O escritor numa casca de noz: Lima Barreto e Osman Lins nas trincheiras do campo literÃrio
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC |
Texto Completo: | http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=19989 |
Resumo: | Em Guerra sem testemunhas (1969), o leitor poderà encontrar os fios que tecem a escritura de Osman Lins. Essas linhas parecem direcionar-se para uma verdade simulada, no interior do projeto literÃrio do autor de Avalovara (1973), qual seja, a solidÃo irreparÃvel daquele que se exprime pela palavra. A incomunicabilidade se torna, portanto, condiÃÃo necessÃria no ofÃcio de escrever. à semelhanÃa do que nos diz Foucault a respeito do discurso do louco, o discurso do escritor precisa achar-se dissociado daquela linguagem regente da vida imediata, que legitima a consecuÃÃo das aÃÃes destinadas a fins Ãteis, e empreender uma batalha cuja Ãnica glÃria Ã, talvez, a conservaÃÃo de sua dignidade. HÃ, nessa escolha, uma similitude inconteste entre os imperativos morais que justificam a obra de dois ficcionistas, em aparÃncia de todo dessemelhantes: Osman Lins e Lima Barreto. Este trabalho tem por objetivo analisar as confluÃncias entre as escrituras destes autores, nas circunstÃncias em que eles se observavam imiscuÃdos, sem, contudo, deixar de resguardar aquilo que perdura e reluz em cada escritura. Para tanto, nÃs nos valemos da contribuiÃÃo reflexiva de filÃsofos e de crÃticos literÃrios que nos antecederam, sÃo eles: Jean-Paul Sartre, Pierre Bourdieu, Antonio Candido, Roland Barthes, GaÃtan Picon, Michel Foucault, Ãtienne de La BoÃtie, Josà Murilo de Carvalho, Nicolau Sevcenko, Leyla Perrone-MoisÃs, entre outros nomes. O primeiro capÃtulo da dissertaÃÃo apresenta um breve debate acerca das motivaÃÃes e dos embates dos escritores dentro do campo literÃrio, tomando por base algumas das linhas argumentativas delineadas por Osman Lins em Guerra sem testemunhas. Nesse estÃgio, observamos as particularidades do campo literÃrio em relaÃÃo aos outros campos de poder, para, em seguida, analisarmos o campo literÃrio brasileiro. A partir do entendimento das regras do âcampoâ, exaustivamente perquiridas por Pierre Bourdieu, em As regras da arte (1992), nÃs questionamos as posiÃÃes ocupadas por alguns escritores notÃveis do inÃcio do sÃculo passado, a fim de localizar as trincheiras de Lima Barreto e Osman Lins. O segundo capÃtulo retoma o conceito sartreano de negatividade com o propÃsito de esclarecer como a opÃÃo de Lima Barreto por uma literatura engajada o conduziu a um isolamento irreversÃvel, transmudado em sua ficÃÃo. Antes de realizar o trabalho hermenÃutico de Vida e morte de M.J. Gonzaga de Sà (1919), concedemos ao leitor um cenÃrio que lhe possibilita avistar o essencial do projeto literÃrio do ficcionista carioca. Por intermÃdio do conhecimento dessas peÃas, depreendemos algumas das razÃes que fizeram da escritura barretiana uma representaÃÃo das contradiÃÃes de seu tempo. O terceiro capÃtulo à dedicado ao encontro entre os ficcionistas. Assim como fizemos no segundo capÃtulo, avaliamos e discutimos o projeto literÃrio de Osman Lins, em sua fase anterior a Nove, Novena (1966), obra que assinala seu rompimento com as narrativas tradicionais, destacando de que maneira as mitologias pessoais do escritor pernambucano contribuÃram para forjar sua escritura. O romance, objeto de nossa anÃlise e interpretaÃÃo, à O fiel e a pedra (1961). Na narrativa, Bernardo Cedro se insurge contra a tirania de Nestor, de maneira similar a Osman Lins, que, em diversas oportunidades, se recusou a ceder Ãs facilidades de quem comunga com o poder dentro e fora do campo literÃrio. Nosso intento fundamental à perscrutar a similitude insuspeita entre Osman Lins e Lima Barreto. |
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info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisO escritor numa casca de noz: Lima Barreto e Osman Lins nas trincheiras do campo literÃrioThe writer in a nutshell: Osman Lins and Lima Barreto in the trenches of literary field 2017-07-10Odalice de Castro Silva01839330368Rosiane de Sousa Mariano Aguiar72221500300http://lattes.cnpq.br/6374081975329925Marcos VinÃcius Medeiros da Silva45837198334http://lattes.cnpq.br/945084261205262602437467335http://lattes.cnpq.br/1174865137804508Bruna Fontenele NunesUniversidade Federal do CearÃPrograma de PÃs-GraduaÃÃo em LetrasUFCBRLiteratura Brasileira Lima Barreto Osman Lins Engajamento Escritura Humor Mitos pessoais.Brazilian Literature Lima Barreto Osman Lins Engagement Writing Humor Personal Myths.LITERATURA COMPARADAEm Guerra sem testemunhas (1969), o leitor poderà encontrar os fios que tecem a escritura de Osman Lins. Essas linhas parecem direcionar-se para uma verdade simulada, no interior do projeto literÃrio