre os quais repousava a integridade do estado em relação aos estados vizinhos e o funcionamento da sua organização política. Guerreiros ou administradores, não podiam dedicar à produção, especialmente a agrícola, o tempo necessário; precisavam então de uma mão de obra formada primeiro pelos cativos conseguidos nas ações guerreiras, pelos devedores insolventes que pagavam suas dívidas com a perda de sua liberdade, pelas capturas resultantes de atos de pirataria. Já na condição de escravos, eram mera mercadoria e podiam ser vendidos assim como os filhos que geravam. Eram muitas vezes destinados aos trabalhos mais duros, extração mineira e trabalhos nos campos para os homens, trabalhos caseiros para as mulheres. Ao longo da história, a condição dos escravos diversificou-se: como possessão do estado realizavam obras públicas e até funções administrativas, como possessão de particulares não eram mais só mão de obra rural ou industrial, especializaram-se em serviços de todo tipo até passaram a servir de ornamento ou, se se pode dizer, de “signos exteriores de riqueza” nas casas dos endinheirados. Sêneca viveu no Iº século depois de Cristo, sob o reinado de Nero, num tempo em que Roma dominava o mundo e drenava as riquezas dos povos subjugados. Preceptor do futuro imperador, conservou durante bastante tempo a confiança dele; era um dos poderosos e convivia com a classe dos abastecidos; mas seu interesse pela filosofia e especialmente pela filosofia estóica permitiu-lhe distanciamento em relação aos costumes dos seus contemporâneos. Nos oferece nas suas “Epístolas Morais a Lúcilio” em particular na Epístola 47 ao mesmo tempo que uma reflexão sobre a condição dos escravos uma acerba crítica do modo como eram tratados. Esse texto é rico em informações diversas sobre a vida dos escravos na casa dos que gozavam de uma posição social avantajada. Além dos trabalhos no campo ao qual 2 Sêneca faz alusão, citando no § 15 o cavalariço ou o boiadeiro como submetidos a um trabalho mais vil por ser mais sujo e exigir competências menos refinadas, insiste sobre os ofícios que lhes são atribuídos na casa dos ricos, onde cuidam de manter a limpeza na sala do banquete, limpando as sujeiras dos convidados: “Quando nos deitamos para jantar, um enxuga os escarros, outro, abaixado, recolhe os restos dos bêbados no colchão.”§5. O texto sublinha a especialização no serviço à mesa: um é preposto ao destrinchar as aves segundo regras precisas, outro a servir o vinho mas tem que apresentar, apesar dos anos o mesmo aspecto que oferece o eterno adolescente Ganimedes, escanção dos deuses do Olimpo: “Outro, provedor do vinho, enfeitado a modo de mulher, luta com a idade: não pode escapar à infância, é obrigado a voltar a ela e então imberbe ...., com os pelos raspados ou totalmente depilados” §7; outro abastece a casa com iguarias e não só é encarregado das compras mas tem que adivinhar o que o dono terá vontade de comer: “acrescenta os responsáveis pelas compras que têm do paladar senhorial um refinado conhecimento, que sabem a iguaria cujo sabor o estimule, cujo aspecto o deleite, pela novidade da qual ele possa, inapetente, ser solicitado, o que já repugne a sua saciedade, o que lhe abra o apetite naquele dia.” §8. Tem também o escravo que observa os convidados a fim de denunciar quem se apresenta não para honrar o dono mas para refestelar-se e, como parasita, volta no dia seguinte para aproveitar as sobras ou para criticar: “observa quem a adulação e a intemperânça de boca ou de língua traz de volta no dia seguinte.” §8. Podem ser trabalhos menos pesados que os do campo ou das minas, mas que atingem a dignidade de quem é obrigado a fazê-los. |
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