AnÃlise integrada dos aspectos geoambientais e da dinÃmica costeira de mÃdio e curto perÃodo da planÃcie litorÃnea entre as Praias do Futuro e Porto das Dunas, CearÃ, Brasil

• Autor(a) principal: Marcia Thelma Rios Donato Marino
• Data de Publicação: 2014
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC
• Texto Completo: http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=12662
• topic: DinÃmica costeira; MorfodinÃmica praial; ErosÃo costeira; AnÃlise textural; Vulnerabilidade à erosÃo; Geoprocessamento; Coastal dynamic; Morphodynamic beach; Coastal erosion; Textural analysis; Vulnerability to erosion; Geoprocessing; GEOLOGIA

Esta pesquisa analisa de forma integrada os aspectos geoambientais e a dinÃmica costeira de curto e mÃdio perÃodo da planÃcie litorÃnea entre as praias do Futuro e Porto das Dunas, litoral leste do CearÃ, embasada na anÃlise multitemporal da variaÃÃo da linha de costa e mudanÃas morfolÃgicas. Aplicou-se o geoprocessamento conciliado Ãs caracterÃsticas geoambientais, morfodinÃmicas, hidrodinÃmicas, aos processos eÃlicos, Ãs aÃÃes antrÃpicas e à avaliaÃÃo dos Ãndices de vulnerabilidade à erosÃo. A Ãrea perfaz 15 km de litoral representada pelos Setores: 1 - Praia Porto das Dunas; 2 - AbreulÃndia (COFECO) e Sabiaguaba; e 3 - CaÃa e Pesca e Praia do Futuro, alÃm das desembocaduras dos rios Pacoti e CocÃ. Os aspectos metodolÃgicos foram pautados em atividades de gabinete, campo, laboratÃrio e anÃlise integrada dos dados. Elaborou-se um monitoramento sazonal durante um ano (08/10 a 08/11). Geologicamente, a Ãrea està representada por dois domÃnios geolÃgicos: unidade basal e planÃcie costeira, ambas influenciam na dinÃmica costeira das praias monitoradas, associadas Ãs condiÃÃes climÃticas. O clima à tropical chuvoso, semiÃrido e apresenta forte irregularidade pluviomÃtrica anual, com duas estaÃÃes distintas, uma seca e prolongada e outra com precipitaÃÃes curtas. Os dados modais de ondas revelam o predomÃnio do tipo deslizante, praias com relevos suaves e baixas declividades. A altura das ondas na zona de arrebentaÃÃo apresentou valor mÃdio de 1,1m, variando de 0,9m a 1,2m. Os perÃodos de ondas assumiram um padrÃo sazonal, menores na estaÃÃo seca e maiores na chuvosa, mÃximo de 15,9s e mÃnimo 6,1s. O estÃgio morfodinÃmico do Setor 1 à dissipativo, no Setor 2 varia de dissipativo a intermediÃrio e, por vezes, refletivo, e no Setor 3 predomina estÃgios intermediÃrios a dissipativos com as maiores extensÃes dos perfis praiais. O balanÃo sedimentar confirma um estado que busca o equilÃbrio entre os processos deposicional e erosional, entretanto com tendÃncia erosional para os Setores 1 e 2, e deposicional para o Setor 3, corroborando com os volumes dos sedimentos e com a variaÃÃo da linha de costa. As taxas de avanÃo e recuo da linha de costa foram obtidas utilizando-se a extensÃo Digital Shoreline Analysis System para o software ArcGIS 10.0, integrando dados georreferenciados, entre os anos de 1972 e 2010. Da praia Porto das Dunas atà a margem esquerda do rio Pacoti, definiu-se um estÃgio erosivo, taxa de variaÃÃo mÃdia de -3,53m/ano e -17,67m em 5 anos; entre a foz do rio Pacoti e a praia da AbreulÃndia, observaram-se Ãndices de erosÃo mÃdia de -0,31m/a e -2,18m em 7 anos; a praia da AbreulÃndia atà a desembocadura do rio Cocà apresentou tendÃncia erosional mÃdia de -0,07m/ano e -2,59m, em 38 anos, caracterizando uma estabilidade nesse setor, provavelmente, devido ao cordÃo descontÃnuo de rochas de praia paralelo à costa; a Praia do Futuro apresenta uma tendÃncia fortemente progradante, mÃdia de +1,43m/ano e +54,33m, em 38 anos. A anÃlise da variaÃÃo textural dos sedimentos de praia constatou o predomÃnio da fraÃÃo arenosa ao longo dos 15 km de praias, predominando areia mÃdia, moderadamente selecionada, com fraÃÃes mais finas nas praias do extremo NW e as mais grossas nas porÃÃes centrais. As caracterÃsticas granulomÃtricas sÃo fortemente condicionadas pela influÃncia dos agentes hidrodinÃmicos, eÃlicos e meteorolÃgicos, associados ao tipo, orientaÃÃo e localizaÃÃo da praia e a proximidade e tipo da Ãrea fonte de sedimentos. Os perfis morfodinÃmicos praiais estÃo associados à sazonalidade meteorolÃgica, perfis de inverno nos perÃodos de transiÃÃo e estiagem, e de verÃo no perÃodo chuvoso. A distribuiÃÃo dos sedimentos ao longo dos perfis registra para o perÃodo chuvoso a predominÃncia dos mais grossos nas Ãreas mais afastadas da linha de costa e mais finos na regiÃo subaquosa, ocorrendo uma inversÃo no perÃodo de estiagem. TrÃs fatos sÃo destacados para as velocidades dos ventos: desenvolvimento de um gradiente vertical ascendente, certa conformidade de comportamento das curvas traÃadas em alturas diferenciadas e maiores velocidades na zona de pÃs-praia. Os rios Pacoti e Cocà apresentaram estreitamento da foz e erosÃo nas faixas praiais adjacentes; nas desembocaduras observou-se uma relaÃÃo diretamente proporcional entre a faixa praial e os depÃsitos submersos, sugerindo que esses depÃsitos funcionam como suprimento de sedimentos para a faixa praial. Todos os fatores analisados condicionaram à evoluÃÃo do litoral e foram relevantes para avaliar o grau de vulnerabilidade à erosÃo costeira, inferindo-se um grau muito alto para o Setor 1, alto a baixo para o Setor 2 e baixo a moderado para o 3, relacionado Ãs feiÃÃes e tipos de uso. O processo de urbanizaÃÃo està bastante acelerado e ocorre de forma desorganizada, sem levar em consideraÃÃo as caracterÃsticas e fragilidades dos ecossistemas, como a ocupaÃÃo das zonas de by-pass, fato que influencia diretamente na sazonalidade natural de remoÃÃo e deposiÃÃo de sedimentos arenosos, resultando no recuo da linha de costa, em razÃo da reduÃÃo do aporte de sedimentos. Recomendam-se uma fiscalizaÃÃo mais rigorosa e a implantaÃÃo de programas de monitoramento e ordenamento territorial nessa Ãrea, importantes ao equilÃbrio dinÃmico costeiro e à preservaÃÃo de Ãcones da beleza cÃnica do litoral.