Caracterização do processo de diferenciação camponesa na modernização capitalista: o caso da microrregião colonial de Irati-PR.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: DORETTO, Moacyr.
Data de Publicação: 1992
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
Texto Completo: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/4009
Resumo: O trabalho foi efetuado no Estado do Paraná, mais especificamente na Microrregião Homogêna (276) Colonial de Irati, em virtude de que estavam em andamento estudos de tipologia de produtores realizados no Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR, órgão responsável pela pesquisa agrícola estadual. O objetivo foi o de explicar os fatores (processos) que contribuíram na dinâmica da diferenciação partindo de uma situação camponesa, fazendo-se também a conformação histórica das categorias de produtores. A análise parte da constatação de que, na Microrregião,antes mesmo da expansão das relações capitalistas, na década de 70, não existia homogeneidade entre os agricultores. Estes se diferenciavam pela quantidade e qualidade dos recursos naturais sob sua propriedade e pela composição da força de trabalho familiar. Estas diferenças, entretanto, não se materializavam de forma expressiva no plano da produção, os que possuíam maior quantidade de terra limitavam-se a cultivar o que correspondia à potencialidade de trabalho da família. O uso coletivo das terras do criadouro expressava essa situação e afirmava os limites da diferenciação dos produtores. A expansão das relações capitalistas no agro da Microrregião ocorreu tardiamente, comparado ao estado e à região sul do país, em função da queda da rentabilidade de sua principal cultura, a erva mate, e pelos diferenciais negativo de fertilidade e relevo dos solos. Quando se desenvolveram essas oportunidades mercantis, as transformações beneficiaram os produtores que detinham as maiores quantidades de terra. Sua posição fundiária é duplamente positiva: permite a ampliação da produção e via acesso ao crédito rural, a mudança da base técnica produtiva. O patrimônio fundiário, num primeiro momento, constituiu-se como causa do processo de diferenciação camponesa, e, num segundo, como consequência, onde os produtores camponeses mecanizados forma adquirindo terras sistematicamente. A forma de acesso à terra mostra o avanço do processo de diferenciação camponesa a partir da valorização mercantil da produção agrícola. Entre 1950 e 1970, predominou a herança como forma de transferência da propriedade privada da terra, a qual é a componente básica no processo de diferenciação. A crescente desagregação do Sistema Faxinal acelerou a diferenciação camponesa na medida em que privatizou o uso comunal da terra, afetando os agricultores que possuíam ou não pequenas parcelas de terra. A mudança na base técnica da produção da cultura de feijão ocorreu pela via camponesa, e determinou a modificação do sistema de cultivo de consórcio para o simples. As estratégias utilizadas para potencializar a renda da unidade produtiva consistiam no aluguel de máquinas, na troca de serviços produtivos entre trator versus força de trabalho, trator versus trator, tomar em arrendamento as melhores áreas (fertilidade e relevo) e, por outro lado cedia as suas para que fossem efetuadas as operações de limpeza, para posterior incorporação no seu processo de produção. A categoria dos produtores camponeses mecanizados constitui-se daqueles agricultores que já possuíam as maiores quantidades de terra e aproveitaram-se do crédito rural para intensificar as atividades produtivas como forma de permanecer no processo de reprodução. O desenvolvimento das atividades produtivas é efetuado principalmente com a força de trabalho familiar.