do autor de Avalovara (1973), qual seja, a solidÃo irreparÃvel daquele que se exprime pela palavra. A incomunicabilidade se torna, portanto, condiÃÃo necessÃria no ofÃcio de escrever. à semelhanÃa do que nos diz Foucault a respeito do discurso do louco, o discurso do escritor precisa achar-se dissociado daquela linguagem regente da vida imediata, que legitima a consecuÃÃo das aÃÃes destinadas a fins Ãteis, e empreender uma batalha cuja Ãnica glÃria Ã, talvez, a conservaÃÃo de sua dignidade. HÃ, nessa escolha, uma similitude inconteste entre os imperativos morais que justificam a obra de dois ficcionistas, em aparÃncia de todo dessemelhantes: Osman Lins e Lima Barreto. Este trabalho tem por objetivo analisar as confluÃncias entre as escrituras destes autores, nas circunstÃncias em que eles se observavam imiscuÃdos, sem, contudo, deixar de resguardar aquilo que perdura e reluz em cada escritura. Para tanto, nÃs nos valemos da contribuiÃÃo reflexiva de filÃsofos e de crÃticos literÃrios que nos antecederam, sÃo eles: Jean-Paul Sartre, Pierre Bourdieu, Antonio Candido, Roland Barthes, GaÃtan Picon, Michel Foucault, Ãtienne de La BoÃtie, Josà Murilo de Carvalho, Nicolau Sevcenko, Leyla Perrone-MoisÃs, entre outros nomes. O primeiro capÃtulo da dissertaÃÃo apresenta um breve debate acerca das motivaÃÃes e dos embates dos escritores dentro do campo literÃrio, tomando por base algumas das linhas argumentativas delineadas por Osman Lins em Guerra sem testemunhas. Nesse estÃgio, observamos as particularidades do campo literÃrio em relaÃÃo aos outros campos de poder, para, em seguida, analisarmos o campo literÃrio brasileiro. A partir do entendimento das regras do âcampoâ, exaustivamente perquiridas por Pierre Bourdieu, em As regras da arte (1992), nÃs questionamos as posiÃÃes ocupadas por alguns escritores notÃveis do inÃcio do sÃculo passado, a fim de localizar as trincheiras de Lima Barreto e Osman Lins. O segundo capÃtulo retoma o conceito sartreano de negatividade com o propÃsito de esclarecer como a opÃÃo de Lima Barreto por uma literatura engajada o conduziu a um isolamento irreversÃvel, transmudado em sua ficÃÃo. Antes de realizar o trabalho hermenÃutico de Vida e morte de M.J. Gonzaga de Sà (1919), concedemos ao leitor um cenÃrio que lhe possibilita avistar o essencial do projeto literÃrio do ficcionista carioca. Por intermÃdio do conhecimento dessas peÃas, depreendemos algumas das razÃes que fizeram da escritura barretiana uma representaÃÃo das contradiÃÃes de seu tempo. O terceiro capÃtulo à dedicado ao encontro entre os ficcionistas. 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Those lines seem to indicate a simulated truth, inside the Avalovara (1973) authorÂs literary project, which is, the irreparable loneliness that comes from those who express themselves through the word. The inability to communicate becomes, then, necessary condition in the writing business. Similarly to what Foucault tell us about the insane speech, the writerÂs speech needs to find itself disassociated from that language which reins the immediate life, that legitimate the consecutive actions directed to useful means, and employ a battle which only glory is, maybe, keeping the dignity. About this choice, there is an incontestable similarity between the moral imperatives that justify two fictionists, apparently radically different from each other: Osman Lins e Lima Barreto. This work has as its goal to analyze the congruencies between those two authors writing on which they seemed to meet, without leaving at side those aspects that last and shine in each writing. To achieve this goal, we arm ourselves with the reflections that come from philosophers and literary critics that came before us, such as: Jean-Paul Sartre, Pierre Bourdieu, Antonio Candido, Roland Barthes, GaÃtan Picon, Michel Foucault, Ãtienne de La BoÃtie, Josà Murilo de Carvalho, Nicolau Sevcenko, Leyla Perrone-MoisÃs, and many others. The first chapter of this dissertation presents a brief debate about the motivations and the discussions between those authors inside the literary field, having as background the argumentative lines from the Guerra sem testemunhas author, Osman Lins. At this stage, we observe the literary fieldÂs peculiarities, in relation to other fields of power, to, shortly thereafter, investigate the Brazilian literary field. From the understanding of the rules of the âfieldâ, exhaustively acquired by Pierre Bourdieu, on his As regras da arte (1992), we question the position occupied by some notable writers from the begins of the last century, to identify Lima Barreto e Osman Lins trenches. The second chapter reacquires the SartreÂs concept of negativity to clarify how Lima BarretoÂs option for an engaged language directed