Segunda Guerra Mundial, poder político e mobilização ideológica em Pernambuco.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: LEWIS, Susan.
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
Texto Completo: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/34369
Resumo: Nas décadas de 1930 e 1940, despontaram no âmbito internacional as idéias nazifascistas e um conflito bélico que, de formas variadas, fizeram-se presentes no Brasil e foram apropriadas e utilizadas a fim de fortalecer o regime político ditatorial do Estado Novo. Entre elas podemos destacar o elemento inimigo político, justificador de inúmeras ações que apontam o outro como indesejável, perigoso, uma ameaça ao estabelecido e que, no caso em questão, se fez presente ora na figura do judeu, ora na figura dos chamados à época “súditos do Eixo”, ou seja, alemães, italianos e japoneses. Em relação aos judeus, o projeto autoritário e nacionalista do Estado Novo ofereceu um terreno propício para idéias preconceituosas que já se apresentavam na sociedade, possibilitando o fortalecimento das mesmas. Ora tidos como capitalistas gananciosos, ora apresentados como comunistas perigosos, a figura do judeu era multifacetada e servia para apresentar à população o que o projeto varguista pretendia extirpar da sociedade. Em Pernambuco não foi diferente. O interventor Agamenon Magalhães fez uso do mesmo discurso político que vigorava no âmbito federal e que tinha um caráter ideológico pleno. No entanto, a utilização do judeu como inimigo político esteve presente no Estado até o momento em que o Brasil se envolveu na Segunda Guerra Mundial. A partir de então, o próprio interventor mudou o discurso, esquecendo os judeus, e se voltou para os estrangeiros membros dos países do Eixo, principalmente os alemães, que preservavam sua cultura e mantinham forte ligação com o país de origem. Durante a Segunda Guerra Mundial, com o país lutando contra as potências do Eixo, eles foram considerados um perigo para a soberania interna do Brasil. Os ideais cívicos que a guerra podia propiciar ou ressaltar estiveram presentes em um regime político que já tinha seus alicerces fincados no nacionalismo, nos sentimentos patrióticos. As generalizações por parte das autoridades políticas tornavam, assim, todos suspeitos. Não havia distinção, inúmeras vezes, quando o olhar da vigilância policial pairava sobre espiões, propagandistas ou meros simpatizantes do nazismo. Mais uma vez o nacionalismo ditava as regras e punia aqueles que não se adequavam inteiramente em seus moldes. Isto podia ser observado em Pernambuco, principalmente com os alemães que constituíam a maioria dos estrangeiros provenientes dos países do Eixo.
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