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Estes se diferenciavam pela quantidade e qualidade dos recursos naturais sob sua propriedade e pela composição da força de trabalho familiar. Estas diferenças, entretanto, não se materializavam de forma expressiva no plano da produção, os que possuíam maior quantidade de terra limitavam-se a cultivar o que correspondia à potencialidade de trabalho da família. O uso coletivo das terras do criadouro expressava essa situação e afirmava os limites da diferenciação dos produtores. A expansão das relações capitalistas no agro da Microrregião ocorreu tardiamente, comparado ao estado e à região sul do país, em função da queda da rentabilidade de sua principal cultura, a erva mate, e pelos diferenciais negativo de fertilidade e relevo dos solos. Quando se desenvolveram essas oportunidades mercantis, as transformações beneficiaram os produtores que detinham as maiores quantidades de terra. Sua posição fundiária é duplamente positiva: permite a ampliação da produção e via acesso ao crédito rural, a mudança da base técnica produtiva. O patrimônio fundiário, num primeiro momento, constituiu-se como causa do processo de diferenciação camponesa, e, num segundo, como consequência, onde os produtores camponeses mecanizados forma adquirindo terras sistematicamente. A forma de acesso à terra mostra o avanço do processo de diferenciação camponesa a partir da valorização mercantil da produção agrícola. Entre 1950 e 1970, predominou a herança como forma de transferência da propriedade privada da terra, a qual é a componente básica no processo de diferenciação. A crescente desagregação do Sistema Faxinal acelerou a diferenciação camponesa na medida em que privatizou o uso comunal da terra, afetando os agricultores que possuíam ou não pequenas parcelas de terra. A mudança na base técnica da produção da cultura de feijão ocorreu pela via camponesa, e determinou a modificação do sistema de cultivo de consórcio para o simples. As estratégias utilizadas para potencializar a renda da unidade produtiva consistiam no aluguel de máquinas, na troca de serviços produtivos entre trator versus força de trabalho, trator versus trator, tomar em arrendamento as melhores áreas (fertilidade e relevo) e, por outro lado cedia as suas para que fossem efetuadas as operações de limpeza, para posterior incorporação no seu processo de produção. A categoria dos produtores camponeses mecanizados constitui-se daqueles agricultores que já possuíam as maiores quantidades de terra e aproveitaram-se do crédito rural para intensificar as atividades produtivas como forma de permanecer no processo de reprodução. O desenvolvimento das atividades produtivas é efetuado principalmente com a força de trabalho familiar.The work was carried out in the State of Paraná, specifically in the Homogeneous (276) Colonial de Irati Microregion, because of the ongoing studies of typology of producers carried out at the Agronomic Institute of Paraná - IAPAR, the agency responsible for state agricultural research. The objective was to explain the factors (processes) that contributed in the dynamics of the differentiation starting from a peasant situation, also making the historical conformation of the categories of producers. The analysis starts from the fact that in the Microregion, even before the expansion of capitalist relations in the 1970s, there was no homogeneity among farmers. These were differentiated by the quantity and quality of natural resources under their ownership and by the composition of the family workforce. These differences, however, did not materialize expressively on the level of production, those who had more land were limited to cultivating what corresponded to the family's work potential. The collective use of farmland expressed this situation and affirmed the limits of the differentiation of producers. The expansion of capitalist relations in the micro-region's agriculture occurred belatedly, compared to the state and the southern region of the country, due to the fall in the profitability of its main crop, the maté herb, and the negative fertility and relief differences of the soils. When these mercantile opportunities developed, the transformations benefited the producers who held the largest quantities of land. Its land position is doubly positive: it allows the expansion of production and via access to rural credit, the change in the technical production base. Landed patrimony, in the first instance, constituted the cause of the process of peasant differentiation, and, in a second, as a consequence, where mechanized peasant producers formally acquire land. The form of access to land shows the progress of the process of peasant differentiation from the commercial valuation of agricultural production. Between 1950 and 1970, inheritance predominated as a form of transference of private land ownership, which is the basic component in the process of differentiation. The increasing disintegration of the Faxinal System accelerated peasant differentiation insofar as it privatized communal land use, affecting farmers who had small plots of land or not. The change in the technical basis of the production of the bean crop occurred by the peasant way, and determined the modification of the system of cultivation of consortium for the simple. The strategies used to increase the income of the production unit consisted of renting machines, exchanging productive services between tractor and workforce, tractor versus tractor, renting the best areas (fertility and relief) and, on the other hand, to carry out the cleaning operations, for later incorporation in its production process. The category of mechanized farmers is one of those farmers who already had the largest amounts of land and took advantage of rural credit to intensify productive activities as a way of remaining in the process of reproduction. The development of productive activities is carried out mainly with the family labor force.Universidade Federal de Campina GrandeBrasilCentro de Humanidades - CHPÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA RURAL E REGIONALUFCGCARVALHO, Rene Louis de.CARVALHO, R. L.http://lattes.cnpq.br/8330570199989805FAVERO, Luis Andrea.ARAGÃO, Paulo Ortiz Rocha de.DORETTO, Moacyr.1992-01-242019-05-29T15:44:48Z2019-05-292019-05-29T15:44:48Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesishttp://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/4009DORETTO, Moacyr. Caracterização do processo de diferenciação camponesa na modernização capitalista: o caso da microrregião colonial de Irati-PR. 1992. 171. (Dissertação de Mestrado em Economia Rural e Regional), Programa de Pós-graduação em Economia Rural e Regional, Centro de Humanidades, Universidade Federal da Paraíba – Campus II - Campina Grande - Paraíba - Brasil, 1992. 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