Capacitação de parteiras tradicionais do Amapá: Tensões entre incorporação de saber médico e resistência cultural na prática de partejar

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Iraci de Carvalho Barroso
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC
Texto Completo: http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=19341
Resumo: CoordenaÃÃo de AperfeiÃoamento de Pessoal de NÃvel Superior
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spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisCapacitação de parteiras tradicionais do Amapá: Tensões entre incorporação de saber médico e resistência cultural na prática de partejarTraining of traditional midwives in AmapÃ: Tensions between the incorporation of medical knowledge and cultural resistance in the practice of midwifery2017-03-27Antonio Cristian Saraiva Paiva38817799300http://lattes.cnpq.br/2635234979088002 Alba Maria Pinho de Carvalho04393422368http://lattes.cnpq.br/5941867047206757JoÃo Tadeu de Andrade20283288353http://lattes.cnpq.br/2614264576630370Vivian Matias dos Santos37047000372http://lattes.cnpq.br/5511946351670690MARIA MARY FERREIRA10338195300http://lattes.cnpq.br/181346316288322611255986204http://lattes.cnpq.br/3330604206800847Iraci de Carvalho BarrosoUniversidade Federal do CearÃPrograma de PÃs-GraduaÃÃo em SociologiaUFCBRParteiras tradicionais Saberes tradicionais versus saber cientÃfico CapacitaÃÃo IncorporaÃÃo de saber ResistÃncia cultural Traditional midwives Traditional knowledge versus scientific knowledge Training Incorporation of knowledge versus cultural resistanceSOCIOLOGIACoordenaÃÃo de AperfeiÃoamento de Pessoal de NÃvel SuperiorA presente tese, a partir de uma anÃlise socioantropolÃgica, problematiza a questÃo da capacitaÃÃo de parteiras tradicionais, discutindo as tensÃes entre incorporaÃÃo de saber mÃdico e resistÃncia cultural na prÃtica de partejar das parteiras no AmapÃ. Para tanto, apoio-me em perspectivas epistemolÃgicas crÃticas que problematizam as hierarquias e dicotomias subjacentes à âmonocultura do saberâ, segundo proposta analÃtica de Santos (2006), a qual confere privilÃgios de conhecimento e de poder aos saberes cientÃficos, em detrimento de outras formas de saberes. Valho-me, em alinhamento a essa perspectiva analÃtica, da crÃtica feminista ao sujeito universal da ciÃncia e de seus privilÃgios de enunciaÃÃo. Privilegio, sobretudo, aquelas teorizaÃÃes que desvelam o processo de silenciamento imposto aos saberes e ao poder de agÃncia engendrado pelas mulheres (HARDING, 1998; HARAWAY, 1995; SANTOS, 2012). O estudo compÃe-se de uma abordagem qualitativa, com etnografia e uso de narrativas de 25 parteiras tradicionais, perifÃricas, remanescentes quilombolas e indÃgenas, que se configuram como interlocutoras de minha pesquisa, alÃm de fontes documentais e entrevistas com 10 profissionais da Ãrea biomÃdica. O recorte da pesquisa vai de 2013 a 2016, produzindo um material que dialoga com experiÃncias de pesquisas anteriores sobre a temÃtica das parteiras tradicionais. Permeia na tese o contexto empÃrico dos cursos de capacitaÃÃo no AmapÃ. âCapacitaÃÃoâ à um termo empregado pelo MinistÃrio da SaÃde e implementado pelo âProjeto de resgate e valorizaÃÃo de parteiras tradicionaisâ, implementado pelo governo do Estado do Amapà para instrumentalizar as profissionais do parto domiciliar. AtravÃs dessa configuraÃÃo tÃcnica e biopolÃtica, a âcapacitaÃÃoâ se constitui num rico cenÃrio em que se dÃo a ver confrontos entre heterogÃneas visÃes de mundo (sobretudo aquelas concernentes à saÃde, ao corpo da mulher, à higiene e à seguranÃa), sistemas de conhecimento tÃcnico e repertÃrios de aÃÃo, condensados na tipologia cientÃfico versus tradicional. AtravÃs da inserÃÃo etnogrÃfica e das narrativas das interlocutoras, tento analisar esses confrontos, o que podem significar enquanto obrigaÃÃo de incorporaÃÃo de saberes e prÃticas. Os resultados apontam para as tensÃes, conquistas e tambÃm reconhecimento. Nessa relaÃÃo, tem-se como conquistas o fato da parteira ser cadastrada em programa estadual; participar dos cursos e treinamentos; receber o diploma, o âkit parteiraâ e ser incluÃda no sistema de pagamento da bolsa â elementos de reafirmaÃÃo identitÃria e de reconhecimento da legitimidade da parteira, alÃm de tecerem redes compartilhadas de troca de experiÃncia entre mulheres que partejam. Por outro lado, as contradiÃÃes se expressam nas tensÃes entre a ampliaÃÃo da funÃÃo social da parteira, que apÃs a capacitaÃÃo à chamada a intervir em diferentes esferas da promoÃÃo da saÃde comunitÃria, porÃm sem reconhecimento profissional como trabalhadora da saÃde, sendo, em alguns casos, explicitamente impedidas de prestarem seu serviÃo. Ao discutir capacitaÃÃo, incorporaÃÃo de saber e resistÃncia cultural, pretendemos contribuir para a compreensÃo desse processo dinÃmico de formaÃÃo e recriaÃÃo identitÃria de parteiras tradicionais que vivenciam suas prÃticas no cotidiano comunitÃrio e sobretudo, para os estudos socioantropolÃgicos e da saÃde da mulher. http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=19341application/pdfinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCinstname:Universidade Federal do Cearáinstacron:UFC2019-01-21T11:31:56Zmail@mail.com -
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