him to an irreversible loneliness, transmuted in his fiction. Before realizing the hermeneutic job of Vida e morte de M.J. Gonzaga de Sà (1919), we concede to the reader a scenery that makes it possible to see the carioca fictionistÂs literary project essentials. Through the acknowledgment of those pieces, we take the reasons that made BarroÂs writing a representation of the contradictions of his time. The third chapter is dedicated to the meeting between those authors. As we did in the second chapter, we evaluate and debate Osman Lins literary project, at his phase before Nove, Novena (1966), work that signs his break from the traditional narratives, highlighting how the personal mythologies from the PernambucoÂs author helped to build his writing. The romance, which is the object of our studying and interpretation, is O fiel e a pedra (1961). About this narrative, Bernardo Cedro fights against NestorÂs tirany, similarly to Osman Lins, who, at many opportunities, refused to give in to the resources enjoyed by those inside and outside the literary power. Our main goal is to survey the unsuspected similarities between Osman Lins e Lima Barreto. 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Em Guerra sem testemunhas (1969), o leitor poderà encontrar os fios que tecem a escritura de Osman Lins. Essas linhas parecem direcionar-se para uma verdade simulada, no interior do projeto literÃrio do autor de Avalovara (1973), qual seja, a solidÃo irreparÃvel daquele que se exprime pela palavra. A incomunicabilidade se torna, portanto, condiÃÃo necessÃria no ofÃcio de escrever. à semelhanÃa do que nos diz Foucault a respeito do discurso do louco, o discurso do escritor precisa achar-se dissociado daquela linguagem regente da vida imediata, que legitima a consecuÃÃo das aÃÃes destinadas a fins Ãteis, e empreender uma batalha cuja Ãnica glÃria Ã, talvez, a conservaÃÃo de sua dignidade. HÃ, nessa escolha, uma similitude inconteste entre os imperativos morais que justificam a obra de dois ficcionistas, em aparÃncia de todo dessemelhantes: Osman Lins e Lima Barreto. Este trabalho tem por objetivo analisar as confluÃncias entre as escrituras destes autores, nas circunstÃncias em que eles se observavam imiscuÃdos, sem, contudo, deixar de resguardar aquilo que perdura e reluz em cada escritura. Para tanto, nÃs nos valemos da contribuiÃÃo reflexiva de filÃsofos e de crÃticos literÃrios que nos antecederam, sÃo eles: Jean-Paul Sartre, Pierre Bourdieu, Antonio Candido, Roland Barthes, GaÃtan Picon, Michel Foucault, Ãtienne de La BoÃtie, Josà Murilo de Carvalho, Nicolau Sevcenko, Leyla Perrone-MoisÃs, entre outros nomes. O primeiro capÃtulo da dissertaÃÃo apresenta um breve debate acerca das motivaÃÃes e dos embates dos escritores dentro do campo literÃrio, tomando por base algumas das linhas argumentativas delineadas por Osman Lins em Guerra sem testemunhas. Nesse estÃgio, observamos as particularidades do campo literÃrio em relaÃÃo aos outros campos de poder, para, em seguida, analisarmos o campo literÃrio brasileiro. A partir do entendimento das regras do âcampoâ, exaustivamente perquiridas por Pierre Bourdieu, em As regras da arte (1992), nÃs questionamos as posiÃÃes ocupadas por alguns escritores notÃveis do inÃcio do sÃculo passado, a fim de localizar as trincheiras de Lima Barreto e Osman Lins. O segundo capÃtulo retoma o conceito sartreano de negatividade com o propÃsito de esclarecer como a opÃÃo de Lima Barreto por uma literatura engajada o conduziu a um isolamento irreversÃvel, transmudado em sua ficÃÃo. Antes de realizar o trabalho hermenÃutico de Vida e morte de M.J. Gonzaga de Sà (1919), concedemos ao leitor um cenÃrio que lhe possibilita avistar o essencial do projeto literÃrio do ficcionista carioca. Por intermÃdio do conhecimento dessas peÃas, depreendemos algumas das razÃes que fizeram da escritura barretiana uma representaÃÃo das contradiÃÃes de seu tempo. O terceiro capÃtulo à dedicado ao encontro entre os ficcionistas. Assim como fizemos no segundo capÃtulo, avaliamos e discutimos o projeto literÃrio de Osman Lins, em sua fase anterior a Nove, Novena (1966), obra que assinala seu rompimento com as narrativas tradicionais, destacando de que maneira as mitologias pessoais do escritor pernambucano contribuÃram para forjar sua escritura. O romance, objeto de nossa anÃlise e interpretaÃÃo, à O fiel e a pedra (1961). Na narrativa, Bernardo Cedro se insurge contra a tirania de Nestor, de maneira similar a Osman Lins, que, em diversas oportunidades, se recusou a ceder Ãs facilidades de quem comunga com o poder dentro e fora do campo literÃrio. Nosso intento fundamental à perscrutar a similitude insuspeita entre Osman Lins e Lima Barreto. |
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