A vida na senzala: as relações sociais e a formação das famílias escravas.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: ARAÚJO, Édson Augusto Leôncio de.
Data de Publicação: 2009
Outros Autores: GOMES, Alberon de Lemos.
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
Texto Completo: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/34457
Resumo: Os estudos historiográficos acerca da família e o cotidiano das relações sociais por ela estabelecidas aqui no Brasil são muito recentes, a preocupação dos historiadores com essa temática veio aparecer apenas a partir da década de 80, antes esse campo era limitado a trabalhos de antropólogos e sociólogos. Essa preocupação justifica-se pelo papel fundamental que a instituição familiar desempenha para o entendimento da natureza das sociedades. Mas, no tocante das famílias escravas, permeiam algumas interrogações cruciais: Podem existir famílias escravas no contexto da escravidão? Quais as fontes disponíveis para o estudo dessas famílias? Como se organizavam essas famílias? Hoje consensualmente entre os pesquisadores desse assunto, a existência da família escrava é uma realidade e não mais uma hipótese, fazendo-se necessário agora um aprofundamento e aperfeiçoamento nos métodos de pesquisa e nas fontes utilizadas para possibilitar estudos sobre as relações estabelecidas e os problemas enfrentados por essas famílias. É necessário ultrapassar os limites impostos pelas pesquisas de cunho demográfico, reanalizar as fontes por elas utilizadas e explorar outras novas. Nessa perspectiva, nos serviriam nesse trabalho as análises quantitativas de censos antigos, registros paroquiais de batismos e casamentos, os inventários post-mortem e testamentos, os registros de pagamento do imposto de meia-sisa e os processos criminais. Gilberto Freyre em sua obra Casa-grande e Senzala chega a utilizar como fonte as cantigas de ninar cantadas pelas amas. Essas cantigas assim como serviram para Freyre, nos serviriam para demonstrar as influências negras sobre a formação da família branca, tendo as amas negras como responsáveis pela criação das crianças, desempenhando uma espécie de papel dentro da família patriarcal. E esta família patriarcal segundo alguns autores, como o próprio Freyre, seria uma família extensa que abarcaria não apenas membros ligados consanguineam! Ente ou por matrimônio, mas ainda amigos, afilhados, serviçais, agregados, vizinhos e escravos, o que sugere a não existência da família escrava. Esse trabalho se propõe então a desfazer a idéia de família patriarcal extensa predominando em todo contingente territorial da colônia, apresentando a existência de famílias escravas e com um menor número de membros, abordando o papel da mulher como importante na constituição destas famílias, passando pela questão do casamento legal, do casamento misto, do concubinato, da importância e papel desempenhado pela prole, e da manutenção das famílias escravas, de como elas sobreviviam ao tráfico interno e como eram vistas pela sociedade.
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