As mulheres na literatura de cordel: representações e autoria (1907-2013).

• Autor(a) principal: SILVA, Tiago Pereira da.
• Data de Publicação: 2017
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
• Texto Completo: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/6779
• topic: Literatura de cordel; Mulheres; Representação feminina - cordel; Literature of Twine; Women; Female Representation - Twine; História.

De um passado de silêncio, exclusão e estereótipos para um presente de protagonismo. Esta pesquisa problematiza historicamente as representações, a autoria e a auto representação das mulheres na literatura de cordel. A partir da perspectiva da História Cultural (CHARTIER, 1991) esta monografia é o resultado da pesquisa sobre um conjunto de folhetos consultados nos acervos digitais da Fundação Casa de Rui Barbosa (FRB) e do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP), quando foram analisados cordéis que versam sobre a figura feminina, bem como, produzidos pelas próprias mulheres. O principal objetivo deste trabalho é compreender como as representações sobre as mulheres foram se modificando ao longo do tempo. No primeiro momento foram selecionados cordéis de Leandro Gomes de Barros (1865-1918), José Costa Leite (1927-), João Martins de Athayde (1880-1959) e Francisco das Chagas Batista (1882- 1930), autores que apresentam a mulher como personagem central em muitos poemas. Estes folhetos nos permitiram compreender as representações sobre a mulher no início do século XX no Brasil a partir da ótica masculina, ou seja, como estes autores retratavam as mulheres em suas composições. No segundo momento problematizamos a virada de jogo, ou seja, como essas representações foram mudando e tomamos como marco central desta mudança a publicação em 1938 do folheto O violino do diabo, ou o valor da honestidade, de autoria de Maria das Neves Batista Pimentel, cuja obra foi publicada com o pseudônimo de Altino Alagoano (nome do seu esposo). A obra de Maria das Neves Batista Pimentel abriu caminho para que outras mulheres pudessem seguir os seus passos e se tornassem protagonistas da própria obra. Neste sentido, o terceiro momento deste trabalho analisa a autoria feminina e as representações construídas pelas próprias mulheres na atualidade. A partir dos cordéis de Maria de Lourdes Aragão Catunda (Dalinha Catunda, 1952-), Josenir Amorim Alves de Lacerda (1953-) e Maria Godelivie Cavalcante de Oliveira (1959-), buscamos compreender a auto representação, dessa vez sobre a ótica das próprias mulheres já que hoje existe um número bastante significativo de mulheres que se dedicam a esta arte. Todos os cordéis selecionados trazem a mulher como foco principal, sendo elas representadas ou se auto representando. Nessa pesquisa, partimos da problematização da mulher representada inicialmente de forma negativa, preconceituosa, vista com estereótipos – presente nos folhetos da primeira geração de cordelistas e até mesmo na obra pioneira de Maria das Neves Batista Pimentel – e chegamos à contemporaneidade em que os folhetos demonstram que as mulheres cada vez mais estão conscientes de seu papel na sociedade e da necessidade de lutar pela igualdade de direitos.