A invenção do Quilombo Pedra D’Água.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: LIMA, Elizabeth Christina de Andrade.
Data de Publicação: 2008
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
Texto Completo: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/36619
Resumo: Este artigo busca problematizar a noção de Remanescente das Comunidades dos Quilombos, tomando como caso para análise a comunidade rural de negros de Pedra D’Água, por nós investigada no ano de 1990, momento em que realizamos Trabalho de Campo e a coleta de dados. Todas as informações e depoimentos coletados entre os habitantes de Pedra D’Água antecedem ao período de identificação e reconhecimento da comunidade enquanto remanescência quilombola. A certidão de auto-reconhecimento da “Comunidade Quilombo de Pedra D’Água” foi lavrada e extraída pela Diretoria de Proteção do Patrimônio Afro-Brasileiro, da Fundação Cultural Palmares, no dia 19 de abril de 2005. Foi observado, à época de nossa pesquisa, uma forte resistência do grupo em auto-afirmar-se como remanescentes de quilombos, ou como descendentes de ex-escravos fugidos. O grupo marca a sua identidade étnica e o seu direito ao território de Pedra D’Água a partir da ligação a um ancestral comum, Manuel Paulo Grande, que foi quem primeiro chegou ao local e comprou as terras onde hoje habitam os seus descendentes. Assim, pretendemos, através de narrativas orais oferecidas pelos próprios habitantes da comunidade, demonstrar que não existe para o grupo uma construção coletiva de uma história de “lutas e/ou perseguições” dos negros para fugirem do regime escravocrata, nem tampouco, uma tentativa de classificar o território em que habitam como território quilombola. Convêm salientar que não nos cabe aqui conjecturar se as evidências demonstram ou não que a comunidade de Pedra D’Água foi um quilombo, esse não é nosso objetivo e isso seria pretexto para um outro artigo; objetivamos tão somente defender que o grupo constrói à sua identidade étnica se utilizando de outros elementos que não são o passado escravista, a experiência de fuga do regime escravista e a construção de um espaço quilombola, mas à ancestralidade, os laços endogâmicos de parentesco e o acesso à terra a partir desses laços. Assim, História, Parentesco e Territorialidade compõem uma tríade na qual um elemento constrói e comporta o outro de sentidos simbólicos e identitários.
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