Higienização e medicalização no espaço escolar.
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2010 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo de conferência |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG |
Texto Completo: | http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/34178 |
Resumo: | Muito tem se produzido acerca da Educação, se analisam metodologias, problemas, história. Mas poucos são os estudos que repensam a educação a partir de uma vertente de higienização e medicalização do espaço escolar. A prática higiênica escolar não se fez meramente à luz de uma ciência desinteressada e no exclusivo interesse da população que passava pelas escolas, já que a necessidade de atender a condições apropriadas ao desenvolvimento das crianças tinha igualmente em vista justificar a intervenção de vários profissionais que dirigiam orientações e regulamentações às escolas, dentre esses profissionais, o próprio médico. A interrogação sobre a produção social da escola e o lugar a ela conferido na construção de uma ordem civilizada, nos levou a investigar os preceitos médicohigienistas na configuração do padrão moderno de escola. Médicos dos anos oitocentos, no seu sonho de promoverem uma educação que integrasse o físico, o moral e o intelectual, prevenção, a correção e a cura constituíram a base dos argumentos que buscavam criar e impor uma disciplina para a intervenção no corpo. Para medicalizar a sociedade, o caminho pautava-se pela medicalização da educação escolar. No extenso programa de regras para o funcionamento dos colégios, compõem o modelo médico-higiênico francês: Michel Levy e Becquerel. A higiene tornou-se a “arte de civilizar”. Em meio a um conjunto de práticas que o aluno deveria vivenciar cotidianamente estava: a revista do asseio do corpo e das roupas; a revista da escola pelos alunos, num exercício que, aproximando-os das práticas desenvolvidas pelos inspetores sanitários, fazendo com que os alunos praticassem a vigilância sobre o próprio ambiente doméstico. A aquisição dos bons hábitos configurava-se, desse modo, numa obra de disciplinamento, por intermédio do qual se buscava modelar os mínimos gestos da criança, tornando-os automáticos, quase naturais. A higiene no currículo seria um meio de inculcar novos hábitos e costumes à classe escolar e, no plano mais amplo, seria um meio de disseminar determinados valores para um país que alterava suas formas de sociabilidade. |
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Higienização e medicalização no espaço escolar.Hygiene and medicalization in the school space.Higienização - espaço escolarMedicalização - espaço escolarEducação e saúdePrática higiênica escolarHigienismoDiscurso médico higienistaHigiene e civilizaçãoHygiene - school spaceMedicalization - school spaceEducation and healthSchool hygiene practiceHygieneHygienist medical speechHygiene and civilizationHistória.Muito tem se produzido acerca da Educação, se analisam metodologias, problemas, história. Mas poucos são os estudos que repensam a educação a partir de uma vertente de higienização e medicalização do espaço escolar. A prática higiênica escolar não se fez meramente à luz de uma ciência desinteressada e no exclusivo interesse da população que passava pelas escolas, já que a necessidade de atender a condições apropriadas ao desenvolvimento das crianças tinha igualmente em vista justificar a intervenção de vários profissionais que dirigiam orientações e regulamentações às escolas, dentre esses profissionais, o próprio médico. A interrogação sobre a produção social da escola e o lugar a ela conferido na construção de uma ordem civilizada, nos levou a investigar os preceitos médicohigienistas na configuração do padrão moderno de escola. Médicos dos anos oitocentos, no seu sonho de promoverem uma educação que integrasse o físico, o moral e o intelectual, prevenção, a correção e a cura constituíram a base dos argumentos que buscavam criar e impor uma disciplina para a intervenção no corpo. Para medicalizar a sociedade, o caminho pautava-se pela medicalização da educação escolar. No extenso programa de regras para o funcionamento dos colégios, compõem o modelo médico-higiênico francês: Michel Levy e Becquerel. A higiene tornou-se a “arte de civilizar”. Em meio a um conjunto de práticas que o aluno deveria vivenciar cotidianamente estava: a revista do asseio do corpo e das roupas; a revista da escola pelos alunos, num exercício que, aproximando-os das práticas desenvolvidas pelos inspetores sanitários, fazendo com que os alunos praticassem a vigilância sobre o próprio ambiente doméstico. A aquisição dos bons hábitos configurava-se, desse modo, numa obra de disciplinamento, por intermédio do qual se buscava modelar os mínimos gestos da criança, tornando-os automáticos, quase naturais. A higiene no currículo seria um meio de inculcar novos hábitos e costumes à classe escolar e, no plano mais amplo, seria um meio de disseminar determinados valores para um país que alterava suas formas de sociabilidade.Universidade Federal de Campina GrandeBrasilUFCG20102024-01-29T20:20:57Z2024-01-292024-01-29T20:20:57Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/conferenceObjecthttp://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/34178FARIAS, Rosineide Alves de; FONTES, Welton Souto. Higienização e medicalização no espaço escolar. In: II Colóquio Internacional de História: fontes históricas, ensino e história da educação. GT 09: Práticas e saberes médicos na América Latina: fontes, história e educação. Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), 2º, 2010. Anais [...]. Campina Grande - PB, 2010. p. 1455-1465. ISSN: 2179 2010. Disponível em: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/34178porFARIAS, Rosineide Alves de.FONTES, Welton Souto.info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCGinstname:Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)instacron:UFCG2024-01-29T20:21:22Zoai:localhost:riufcg/34178Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://bdtd.ufcg.edu.br/PUBhttp://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/oai/requestbdtd@setor.ufcg.edu.br || bdtd@setor.ufcg.edu.bropendoar:48512024-01-29T20:21:22Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG - Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)false |
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