Tessituras ÃticopolÃticas do Cuidado na SaÃde Mental

• Autor(a) principal: Liliane BrandÃo Carvalho
• Data de Publicação: 2014
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC
• Texto Completo: http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=11963
• topic: mental health; qualitative research; ethics; health services; SAUDE COLETIVA

Este estudo teve como objetivo analisar o modo ÃticopolÃtico do cuidado com base nas experiÃncias de trabalhadores em um dispositivo comunitÃrio de saÃde mental localizado na regiÃo Nordeste do Brasil. Para tanto, construiu-se um modelo analÃtico, aqui concebido como uma lente compreensiva do modo ÃticopolÃtico do cuidado, inspirada nos pilares do pensamento complexo, cuja constituiÃÃo aponta para trÃs dimensÃes centrais: acolhimento, entrelaÃado à Ãtica, a relaÃÃes desinteressadas, dialÃgicas e solidÃrias, de circularidade e de experiÃncias voluntÃrias; autonomia, eixo mais polÃtico indissociÃvel de dependÃncia, assunÃÃo, contratualidade, emancipaÃÃo e participaÃÃo; e produÃÃo de vida, assentada na concepÃÃo hermenÃutica crÃtica de saÃde, envolvendo liberdade, projetualidades e cidadania. Em termos metodolÃgicos, trata-se de um estudo qualitativo, alinhado à vertente fenomenolÃgico-hermenÃutica, adotando o procedimento de triangulaÃÃo das tÃcnicas, conjugando entrevistas em profundidade, observaÃÃes e consultas a fontes secundÃrias. Os informantes foram os onze trabalhadores que atuavam nas prÃticas de cuidado desenvolvidas no dispositivo no momento do estudo. A categorizaÃÃo e interpretaÃÃo do material empÃrico evidenciaram quatro eixos temÃticos assim sistematizados: I) OÃsis no Deserto; II) CondiÃÃes de Acolhimento; III) Tramas da Autonomia; e IV) Despertar do Ser. Dentre os achados, destacam-se o histÃrico da estruturaÃÃo do dispositivo, as experiÃncias de trabalhadores em seu percurso terapÃutico no prÃprio dispositivo, o autoconhecimento como elemento central no cuidado de si e do outro e o acolhimento como relaÃÃes de escuta preponderantemente dialÃgicas, ainda que se observe um modo mais interessado na tÃcnica. Outro achado revela significados do voluntariado e o compromisso Ãtico de dar e receber. SÃo tambÃm desvelados diferentes sentidos e significados concernentes à autonomia, implicando distintas formas de lidar com a rede de dependÃncias, ora de forma dÃcil, ora mais crÃtica ante tutelas e o poder mÃdico. No que concerne à pertenÃa e à participaÃÃo, emergiram possibilidades de trabalho mais coletivas, necessidade de um maior engajamento do dispositivo nas lutas comunitÃrias, bem como uma participaÃÃo mais restrita e de diminuta perspectiva decisÃria. Por fim, cabe assinalar a manifestaÃÃo de uma noÃÃo mais ampliada de saÃde, rompendo com amarras diagnÃsticas, bem como possibilidades de despertar do ser e de circulaÃÃo no mundo. Foi possÃvel constatar mediante o estudo realizado junto Ãs experiÃncias dos trabalhadores o emaranhamento de vÃrios fios que ora se aproximam, ora se distanciam do que aqui foi concebido como modo ÃticopolÃtico do cuidado.