SertÃo de Pedra e Argila: TradiÃÃo, Ruptura e Modernidade no Romance Galileia, de Ronaldo Correia de Brito

• Autor(a) principal: Carlos Roberto Nogueira de Vasconcelos
• Data de Publicação: 2013
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC
• Texto Completo: http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=11402
• topic: Identidade; MemÃria; Modernidade; SertÃo; Ronaldo Correia de Brito.; Identity; Memory; Modernity; Hinterland; Ronaldo Correia de Brito; LINGUA PORTUGUESA

O objetivo desta dissertaÃÃo à demonstrar como Ronaldo Correia de Brito empreende, com o romance Galileia (2008), uma releitura do sertÃo, em sua representaÃÃo tanto espacial quanto cultural. Na obra, o espaÃo sertanejo à mostrado como um territÃrio invadido pelas novas tecnologias, fato gerador de conflitos entre a tradiÃÃo arraigada e a modernidade, permitindo que se analise, no escopo deste trabalho, o confronto entre tais forÃas e as transformaÃÃes causadas pela globalizaÃÃo sobre o indivÃduo, a famÃlia e a sociedade como um todo. Nesse contexto de embates entre o sertÃo tradicional e as novas tecnologias, o romance Galileia apresenta questÃes que se desdobram numa transgressÃo dos limites das tradiÃÃes familiares: o declÃnio do patriarcado, a sutil revoluÃÃo feminina, a homossexualidade, o incesto, o adultÃrio. O romance tambÃm dialoga com a BÃblia, fonte permanente de doutrinaÃÃo e sacralidade do ocidente, mas que tambÃm instiga rupturas, sugere profanaÃÃes e deixa a descoberto a tradiÃÃo centenÃria da famÃlia Rego Castro, representaÃÃo na obra da tradiÃÃo familiar sertaneja. A modernidade à apresentada como fator espontÃneo, ou como consequÃncia, retratada por meio da presenÃa do computador e das lan-houses, da mudanÃa de prÃticas estabelecidas e da substituiÃÃo do barro e do cobre pelo plÃstico e o acrÃlico na manufatura dos utensÃlios domÃsticos. Para um melhor equacionamento dessas discussÃes, revelou-se imprescindÃvel a revisÃo crÃtica de alguns construtos teÃricos, tais como o da identidade e o da memÃria, os quais se configuram como importantes elementos conteudÃsticos e estruturais do romance. No caso do problema identitÃrio, observa-se que este encampa na obra a discussÃo da questÃo Ãtnica, manifestada inclusive pela presenÃa indÃgena e judia como elementos de miscigenaÃÃo no sertÃo nordestino. Em relaÃÃo ao estudo da memÃria, foi de grande importÃncia para as anÃlises deste trabalho o conceito de âmemÃria identitÃriaâ, expressÃo desenvolvida por Janine Ponty e discutida por Joel Candau no livro MemÃria e identidade (2012). A partir da discussÃo da identidade, da memÃria e de outros conceitos, incluindo o de regionalismo literÃrio, foi possÃvel perceber que Ronaldo de Brito, em Galileia, problematiza, e atà denuncia (mas sem levantar bandeira), as situaÃÃes inevitÃveis causadas pela modernidade, o capitalismo que compra a honra, o desarticular da famÃlia tal como se conhece, a infÃncia violada na rua ou no esconderijo do lar, a fome causada nÃo apenas pela seca, mas tambÃm pela mà distribuiÃÃo de renda. Interpretar esse antagonismo de forÃas à o que justifica a realizaÃÃo desta pesquisa.